sábado, 7 de maio de 2011

Silêncio, seis anos após um grito






Post extraido do Tijolaço


Neste momento em que se discute o direito de assassinar, é preciso trazer aqui a história publicada hoje peloThe New York Times sobre esta foto do Iraque ocupado para que, além de pensarmos, possamos sentir um pouco o que é a brutalidade da guerra. Uma foto que, aliás, não precisaria de mais nada para ser um punhal em todos os corações humanos.


 “Até a semana passada, Samar Hassan nunca tinha visto a fotografia que milhões  tinham visto, e nunca soube que ela se tornou uma das imagens mais famosas da guerra do Iraque.
“Meu irmão estava doente, e fomos levá-lo ao hospital e no caminho de volta, isso aconteceu”, disse Samar. “Nós ouvimos tiros.
“Minha mãe e meu pai foram mortos, apenas isso”.
A imagem de Samar, então com 5 anos, gritando e salpicada de sangue depois de soldados americanos abrirem  fogo contra o carro de sua família no norte da cidade de Tal Afar, em janeiro de 2005, iluminou o horror das vítimas civis e é tida uma das poucas imagens do conflito  que podem ascender à galeria da fotografia de guerra clássica. A foto voltou a chamar a atenção renovada por ser parte do fotógrafo  Chris Hondros, morto recentemente nas linhas de frente em Misuata, na Líbia.”
Esta jovem da foto ao lado é Samar, no momento em que vê, pela primeira vez, sua foto banha de sangue chorando o assassinato dos seus pais.

Disparidade no preço do etanol, enfim, sai no jornal

Do Blog Tijolaço
Demorou, demorou, saiu escondidinho, mas saiu no jornal que o preço do etanol (hidratado e anidro) baixou fortemente nas usinas e não baixou nada – ou quase nada – para o consumidor.
A Folha registra aí do lado que a baixa do etanol hidratado, em uma semana, foi de  20%, mas a queda de preços nas bombas de combustível foi desprezível. Dez vezes menor, 2,1%.
Idem com o etanol anidro, que é misturado com a gasolina. A gasolina pura continua sendo vendida pela Petrobras ao mesmo preço : R$1,05. O  etanol anidro, que entra na mistura à razão de 25%, baixou de 2,73 – preço de 20 de abril – para R$ 1,88. Portanto, 31% mais barato – 21% só na última semana. E o preço no posto subiu mais 0,85%!
Vejam que coisa: um composto de duas substâncias, onde uma não aumenta e  outra baixa muito de preço passa a custar mais caro!
É o mercado, que maravilha o mercado!
Mas não é só o mercado que é estranho, não. A Folha, que considera digna de uma manchete garrafal a alta da inflação, quase “comemorando” que esta tenha batido no teto das previsões, não acha importante destacar para seus leitores o comportamento absurdo dos  preços daquilo que está, basicamente, causando o aumento de preços: o combustível.
A matéria sobre o etanol saiu você sabe onde? Na coluna de Mauro Zaphalon, “Vai e vem das Commodities”, umaseção especializada em negociação de produtos primários, no caderno de economia.
Bom, vamos esperar que os pauteiros de jornal agora finalmente vejam o que a gente vem mostrando aqui há uma semana e mandem um repórter fazer o que a ANP deveria estar fazendo: saber e mostrar quem está comprando, a quanto, e a quanto está vendendo.
Ou seja, quem está sangrando o bolso da população.

Humor

Ultimas do esporte:



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Os impostos que pagamos...

