sábado, 28 de abril de 2012

Cachoeira, o hotel em Brasília e a VEJA

Por Luis Nassif
Para ter acesso às imagens do circuito interno do Hotel em que José Dirceu se hospedava em Brasília (e repassá-las à Veja), o bicheiro Carlos Cachoeira valeu-se de suas relações de amizade com a família proprietária do hotel. Funcionou também, pelo que se diz em Brasília, a proximidade entre um genro do proprietário do hotel e o senador Gim Argello (PTB-DF), que precisava negociar imunidade com a revista e evitar a publicação de reportagens embaraçosas.
Assim fica mais claro o seguinte diálogo entre Cachoeira e o araponga Jairo Martins, captado pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
JAIRO: Aí. ele [Policarpo] quer que eu tente convencer o amigo lá, a deixar usar, usar [as imagens do circuito interno do Hotel Naoum] de uma maneira que não complique, né?
CARLlNHOS: É mas ai, pra tentar convencer o amigo, você tcm que falar, ai é o meu caso, entendeu? "Ó, você tem que conversar com ele, porque ele pelo menos é o dono lá, do pessoal de lá".
JAIRO: Ah, fechou, fechou, fechou então.
CARLINHOS: Põe ele pra pedir pra mim, tá.
Quem é o amigo que pode liberar as imagens para a revista? Ao que tudo indica, é Aroldo Azevedo dos Santos, genro de Mounir Naoum, dono do hotel e patriarca da família. Os Naoum são originários de Anápolis, mesma terra de Carlos Cachoeira em Goiás. As famílias são amigas, frequentam as mesmas festas e rodas políticas locais. Ronaldo Mohn Filho, sobrinho de Cachoeira, é casado com Nathalia Naoum, um das herdeiras de Mounir. O que se comenta em Brasília é que Aroldo dos Santos concordou em romper a privacidade dos hóspedes a pedido de Cachoeira e também do senador Gim Argello.
O filho do senador, Gim Argello Junior, é namorado da filha de Aroldo, Mariana Naoum. Na recente caçada ao nepotismo no Senado, Mariana teve de ser demitida de um cargo no gabinete de Gim pai. O senador teria pedido a Aroldo a relação dos visitantes de Dirceu, porque precisava dar "um presente" à Veja. Na ligação entre Cachoeira e Jaior, o araponga diz que entregou a Policarpo uma lista de 25 visitantes "naquele período" (a crise que derrubou Antonio Palocci), "sendo que cinco pessoas assim importantíssimas".
A liberação das imagens, que Policarpo pediu primeiro a Jairo e, depois, ao chefe Cachoeira, não estava prevista no acordo inicial. E foi aí que Cachoeira assumiu o comando da negociação com os donos do hotel. O que se comenta em Brasília é que Aroldo agiu sem conhecimento do patriarca Mounir Naoum, que só foi descobrir a traição do genro no decorrer do inquérito policial sobre a invasão. O Naoum hospeda governadores e chefes de estado de outros países. Sua imagem saiu arranhada do episódio da invasão ao apartamento de José Dirceu pela reportagem da Veja. Abriu-se uma crise na família.

