quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A miséria e o paraíso


Por Fernando Brito
A Presidenta Dilma tem toda a razão em afirmar, como fez hoje, que “a  verdadeira faxina que este país tem de fazer é a faxina contra a miséria”.  E  também em afirmar que “nossa maior riqueza não é o petróleo, não é o minério, não é a nossa sofisticada agricultura,  nossa maior riqueza são os 190 milhões de brasileiros”.
Mas a Presidenta não é, certamente, ingênua de achar que  o Brasil inteiro se unirá num “grande abraço republicano, olhando para os brasileiros que mais precisam”.
A miséria no Brasil não é uma desgraça cultural, climática, filosófica ou sociológica. É fruto de um modelo econômico que foi imposto e é sustentado por forças políticas que não têm o menor pudor em concordar, em tese, com aquelas afirmações, nem de publicar estas profissões de fé nas páginas de papel couché de seus “balanços sociais”.
Nossa miséria não é de “geração espontânea”. Dos senhores de engenho aos investidores modernos, ela é fruto da apropriação da riqueza natural e do trabalho das coletividades humanas, ao quais encaram como  “custo”, não como elemento dinâmico do crescimento da economia.
A nossa riqueza não é o petróleo, não é o minério, não é a nossa sofisticada agricultura, são os brasileiros. Mas são aqueles, e não estes, que lhes importam de verdade.
É dever republicano de um chefe de Estado convocar todos, sem distinção, para o combate à miséria. Mas é também seu dever saber, como sabe Dilma, que o crescimento econômico com inclusão social só não tem inimigos “em tese”. Porque, na prática, os beneficiários do modelo excludente e gerador de miséria vão se aferrar com seus dentes e garras ferozes aos privilégios que, para eles,  transformam o Brasil num paraíso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A quem serve a "faxina" da Dilma

Por Altamiro Borges

A corrupção é uma praga que prejudica principalmente o trabalhador – que paga impostos e que mais necessita que este dinheiro seja revertido em escolas, hospitais, transporte, etc. Qualquer desvio dos recursos públicos deve ser apurado com rigor e os corruptos e corruptores devem ser punidos. Não dá para tergiversar diante da corrupção. Nenhum fim justifica esse meio ilícito. Ponto!

Feita esta declaração de princípio, é preciso ficar atento diante da cobertura da mídia sobre este tema. A fase do romantismo na imprensa já passou. Hoje, meia dúzia de famílias controla a mídia no Brasil e utiliza esse poder para defender os seus interesses. As investigações jornalísticas sérias, isentas, devem ser valorizadas. Já as manobras sorrateiras dos barões da mídia precisam ser desmascaradas. 

A “escandalização da política”

Só os ingênuos acreditam na imparcialidade das famiglias Marinho, Civita, Frias e outras que controlam a imprensa. Elas sempre usaram a “escandalização da política” com objetivos escusos. Contra as leis trabalhistas e o nacionalismo de Getúlio Vargas, elas inventaram o “mar de lama”. O mesmo moralismo serviu para envolver a classe média na preparação do golpe militar de 1964. 

Contra o presidente-operário Lula, a mídia golpista escancarou todo o seu ódio de classe. Editoriais pregaram o seu impeachment. Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva do Grupo Folha, justificou a partidarização alegando que a oposição estava muito fraca. O golpismo só não vingou porque Lula foi às ruas e a mídia ficou com medo do confronto.

Fim traumático do “namorico”

Agora, a mídia demotucana volta à carga. Após um breve “namorico” com a presidenta Dilma, que visou enquadrá-la para impor as teses neoliberais derrotadas nas urnas, ela partiu com brutal ferocidade contra o governo. Desde o estouro do escândalo do súbito enriquecimento de Antonio Palocci, em 15 de maio, o noticiário é só desgraceira. Parece que o Brasil afunda na corrupção.

Nestes três meses de denuncismo, três ministros já caíram por distintas razões (Palocci, da Casa Civil; Nelson Jobim, da Defesa, e Alfredo Nascimento, dos Transportes) e outros dois estão na berlinda (Wagner Rossi, da Agricultura, e Pedro Novais, do Turismo) – um recorde em tão curta gestão. A badalada “faxina” da presidenta já varreu vários membros do alto escalão do seu ministério.

