quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O aumento da SELIC também é um recado ao mercado

Além de servir como instrumento no combate à inflação, a decisão pela subida nos juros teria ainda uma outra motivação, segundo analistas: a de passar um “recado” ao mercado quanto à autonomia do Banco Central e reforçar o “compromisso” do BC no combate à inflação.
Os dois assuntos foram fortemente discutidos durante a campanha eleitoral, com questionamentos sobre qual seria o posicionamento da então candidata, Dilma Rousseff, nos principais assuntos macroeconômicos.
Na opinião do economista Rogério Mori, da Escola de Economia da FGV-SP, a elevação dos juros nesta primeira reunião do BC sob o governo Dilma tem um cunho “simbólico” ao passar uma “importante mensagem aos agentes de mercado”.
“Esse aumento veio para segurar a inflação, mas também como uma importante sinalização aos mercados quanto ao compromisso do novo governo no combate à alta dos preços”, diz.
“Existe aí uma forte conotação de recado, ou seja, de que o governo da presidente Dilma Rousseff não será tolerante com a inflação, como se chegou a cogitar”, acrescenta.
‘Vida nova’
Na avaliação da Rosenberg Consultores, a reunião desta quarta-feira marca “vida nova” na gestão do Banco Central, com uma política mais “consistente”.
“Há sinais suficientes para crer em uma postura mais consistente do que a confusa política dos últimos meses da gestão Meirelles. O Banco Central perdeu, no último semestre de 2010, muito de sua credibilidade adquirida em anos de execução monetária quase impecável”, diz a consultoria, por meio de nota aos clientes.
Diante do agravamento do quadro inflacionário, diversos economistas passaram a questionar a decisão do Banco Central em manter a Selic inalterada nas últimas reuniões.
Um dos argumentos da autoridade monetária para a manutenção estava na avaliação de que o aumento de preços, além de sazonal, estava restrito aos alimentos.
Mas a divulgação do IPCA relativo ao ano de 2010 indicou também forte alta de preços em diversos outros setores da economia, como em habitação e serviços.
Outros economistas, no entanto, defendem que a equipe econômica tomou outras medidas de contenção do consumo no país e que era preciso “aguardar” os resultados antes de iniciar um novo ciclo de alta dos juros.
“Não acho que tenha havido demora. O timing do Banco Central foi certo, considerando que outras medidas, como a de contenção do crédito, haviam sido tomadas”, diz o professor da FGV-SP.
Fonte: BBC Brasil

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