Do Blog do PIMON
Veja como funcionam os repasses da União
Transferências Constitucionais
Dentre as principais transferências da União para os estados, o DF e os municípios, previstas na Constituição, destacam-se: o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE); o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); o Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados (FPEX); o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
Transferências Legais
Incluem-se entre as transferências legais as automáticas (na área de educação, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa Dinheiro Direto na Escola) e as transferências fundo a fundo referentes ao repasse do Sistema único de Saúde (SUS) e na área de assistência social, como Cota-parte do Salário-Educação, Compensações Financeiras e Despesas com Pessoal.Assim como as transferências constitucionais, os repasses legais são obrigatórios.
Transferências voluntárias
São os recursos financeiros repassados pela União aos estados, Distrito Federal e municípios em decorrência da celebração de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares. Constam como contribuições voluntárias, ou seja, não obrigatórias, os programas sociais como Bolsa Família, recursos destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aqueles repassados de forma emergencial em virtude de tragédias e situações de iminente perigo à população.
O imposto de renda.. o IPI:
A Constituição Federal de 1988, de acordo com o artigo 159, I, alínea "a", determina que 21,5% da receita arrecadada com IR (Imposto Sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza) e IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) sejam repassados pela União aos Estados e Distrito Federal.
Esse repasse é feito por meio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal – FPE.
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E os impostos estaduais e municipais….??  Sabe quanto pagamos e para onde vai nosso dinheiro?
Você sabe que o ICMS (governadores) arrecada mais que TODO Imposto de Renda junto, tanto de pessoa física quanto jurídica?
Grande parte da arrecadação federal serve aos juros da dívida interna, hoje em 39% do PIB?

DESPESAS COM JUROS ATINGEM 5,6% DO PIB E VÃO A R$ 230 BI……….

O que sobra?
Para onde vai o nosso dinheiro, afinal?
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Por tanto amigos, escolha muito bem seus GOVERNADORES e PREFEITOS.
São eles que tomam decisões que afetam, mais, diretamente nossas vidas.
São eles que administram nosso dinheiro pago em impostos.
São eles os responsáveis pela omissão e descaso na saúde, educação, transporte e segurança. Serviços básicos que se funcionassem, no mínimo dignamente, já seria um retorno pelo absurdo de impostos que pagamos.

Enquanto isso...

VELHO

O mercado continua dando as cartas.

Passado o pânico do colapso mundial gerado pelas finanças desreguladas, os mercados voltam a dar as cartas ocupando o vazio político propiciado pelo acanhamento estratégico da esquerda diante da desordem rentista. A palavra de ordem é arrochar os gastos do Estado  para digerir a reciclagem dos débitos privados em endividamento público, modelo que consagrou a convalescência da crise sem atacar as suas causas. O resultado é a emergência de uma nova safra de Estados zumbi, tangidos pelo FMI e indiferentes ao protesto de quem vai pagar a conta em última instância: milhões de desempregados.
Fatos: enquanto Hillary Cliton tem frêmitos diante da cabeça de Bin Laden, desemprego nos EUA atinge 14 milhões de pessoas, segundo Paul Krugman, e vai a 9% fa força de trabalho;
b) Portugal cortará investimentos em saúde e educação; estatais serão privatizadas, salários e aposentadorias serão congelados: taxa de desemprego deve atingir 13% em 2013;
c) Espanha: desemprego bate recorde e atinge 21,3%, o maior entre os países industrializados; governo se antecipa às exigências dos mercados , corta gastos e investimentos; em algumas regiões, caso da Andaluzia, taxa de desemprego passa de 29%;
d) Grécia: arrocho imposto pelos mercados piora a situação das contas públicas; déficit fiscal salta para 10,5% do PIB (meta era 8%)  com a queda de receitas gerada pela recessão, o desemprego e corte de investimentos públicos;
d) Irlanda, um caso terminal, debate-se na mesma endogamia viciosa de arrocho fiscal/recessão para debelar um déficit impossível: 32% do PIB em 2010.

A execução de Bin Laden

Por Leonardo Boff

Alguém precisa ser  inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de novembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Iraque, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade nas qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.
Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman de Melbourne Beach da Flórida que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente:”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.  
Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.
Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano “As veias abertas da A.Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos “Blowback”(retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a  atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.
Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.
Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barak Obama, como se fosse um “deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de “não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque,com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barak Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se sequestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.
Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável.”Minha é a vingança” diz o Deus das escrituras das três  religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.

Inflação é culpa do etanol.