Jornalismo e cumplicidade não são o mesmo





Por Fernando Brito

Não está em pauta, na CPI do Cachoeira, o sigilo de fontes jornalísticas.
Ninguém se interessa em saber qual foi a fonte do senhor Policarpo Júnior, da Veja, para os oito anos de matérias bombásticas, com gravações de diálogos escusos e revelação de supostos negócios ilegais.
Não tem interesse, porque todos já sabem: Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o “empresário de jogos”.
O que se quer saber é outra coisa: como foi o pacto de interesses políticos firmado entre a revista e o contraventor.
Carlos Cachoeira não forneceu uma ou duas informações à Veja. Teve, sim, uma longa convivência que, em termos biológicos, teria o nome de mutualismo: uma interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente.
Cachoeira usava a Veja como instrumento de seu esquema de coação, chantagem, propinagem.
Veja usava Cachoeira como fonte de combustível para a fornalha de seu ódio político contra governos de esquerda, Lula e Dilma.
A maior prova é que as ligações de Cachoeira com Demóstenes Torres e Marcone Perillo, dois aliados de Veja no campo político, nunca foram objeto de apuração por parte da revista.
Ao contrário, o tal “grampo” do diálogo entre Demóstenes e o então presidente do STF, Gilmar Mendes, foi apresentado como resultado de arapongagem governista e fez estragos dentro da Polícia Federal.
Repíto: não se quer saber quem era a fonte de Veja, porque isso já se sabe, mas quais foram as relações entre a revista e a editora Abril no uso de gravações clandestinas, que eram as ferramentas de chantagem de Cachoeira.
Não existe “sigilo de fonte” na decisão interna de um órgão de imprensa em manter uma  longa sistemática relação com um bandido.
Qualquer jornalista sabe a diferença entre receber informações de um bicheiro sobre algum caso e a de, sistematicamente, receber dele material clandestino que incrimine os policiais que lhe criem problemas. Sobretudo, durante anos e sem qualquer menção à luta de submundo que se desenvolvia nestes casos.
No primeiro caso, é jornalismo. É busca da informação e sua apresentação no contexto em que ela se insere.
No segundo, é cumplicidade. É uma associação para delinquir, criminal e jornalisticamente.
No crime, porque viola, de forma deliberada, direitos e garantias constitucionais. No caso Murdoch, o escândalo foi seu jornal ter grampeado telefones por razões políticas. Neste, o de ter utilizado por anos gravações clandestinas fornecidas por um terceiro, umn contraventor.
Sob o ponto de vista jornalístico, a pergunta é: se o “grampeador” de Murdoch tivesse trabalhado de graça, o seu jornal, News of the World,  teria menos culpa?
Cachoeira trabalhou “de graça” para a revista, mas a revista sabia perfeitamente de seus lucrativos interesses em fornecer-lhe “o material”.
Seria o mesmo que o repórter de polícia, durante anos, saber que a fonte das informações que recebia as transmitia por estar interessado em “tomar” outros pontos de bicho e ampliar seu império zoológico.
É irrelevante se o repórter fazia isso por dinheiro ou por prestígio.
Repórter que agia assim, no meu tempo, chamava-se “cachorrinho”. E tinha o desprezo da redação.
Não se ofenda a profissão confundindo as duas coisas e nem se diga que o sr. Policarpo é mero repórter. É alguém, que pelo seu cargo, tem realções diretas com a administração empresarial da revista.
Não tem sentido falar em “preservação de fontes jornalísiticas” quando a fonte e o relacionamento entre ela e um editor – não um simples e inexperiente repórter – já são objeto de registro policial devidamente autorizado pela Justiça.
Sobre o que Veja e Cachoeira conversavam está no processo, não há sigilo a se quebrado aí.
O que se quer saber é como e porque Veja e Cachoeira viveram esta longa relação mútua e que benefícios para uma e outro advieram dela.
Por isso, o senhor Policarpo Júnior deve prestar, como testemunha, declarações à CPI.
Poderá alegar preservação de fontes quando for perguntado se a direção da editora sabia a origem do material que publicava?
Não parece que isso seja sigilo profissional, do contrário Murdoch escaparia ileso.
As gravações hoje pelo jornalista Luis Carlos Azenha,no Viomundo, reveladas a partir dos documentos publicados pelo Brasil 247, são uma pá de cal no tal segredo de justiça que, todos estão vendo, não existe mais.
Dois bandidos assumem que dirigiam as publicações de “escândalos” na Veja.
E isso é um escândalo, que não pode ficar oculto.
Ocultar fatos, sim, é que é um atentado à liberdade de imprensa.

A CPI...

Por Paulo Henrique Amorin




Chegamos à beira do precipício.

Se o Robert(o) for depor o PiG dá o Golpe.

E ainda se diz que isso aqui é uma Democracia !

(Na Argentina, expulsaram o Cesare Civita.)

O Demostenes é gato morto.

O Perillo é gato morto.

Da Delta o PiG (*) fez um gato morto.

Dez Agnellos não valem um José Dirceu.

Quem tem que ir para o banco dos reus são o Robert(o) Civita e os filhos do Roberto Marinho.

Os filhos do Roberto Marinho se reduziram a um “qualificado mensageiro”.

Imagine, amigo navegante, se o Dr Roberto teria um “mensageiro qualificado”.

Se estivesse ameaçado de subir ao banco dos reus, o Dr Roberto já tinha invadido pessoalmente o Palácio do Planalto há muito tempo.

E por que os quatro, juntos, de mãos dadas, o Robert(o) Civita e os tres filhos do Roberto Marinho precisam subir à forca ?

Porque eles são a corda e a caçamba.

O jn não tem produção própria.

A Veja não tem repercussão nacional.

O crime organizado se organiza na Veja e se expande no jornal nacional, na liturgia trevosa de seu Cardeal Ratzinger, o Ali Kamel.

O jn transforma em Chanel # 5 o detrito solido de maré baixa da Veja.

Foi assim na cena da corrupção dos Correios – com que a TV Record melou o mensalão - e no grampo sem audio (que o Luiz Fernando Correa não achou até hoje).

O mensalão – que está por provar-se – e a prisao do Daniel Dantas – “chamar o Presidente às falas”- foram os momentos mais próximos da desmoralização do Governo Lula.