Os três objetivos da mídia

Dilma Rousseff não pode vacilar diante da corrupção e ela tem sido dura no trato do tema – bem diferente de FHC. Se houvesse “faxina” quando da denúncia da compra de votos para a sua reeleição ou das falcatruas na venda das estatais, não teria sobrado ninguém no seu governo. Na época, a mídia não fez tanto alarde, até porque defendia a continuidade de FHC e as privatizações.

O falso moralismo udenista, tão seletivo e matreiro, sempre serviu a objetivos escusos. Na prática, a mídia demotucana retomou a onda denuncista com três objetivos básicos: o primeiro é desgastar a imagem da presidenta – o que já respinga nas pesquisas; o segundo é colocar o governo na defensiva, pautando a sua agenda; e o terceiro é implodir a sua base de apoio no parlamento.

O governo sob fortes riscos

Este terceiro intento é o mais forte no momento – e também o mais perigoso. Folha, Estadão e O Globo publicam editoriais quase diários aconselhando Dilma a acelerar a “faxina” (termo com viés machista), varrendo os partidos da sua base de apoio. Depois do rompimento do PR, a mídia estimula agora o confronto com o PMDB, a segunda maior força de sustentação do atual governo. 

Os barões da mídia são raposas velhas. Eles sabem que se houver uma conflagração na base aliada, Dilma Rousseff terá enormes dificuldades para governar. Poderá até sucumbir antes do fim do seu mandato. No atual sistema político brasileiro, não há como prescindir do apoio parlamentar. A armadilha da “faxina”, que seduz os mais ingênuos, visa implodir o atual governo.

Desafios urgentes

Alguns dos partidos “tratados como lixo” pela mídia também fazem parte da base de sustentação de governos estaduais tucanos. Neste caso, eles não são incomodados. Não há denúncias de corrupção contra os governos da direita. Até os demos viraram santos. Inúmeros pedidos de CPIs morrem nos corredores das Assembléias Legislativas hegemonizadas pelo PSDB e a mídia não faz qualquer alarde( São Paulo é um bom exemplo).

A equação é difícil. A presidenta Dilma não pode vacilar diante da corrupção, mas também não pode ser pautada pela mídia que deseja implodir a sua base de sustentação. Um critério básico é respeitar a Constituição, que garante a “presunção da inocência” – a mídia, de forma leviana e criminosa, pratica a “presunção da culpa”. Apurar com rigor, mas com justiça, e retomar a ofensiva política, saindo da armadilha do “faxina” – eis os grandes desafios políticos do governo. Não é fácil, mas é urgente!



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A grande imprensa vem rasgando elogios a presidenta e sua “faxina”.
Golpe de mestre, mas previsível…..puro veneno.
Pauta sua agenda, acalenta sua integridade, e implode a base do governo.
Até chegar ao ponto em que a presidenta não conseguirá mais governar…
A partir daí é fácil prever o desfecho dessa história……

Petrobras lucra R$ 21,92 bilhões no semestre, alta de 37%.