Por Brizola Neto
Os sites da grande imprensa, praticamente “comemoram” o índice de inflação oficial – o IPCA – divulgado pelo IBGE. Com uma variação de 0,77% em abril sobre os preços de março deste ano, para a vibração da grande mídia, a taxa acumulada em 12 meses passou para 6,51% –  0,01% acima da meta fixada pelo governo.
Claro que as pressões inflacionarias existem e devem ser enfrentadas com seriedade e firmeza. Mas, também, com serenidade e foco naquilo que, de fato, provoca elevação dos textos.
A gente não se cansa em repetir aqui:
Não há inflação de demanda, isto é, não é o poder de compra da população que leva ao consumo exagerado, e, com isso à elevação de preços.
Quer saber o que provocou a inflação? Não precisa ser gênio da economia e nem “iluminado”. É só olhar os próprios dados do IBGE que se conclui que o fator que elevou a inflação é – reparem só –  o aumento do  preço dos combustíveis. Mais precisamente o aumento do preço do etanol, porque a gasolina continua sendo vendida pela Petrobras nas refinarias aos mesmos R$1,05  de dois anos atrás.
E o que mostra o IBGE?
A inflação do mês de abril foi de 0,77% – praticamente a mesma de março quando registrou 0,79%. Deste percentual, 0,3% deveu-se ao aumento de preço no grupo Transporte, obviamente, mais impactável pela alta dos combustíveis. Se o preço do combustível estivesse estável (ou até em queda, como seria normal nesse período de início de safra da cana de açúcar a inflação teria sido de 0,47%, portanto).
Como a inflação de abril de 2010 (quando o preço dos transportes não subiu) foi de 0,57%.
Logo, a inflação de 2011, sem a pressão dos combustíveis, teria sido menor que a de 2010.
Só isso já deixa evidente que não há “alta generalizada de preços”. Tivemos, como ocorre todo início de ano, altas nos setores de alimentos e bebidas, além de aumentos provocados pela elevação das tarifas de ônibus. Estes, porém, já pararam de subir significativamente. O nome da inflação brasileira, agora, é etanol.
É por isso que o Tijolaço tem mostrado aquiaqui e aqui, que é intolerável a passividade da Agência Nacional do Petróleo diante da manipulação de estoques e preços  que está acontecendo por parte das usinas, distribuidoras e até dos postos de gasolina. Mostramos com dados públicos e oficiais que o preço do álcool no atacado caiu 30% em treze dias, embora não tenha havido se não microscópicas baixas nas bombas de combustível. E se o álcool hidratado não baixa, também não baixa o preço do álcool anidro que é misturado – e encarece – à gasolina.
Ninguém esta pedindo que a ANP dê uma fiscal de “Sarney” e saia por aí fechando postos de gasolina. Mas é inadmissível que a ANP não esteja utilizando dos poderes que lhe foram conferidos pela Presidente Dilma Rousseff. Ela não pode ficar omissa diante da ausência de repasse da baixa de preço do álcool ao consumidor.
Está certo o ministro Guido Mantega em dizer que a inflação vai baixar em maio. Vai sim. E poderia baixar muito mais depressa se as determinações de Dilma Roussef fossem seguidas.
A medida provisória assinada por Dilma, que confere a ANP o papel de fiscalizadora do setor inclui o etanol no Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis, criado por lei em 1991, na qual se proíbe a manipulação de estoques e se prevê em penas para quem o praticar.
É o interesse público que está em jogo. O cidadão tem direito de saber por quanto é comprado o combustível que lhe é vendido a preços caríssimos. E não venham com a história de que são os “impostos”.Os impostos altos ou não, também continuam os mesmos. Não mudaram.
E se a ANP não agir, então, só restará uma dúvida: Se ela é inútil ou se é cúmplice…

Etanol ja baixou 30% nas usinas. Porque não baixa nos postos? Cadê a ANP?