Esta não é a CPI do Demóstenes – que já morreu.

Esta é a CPI da Veja.

Esta é a CPI do PiG (*), do Golpe que a midia nativa põe em marcha, sempre.

Se não for a CPI da Veja (e da Globo), não será.

Arrastará o PT e seus aliados ao deboche.

O PT tem medo da Globo.

O Brizola não tinha.

E contra o Dr Roberto se elegeu duas vezes governador do Rio.

E chamava o PT de UDN de tamancas.

"Modus Operandi" da VEJA

A revista VEJA na Cachoeira até o pescoço...








Policárpio  é editor chefe da revista.





Repórter da Veja que tentou invadir quarto de José Dirceu será indiciado



O repórter Gustavo Ribeiro, da sucursal em Brasília da revista Veja, será indiciado por tentativa de invasão de domicílio, durante apuração da matéria "José Dirceu ainda manda em Brasília", publicada no dia 27 de agosto. Segundo constatou a investigação da Polícia Civil de Brasília (DF), o jornalista de fato tentou entrar no quarto do hotel Naoum Plaza, no qual o ex-ministro estava hospedado, sem autorização. A pena pelo crime, em caso de condenação, varia entre um e três meses de prisão.


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Os interesses vão muito além da noticia...











terça-feira, 24 de abril de 2012

Serra tenta imagem de ‘novidade’ eleitoral



Por Luis Nassif
Em Poços de Caldas, na minha adolescência, tinha o salão de beleza do Darcy Cabeleireiro.
Certo dia entrou lá uma senhora, mulher do fiscal de renda, que tinha sido candidata a deputada estadual. Era extraordinariamente feia. Entroiu lampeira e solicitou ao seu Darcy:
- Me transforme em uma Marta Rocha.
E ele, na bucha:
- Minha senhora, isto aqui é um salão de beleza, não uma tenda de milagres.
70 anos, fim de carreira, sem ter conseguido ter uma ideia inovadora sequer nos cargos executivos que exerceu, Serra pretende ganhar a imagem de prefeito inovador.
O marqueteiro Luiz Gonzales deveria se espelhar no seu Darcy:
- Serra, isto aqui é uma empresa de marketing, não uma tenda de milagres.

No divã da Cantanhêde


Por Fernando Brito
Agora que não é mais especialista em aviação de caça, com a saída de Nélson Jobim do Ministério da Defesa, a colunista Eliane Cantanhêde, da Folha, dedida-se a um assunto mais estratosférico: a interpretação telepática da mente humana.
Sua coluna de hoje  – leia aqui a transcrição feita pelo Paulo Henrique Amorim – traça um diagnóstico psicológico de “alta precisão” sobre o ex-presidente Lula.
“Dilma tem que administrar um dado político fundamental -o ego do padrinho.”
“Quanto mais Dilma acerta e cresce, mais ele alimenta a paranoia de que tentam “desconstruir a sua imagem”.
“Lula está absolutamente convencido de que foi o melhor presidente da história da humanidade, mas os adversários (entre os quais inclui a imprensa) não reconhecem.”
“Ele não suporta ver a sua criatura se tornando mais admirada do que o criador. Sente-se injustiçado, senão perseguido, e reage com mágoa e rancor.”
Impressionante. Isso é que é objetividade jornalística. Não é preciso um fato, uma declaração sequer, nada. Nem mesmo uma horinha de divã foi necessária para D. Cantanhêde traçar um perfil assim profundo da personalidade ególatra e rancorosa de Luiz Inácio Lula da Silva.
Sigmund Freud não faria melhor. Não sei como Cantanhêde não falou algo sobre D. Lindu, a mãe de Lula, para tornar mais precisa sua patética incursão pela psicanálise.
A colunista da “massa cheirosa” não pode ver em um operário – nem num ex-operário que chegou à Presidência – nada senão mesquinhez e baixeza.
Passa batido pelo fato de que Dilma foi candidata e elegeu-se pela força de Lula – e ninguém mais que a presidenta sabe e valoriza isso. E, muito menos, não percebe o óbvio: que Lula é o maior interessado em que Dilma continue acertando, porque – se resolver ser candidato -  terá a seu favor uma presidenta extremamente bem avaliada pela população, como ela o teve em Lula em 2010.
Mas Cantanhêde vive num mundo povoado por Serras, Jobins  e FHCs, onde a vaidade e a egolatria são os combustíveis de mentes sem compromissos com a “massa mal-cheirosa”.
E acaba julgando a todos pelos mesmos critérios e pelos critérios que lhe ditam seus próprios sentimentos e conceitos.
É realmente um caso de psicanálise, não de jornalismo político.