Post copiado do Blog do PIMON

Parto de Cócoras (62)(18h49) há 8 minutos
facebooktwitter23ResponderDenuncieClaro que o lucro subiu… olha o preço da gasolina!!!!Mesmo com pré-sal, com autosuficiência, etc… ainda temos uma das gasolinas mais caras do mundo.E o Gabrielli já disse que vai subir mais ainda…”Circo Brasil, aqui o Palhaço é você”
Gustavo Ismael de Oliveira Curi Hallal (4)(18h48) há 10 minutos
facebooktwitter12ResponderDenuncieQuem paga por todo esse lucro?? Todos nós, seja diretamente quando usamos carro, taxi, ônibus e moto e indiretamente quando compramos qualquer produto transportado por caminhões.Quem lucra essa fortuna? Poucos acionistas!Por que pagar uma gasolina tão cara, com impostos altíssimos se o Brasil se orgulha tanto de ser auto-suficiente em petróleo???
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Lucro da Vale é o maior da história…. do país no 1º semestre.
trigue
publicado há 3 semanas
Equanto esteve na mão do governo só dava prejuizo, depois da maracutaiavira uma verdadeira mina de ouro. Acorda Brasil !!!!!!!
eme efe
publicado há 3 semanas
Agora só falta o ignássio pedir a cabeça do novo diretor…
com o agnelli a vale sempre faturou…sem ele…está faturando mais ainda…ela que não vá nos delírios do canabrava do ABC…ou seria DeLullis Tremens…
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FATOS:
1º – O preço da gasolina nacional é inferior ao preço praticado no mundo desenvolvido. Você não sabe ou não quer saber???
2º Os impostos cobrados na gasolina ou álcool são, em 85%, estaduais.
3º- O preço da gasolina não sobe há 09 anos no Brasil, preço- refinaria.
Fora dela, é livre…. entram impostos, álcool, revenda, etc.. JÁ NÃO É MAIS COM A PETROBRÁS
4º – O cara diz quem leva este lucro…. O Brasil, maior acionista da Petrobrás, hoje!
5º – Se a Petrobrás fosse da Exxon, ela deixaria de ter lucro e venderia a gasolina por preço inferior ao que a própria EXXON vende nos EUA?   A Petrobrás vende!!!  O lucro é essencial aos acionistas (todos), e a competitividade da empresa, vis-a-vis suas concorrentes?
6º – O fato da Petrobrás ser estatal e brasileira… a faz menor e pior?
7º – O preço do minério de ferro vendido pela Vale não subiu 150% em dois anos?
Não encareceu o custo do ferro e do aço para o brasileiro?
Não fez despencar o lucro das siderúgicas nacionais?
Se ela é privada, o lucro dela é  mais justo?
Mesmo que o ferro dela seja nosso?
8º – Quem disse ao povo que a Vale dava prejuízo quando estatal?
Quem sabe que a Vale foi vendida grávida, com 5 bilhões de dólares em caixa, o suficiente para pagar sua “privatização”, também financiada pelo BNDS>>???????
O estrangeiro é melhor que nós?
Há algo muito errado com o brasileiro e sua percepção dos fatos!
Uma mídia monopolista faz muito mal ao Brasil… que nunca será um Brasil de verdade enquanto seu povo não for informado, ao invés de ser DEFORMADO, COMO ACONTECE HOJE!
Um povo que se odeia… há pesquisas… por culpa única e exclusiva de duas Instituições, a Imprensa e o Judiciário!
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O povo brasileiro, há décadas, é subserviente a Globo.
O discurso é decorado e automático. Não enxerga um palmo à sua frente.
Se recusa a enxergar.
Cultura formada pela imprensa monopolista.
Graças a liberdade e o livre arbítrio que a internet proporciona isso, aos poucos, esta mudando. Mas muito “aos poucos” mesmo.
Há um longo caminho a percorrer….

terça-feira, 16 de agosto de 2011

16 anos dos mesmo......o povo de São Paulo merece


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),  através do decreto  nº 57.108, publicado em 6 de julho de 2011, regulamenta a lei de 2010, do ex-governador Alberto Goldman (PSDB) e aprovada pela Assembleia Legislativa, que permite vender até 25% dos leitos do SUS. Nesta regulamentação, fica claro que se transfere para as Organizações Sociais de Saúde (OSs) a prerrogativa de fazer contratos com planos de saúde e pacientes particulares.  Dessa forma, o Estado não receberá estes recursos — em torno de R$ 450 milhões –, tornando extremamente difícil o controle público sobre eles.
O artigo 3º do decreto não deixa dúvidas sobre isso:
“Artigo 3º – A Secretaria da Saúde não celebrará contrato ou qualquer ajuste de natureza obrigacional com os pacientes particulares e os planos de saúde privados de que trata o artigo 2º deste decreto, cumprindo exclusivamente às respectivas organizações sociais de saúde a adoção das providências necessárias à percepção do pagamento devido pelo tratamento”.
O absurdo é pensar que vários hospitais poderão adotar este modelo, que servirá para tentar reduzir o rombo de R$ 147 milhões em 18 hospitais públicos paulistas, tal como foi denunciado pelo site Viomundo. Ou seja, para reduzir rombo nas Organizações Sociais de Saúde se ampliará à exclusão dos mais pobres, indo contra a Constituição Federal, e com isso se destrói o próprio SUS. Reproduzimos abaixo matéria doViomundo sobre o projeto de Lei que permite a ampliação da privatização na saúde e que, agora, foi regulamentada por Geraldo Alckmin.
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Trecho da entrevista de Arthur Chioro, presidente do Cosems-SP (Conselho de secretários municipais do estado de São Paulo) que representa 654 municípios do estado, para o Blog Viomundo do jornalista Luiz Carlos Azenha:

Viomundo – Essa maior demora não pode retardar o tratamento e influir no prognóstico?
Arthur Chioro – Pode, pois de saída o paciente SUS demora mais para ter o diagnóstico fechado. Mas não é o único obstáculo no seu caminho. Depois, feito o diagnóstico, demora para conseguir vaga num hospital de alta complexidade, pois é o grande gargalo da rede pública de saúde.
E agora, com a nova lei, a situação tende a piorar. Como os serviços já são insuficientes para atender à demanda dos usuários do SUS, com a venda de até 25% dos leitos e serviços dos hospitais de alta complexidade, haverá menos vagas. O que significa mais tempo de espera para o paciente SUS iniciar o tratamento.
No caso de câncer, dependendo da agressividade do tumor, essa postergação poderá exigir tratamento mais agressivo, cirurgia mais mutilante e aumentar a mortalidade. Isso não é justo! Não é à toa que os protocolos internacionais preconizam que entre a suspeita de um diagnóstico de câncer e o início do tratamento devem transcorrer 45 dias, no máximo. Em alguns tipos de tumores, um tempo ainda menor.
Viomundo – Mas os defensores da lei 1.131/2010 alegam que os pacientes SUS não serão prejudicados.
Arthur Chioro – Balela. Vamos supor que um hospital público tenha 200 leitos  destinados ao SUS, o que corresponde a 100% de sua capacidade operacional.  Com a nova lei, até 50 vagas poderão ser comercializadas com a iniciativa privada.
O que vai acontecer? Em vez de 200 vagas para o SUS, serão 150. Se as 200 já eram insuficientes, o que dirá 150, concorda?
Ou seja, a lei 1.131/2010 vai diminuir o acesso do paciente SUS a um serviço de alta complexidade e de excelente qualidade quando ele precisar. E o que já é demorado vai demorar mais ainda.
Viomundo – Aposto que a essa altura usuários de planos devem estar querendo fazer a seguinte pergunta ao senhor: considerando que o SUS é um sistema universal, ao qual todo brasileiro pode ter acesso, por que eles não poderiam ser também atendidos nesses hospitais públicos de excelência e alta complexidade?
Arthur Chioro – Eu não vejo problema no atendimento, desde que entrem na mesma fila dos pacientes do SUS, que haja igualdade de oportunidades. Não é o que acontece e nem o que os usuários dos planos querem. Como estão pagando, querem ter o privilégio de serem atendidos primeiro. Aí, há uma fila para os pacientes do SUS e outra para a dos convênios e particulares. Estes, como eu já disse, vão ser atendidos logo. Para os do SUS a espera será bem mais longa.
Viomundo – E agora que lei foi regulamentada e já está em prática?
Arthur Chioro – No dia a dia, como secretário da Saúde de São Bernardo do Campo e presidente do Cosems-SP, tenho tido um excelente diálogo com a Secretaria Estadual de Saúde, pactuando várias políticas de interesse para o SUS e para os municípios paulistas, estabelecendo parcerias com o governo do Estado, assim como já temos com o Ministério da Saúde. Mas nessa questão da lei 1.131/2010 não há acordo.
Ela é uma afronta às constituições estadual e federal, ao SUS. O caminho possível agora é tentar derrubá-la na Justiça. A sociedade paulista vai ter também de se envolver nessa discussão, pois vai interferir diretamente na assistência à saúde dela. Para nós, é impossível aceitar essa política anti-SUS, que é uma conquista de todos os brasileiros.
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