Do Blog Tijolaço
Como a gente vem fazendo todo dia – e quase ninguém, sobretudo a ANP e a mídia – o Tijolaço segue publicando, todo dia, o preço do etanol vendido às distribuidoras pelas usinas de cana. E perguntando por que a redução de preços não chega às bombas de combustível, aliviando a pressão sobre a demanda de gasolina.
Vamos manter a mesma referência dos outros posts, o dia 22 de abril. Há 13 dias, o preço do metro cúbico de etanol – mil litros – era de R$ 1.490.
Hoje bateu R$ 1.056; Ou seja, uma queda de 30,1%, para algo como R$ 1,056 por litro. Os dados são da USP e colhidos em Paulínia, São Paulo.
Some aí 50% de impostos, frete e margem de revenda, vamos ter o preço de R$ 1,60 por litro. Pois ali na cidade de Paulínia, do lado, os preços variam entre R$ 1,90 e R$ 2,30. Ou seja, entre  20 e 45% mais altos do que deveriam estar. E olha – você sabe, olhando os preços daí de perto de você – que lá está “barato”.
Cadê a ANP para controlar isso, se a Presidenta Dilma já lhe deu estes poderes? Se não quer controlar, porque é “independente” (de quem? do Governo), porque ao menos não divulga com clareza o preço de compra e de venda das distribuidoras, dos atacadistas e dos varejistas? Se eles têm o direito de cobrar o quanto quiserem, a gente tem o direito de saber quanto estão lucrando!
Ontem um comentarista me provocou sobre a margem dos postos. Não atribuo a eles a crise, é óbvio. Mas que tem posto “se dando bem”, com margem de lucro acima de 20%, tem e é fácil provar.  Tenho os números, embora seja verdade que as distribuidoras estão jogando com estoques.
Aqui a gente não faz afirmação leviana. Vou dar um exemplo real, sem nada de pessoal, pois vou usar dois postos de lá mesmo, Paulínia. O Auto Posto Fantinato Ltda, na Avenida José Paulino, 1640 vendia, no dia 25 de abril, etanol  a comprado a R$ 1,983 por R$ 2,099. Já o Servicar Paulinia Auto Posto Ltda, na Avenida Presidente Getulio Vargas, 910,  vendia dez centavos mais car0 (R$ 2,199) o etanol comprado quase 11 centavos mais barato ( a R$ 1,875).
E a nossa imprensa, aquela que investiga tudo, quando quer, onde anda? Será que não tem um reporterzinho para contar esta história, embora tenha seus colunistas para jogar a culpa na Petrobras?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bin Laden está morto? E o corpo?

Por Paulo henrique Amorim


Este ansioso blogueiro está impressionado com a reação de amigos navegantes à ação americana que matou Osama Bin Laden.

Primeiro, de ceticismo: não, Bin Laden não morreu.

Cadê o corpo ?

Como se o Obama ousasse desafiar os americanos, o  mundo e o Partido Republicano com o anúncio de uma patranha. 

Ou de indignação: foi um ato imperial.

Até o reparador de iniquidades, Stanley Burburinho, regiamente pago colaborador deste ansioso blog, pareceu cético e revoltado.

No universo do twitter, então, a descrença é generalizada.

Percebe-se até a velada esperança de que os adeptos de Bin Laden derramem sangue pelo mundo, num ato de vingança e reparação.

Neste sentido, a Folha (*), hoje, na primeira página, é exemplar: “Morte de Bin Laden desencadeia (sic !) medo de onda global (sic !) de atentados”.

Bom Retiro, Higienópolis, cuidado !

A Folha anuncia o banho de sangue reparador como se tivesse inside information do compound de Abbottabad.

Nenhum órgão de imprensa no mundo pretendeu disseminar tanto pânico quanto a primeira página tresloucada – e provinciana – da Folha.

Vamos supor, amigo navegante, que num dia de semana, numa manhã de sol, na esquina de rua Augusta com a avenida Paulista, no gigantesco prédio do Conjunto Nacional, 3 mil brasileiros se preparassem para começar o dia de trabalho.

Vamos supor que dois aviões pilotados por agentes de Bin Laden se lançassem contra o prédio e matassem os três mil brasileiros – e alguns não-brasileiros que ali estavam.

Vamos supor que um terceiro avião pilotado por Bin Laden caísse em cima do Palácio do Planalto, em Brasília, na mesma hora, e matasse alguns funcionários.

E que um quarto avião caísse nos jardins do Palácio do Alvorada, porque heróis brasileiros se engalfinharam com os terroristas a bordo, e frustrassem o objetivo de destruir o Palácio e quem o ocupasse no momento.

Vamos supor, amigo navegante, que a ABIN, sob a liderança do ínclito delegado Paulo Lacerda, descobrisse que Bin Laden estava numa casa perto de Islamabad, capital do Paquistão.

Que a diplomacia brasileira há muito tempo desconfiasse que o Governo do Paquistão e seu discutível serviço de inteligência colaborassem com Bin Laden.

Vamos supor que a presidenta Dilma Rousseff ficasse sentada em cima das mãos.

Sabia onde estava Bin Laden e não fazia nada.

Ou, se resolvesse desfechar a Operação Gerônimo, agentes especiais da Marinha brasileira fossem recebidos a bala por Bin Laden.

Mas, em respeito aos princípios, os agentes especiais da Marinha brasileira convidassem Bin Laden para acompanhá-los a uma delegacia para fazer um BO e, em seguida, encaminhá-lo a ao Ministério Público do Paquistão.

O que diria a Folha ?

O que diriam os céticos amigos navegantes ?

Que a Presidenta é uma frouxa !

O que diria o Padim Pade Cerra ?

Que além de frouxa ela estimula o aborto !

O que diria o Ali Kamel ?

A Eliane Catanhêde ?

A urubóloga ?

Frouxa ? Covarde ? Incompetente ? Desalmada ? E os mártires do Conjunto Nacional, como reparar a dor das famílias ?

E o que você, amigo navegante, pai daquela jovem que foi trabalhar naquela manhã de sol no Conjunto Nacional, como reagiria  ?

O que você diria ?



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Comentário de Carlos Henrique extraido do Blog Conversa Afiada


E o que dizem os pais dos milhões de jovens muçulmanos que o terrorismo estadunidense mata diariamente, com muito mais “eficiência” do que a Al Quaeda. Repudio qualquer tipo de terrorismo, mas só um cego ou um fanático não perceberiam que os EUA e Bin Laden são igualmente terroristas, com uma “vantagem” para os ianques : têm muito mais poder de destruição. Além de atacarem o mundo árabe movidos apenas por sua ganância.


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Exatamente, Cadê o corpo?


Se Bin Laden está - e eu acho que, à essa altura, seria uma irresponsabilidade não estar - forma-se então um novo vilão nessa história toda..........o governo Pasquitanês.


O que o EUA precisa agora, é implantar na opinião pública um argumento convincente - e eles são bons nisso - para manter suas tropas dentro daqueles territórios.


Ah o petróleo!!!!!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Mantega: a Vale tem de olhar o interesse do Brasil

Do Blog Tijolaço
Foi corajosa a postura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado ao afirmar que o governo tem o direito de se manifestar sobre os rumos que a Vale, maior empresa privada e exportadora do país, toma em seus negócios, pois controla 60% da mineradora.
- Não nos esqueçamos de que a Vale tem 60% (do controle acionário)) da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e BNDES. O governo tem participação, tem que se preocupar com a empresa, e ela tem que contribuir, sim, para o país. Ela  tem que ter lucro, remunerar acionistas, ter bases sólidas, porém tem que olhar para os interesses do país.
Mantega afirmou aos senadores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou claramente sua insatisfação com a demissão em massa de trabalhadores logo  na crise de 2008/2009 e com o abandono de projetos siderúrgicos, considerados pelo governo estratégicos para o país
- Não escondo o interesse do governo em que a Vale invista em siderurgia e aumente o seu valor agregado. Mas o governo nunca fez nenhuma imposição -ponderou Mantega. – A Vale tinha prometido fazer investimentos no Pará. Não fez, e isso, evidentemente, desagradou ao (ex-)presidente Lula.
- Quando começou a crise, o governo disse que ia dar condições para que as empresas não demitissem funcionários, e a Vale, com todo aquele seu poderio, demitiu 1.200 funcionários, fazendo barulho inclusive, fazendo propaganda. Uma empresa onde a folha de pagamento representa nada. O presidente Lula, com muita razão, manifestou-se democraticamente. Ele podia ter retaliado a Vale, a Vale é uma concessão; podia ter aumentado impostos. Mas o governo não fez nada disso. O presidente Lula usou o chamado jus sperniandi(direito de espernear, de protestar). Não vejo situação mais democrática do que essa: Lula mostrou sua insatisfação, e o senhor Roger Agnelli simplesmente ignorou, continuou fazendo aquilo que achava necessário.
É isso aí. Governo que não exercesse seu dever de zelar para que uma empresa que tem 60% do controle acionário nas mãos do Estado trabalhe para o bem do país é que devia ser criticada. Aqui, porém, parece que investir no Brasil é quase um crime.

As maneiras de conter o câmbio.

Por Luis Nassif
A economia global atravessa uma fase de excesso de liquidez, provocada pela decisão norte-americana de resgatar US$ 500 bilhões em títulos da dívida. O principal efeito sobre a economia brasileira foi o da apreciação do real, devido ao excesso de dólares entrando.
A visão tradicional dos últimos anos sugeriria combater esse excesso reduzindo o nível de atividade da economia. Para desaquecer a economia propunha-se ajuste fiscal mais rigoroso e elevação da taxa Selic. Só que, aumentando o diferencial entre as taxas interna e externa, aumentava igualmente o fluxo de dólares para o país.
De que outra maneira conter a apreciação cambial?
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O IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) fez um bom levantamento sobre as políticas adotadas por diversos emergentes para conter a valorização da sua moeda.
África do Sul
A estratégia maior foi direcionar o fluxo de capitais para fora do país. Em outubro de 2010 eliminou o imposto de 10% sobre transferências unilaterais para o exterior e aumentou o limite de investimento no exterior por pessoas físicas.
Em dezembro de 2010, elevou o limite de aplicação no exterior pelos investidores institucionais.
Finalmente, em janeiro de 2011 permitiu às empresas estrangeiras captarem recursos no exterior sem necessidade de contrato de câmbio.
Na área de regulação bancaria, permitiu aos bancos investir no exterior 25% das obrigações não conversíveis em ações.
Coréia
Em janeiro de 2011, o país reintroduziu imposto de renda retido na fonte sobre as compras de títulos do Tesouro e do Banco Central por não-residentes no país.
Entre as medidas prudenciais, em junho de 2010 limitou a exposição dos bancos a derivativos cambiais e estabeleceu limites às operações de crédito entre bancos e exportadores que fossem vinculadas a derivativos cambiais; obrigação dos bancos casarem em 100% empréstimos em moedas estrangeiras ou títulos com dívida em moeda estrangeira, no mesmo prazo. Em dezembro de 2010 anunciou para 2011 um imposto sobre a entrada de capital externo, inversamente proporcional ao prazo de permanência.
Indonésia
Instituiu uma "quarentena" de um mês sobre investimentos de portfolio em títulos do Banco Central e introduziu títulos de prazo maior – 6 a 9 meses. Entre as medidas prudenciais, aumentou as exigências de reservas sobre depósitos em moeda doméstica; também sobre moeda externa além de limites para empréstimos externos de curto prazo.
Turquia
Reduziu o imposto na fonte sobre títulos emitidos no exterior por empresas domésticas. No plano prudencial, também aumentou as exigências de reservas bancarias sobre empréstimos, além de medidas para regular o mercado hipotecário e para conter o consumo – como aumento do pagamento mínimo na fatura do cartão de crédito.
Tailândia
Facilitou a saída de depósitos em dólares por parte de residentes e aumentou o imposto na fonte para investimentos de não-residentes em títulos públicos domésticos. Também tomou medidas para restringir o consumo, como impor limites para valor financiado dos imóveis, em relação ao seu pre'ço de mercado. 

Rede Globo com exclusividade: imagens do tiro que matou Bin Laden

A barbárie e a estupidez jornalística

Reproduzo artigo de Elaine Tavares, publicado no blog Palavras Insurgentes:

Imaginem vocês se um pequeno operativo do exército cubano entrasse em Miami e atacasse a casa onde vive Posada Carriles, o terrorista responsável pela explosão de várias bombas em hotéis cubanos e pela derrubada de um avião que matou 73 pessoas. Imagine que esse operativo assassinasse o tal terrorista em terras estadunidenses. Que lhes parece que aconteceria? 

O mundo inteiro se levantaria em uníssono condenado o ataque. Haveria especialistas em direito internacional alegando que um país não pode adentrar com um grupo de militares em outro país livre, que isso se configura em quebra da soberania, ou ato de guerra. Possivelmente Cuba seria retaliada e, com certeza, invadida por tropas estadunidenses por ter cometido o crime de invasão. Seria um escândalo internacional e os jornalistas de todo mundo anunciariam a notícia como um crime bárbaro e sem justificativa.

Mas, como foi os Estados Unidos que entrou no Paquistão, isso parece coisa muito natural. Nenhuma palavra sobre quebra de soberania, sobre invasão ilegal, sobre o absurdo de um assassinato. Pelo que se sabe, até mesmo os mais sanguinários carrascos nazistas foram julgados. Osama não. Foi assassinato e o Prêmio Nobel da Paz inaugurou mais uma novidade: o crime de vingança agora é legal. Pressuposto perigoso demais nestes tempos em que os EUA são a polícia do mundo. 

Agora imagine mais uma coisa insólita. O governo elege um inimigo número um, caça esse inimigo por uma década, faz dele a própria imagem do demônio, evitando dizer, é claro, que foi um demônio criado pelo próprio serviço secreto estadunidense. Aí, um belo dia, seus soldados aguerridos encontram esse homem, com toda a sede de vingança que lhes foi incutida. E esses soldados matam o “demônio”. Então, por respeito, eles realizam todos os preceitos da religião do “demônio”. Lavam o corpo, enrolam em um lençol branco e o jogam no mar. Ora, se era Osama o próprio mal encarnado, porque raios os soldados iriam respeitar sua religião? Que história mais sem pé e sem cabeça.

E, tendo encontrado o inimigo mais procurado, nenhuma foto do corpo? Nenhum vestígio? Ah, sim, um exame de DNA, feito pelos agentes da CIA. Bueno, acredite quem quiser. 

O mais vexatório nisso tudo é ouvir os jornalistas de todo mundo repetindo a notícia sem que qualquer prova concreta seja apresentada. Acreditar na declaração de agentes da CIA é coisa muito pueril. Seria ingênuo se não se soubesse da profunda submissão e colonialismo do jornalismo mundial.

Olha, eu sei lá, mas o que vi ontem na televisão chegou às raias do absurdo. Sendo verdade ou mentira o que aconteceu, ambas as coisas são absolutamente impensáveis num mundo em que imperam o tal do “estado de direito”. Não há mais limites para o império. Definitivamente são tempos sombrios. E pelo que se vê, voltamos ao tempo do farwest, só que agora, o céu é o limite. Pelo menos para o império. Darth Vader é fichinha!

A genial solução do prefeito Kassab para o trânsito paulista.

Como diria Paulo Henrique Amorim:


Esse Brizola Neto......


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Que as grandes cidades brasileiras não podem continuar a ser “escravas” do automóvel e precisam investir no transporte coletivo é, como diria Nélson Rodrigues, o óbvio ululante.
Mas em lugar de melhorar o transporte de massa, será que isso vai ser conseguido tirando a garagem dos projetos de prédios para a população de baixa renda?
Ontem, a Folha publicou que a prefeitura de São Paulo decidiu que os novos conjuntos da Cohab serão construídos sem vagas de garagem.
Logo, os carros irão para as ruas. Ou os moradores acabarão por fazer “puxadinhos” e telheiros para os carros que, afinal, podem comprar.
Nas áreas de classe média e alta, nem pensar em proibir as garagens, claro.
A desculpa é que, sem garagem para guardar o carro, os mais pobres vão optar pelo transporte coletivo e pela bicicleta.
Ou, quem sabe, comprar um carro de Formula Indy. Assim conseguem uma via expressa para se livrar dos congestionamentos.

A “competência” de Agnelli é um buraco para o Brasil

Do Blog Tijolaço
RIO DE JANEIRO (Reuters) – As exportações brasileiras de minério de ferro somaram 24,66 milhões de toneladas em abril, contra 21,36 milhões de toneladas um ano antes e praticamente estável ante as 24,78 milhões de toneladas registradas em março, informou a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta segunda-feira.
Representadas quase que totalmente pelas vendas da Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, as exportações brasileiras da commodity significaram em valores 3,13 bilhões de dólares em abril –turbinadas pela disparada do preço–, contra os 2,885 bilhões de dólares obtidos no mês anterior. Em abril de 2010, as vendas representaram 1,44 bilhão de dólares.
O minério de ferro está submetido a ajuste trimestral baseado em uma fórmula que leva em consideração o preço no mercado à vista na China nos três meses anteriores pulando o mês imediatamente anterior.
A alta de preços no início do ano garantiu ajustes positivos para as mineradoras no primeiro e no segundo trimestres, e sinaliza para aumento de cerca de 30 por cento no terceiro trimestre.
Se o minério de ferro pesar pouco mais ou menos o mesmo que o concreto, 2,5 t por metro cúbico, isso representaria 10 milhões de metros cúbicos, quase o dobro do volume de água da Lagoa Rodrigo de Freitas.
É o tamanho do buraco que fica aqui, para virar aço lá fora. Que importamos, como até a própria Vale importa os trilhos para as estradas de ferro com que escoa os minérios para os portos.

PSDB: A hora tardia da reflexão política.

Por Luis Nassif
Por mais que tente analisar, não consigo ver futuro no PSDB. Haverá o PSDB de Alckmin e o de Aécio, mas não o PSDB nacional, como alternativa de pensamento e poder.
O que Leôncio coloca em sua entrevista é uma espécie de neossebastianismo intelectual: um cavaleiro que surgirá no horizonte no seu cavalo branco, armado de ideias e de liderança, ou quem sabe um El Cid Campeador, e ressuscitará o partido.
Não é assim.
Embora não tivesse militância, como o PT, o PSDB que chegou ao Real era fruto de circunstâncias históricas únicas. Eram os combatentes da ditadura que, em determinado momento, fugiram do fisiologismo do PMDB.
Naquelas circunstâncias, o partido passou a ganhar adeptos na sociedade civil. Não apenas a mídia, sua maior aliada, mas setores modernos, de diversos segmentos econômicos e sociais.
No meu livro "Os Cabeças de Planilha" escrevo sobre vários temas de modernização, sementes plantadas nos anos 80 e 90, que começam a florescer nos anos 90. A questão da descentralização, do estado enxuto (porém forte), dos programas de qualidade, da inovação, a herança da Constituinte, criando cidadãos, definindo recursos obrigatórios para saúde e educação etc.
FHC tornou-se o receptador automático de todas essas ideias, porque, depois dos problemas dos governos Sarney, Collor e Itamar, pela primeira vez parecia-se ter um governo racional. Para ele convergiram as esperanças dos setores racionais do país, segmentos técnicos, universitários, pessoal de inovação, gestão, saúde, meio ambiente, novas ONGs desenvolvendo tecnologias sociais.
A visão do Leôncio – de que ideias brotam do nada – é inexplicável para alguém que era apresentado como do exército intelectual de FHC. A rigor, FHC não desenvolveu um só tema modernizante. Limitou-se a ficar em estado de êxtase com o sucesso do real, repetindo bobagens como "uma nova Renascença chegando", sem conseguir coordenar o exército que se apresentava.
Esse momento, mágico, único, foi jogado fora por FHC e mais ainda por esse enorme blefe chamado José Serra.
Quando Serra foi eleito, escrevi um artigo dizendo que ou ele rompia com o fernandismo e inaugurava o serrismo (modo de dizer que seria fundamental a reciclagem de ideias no PSDB) ou desapareceria. Ele me ligou e disse que era amigo de FHC e jamais romperia com ele. Eu falando de princípios programáticos e ele pensava nas relações pessoais – típicas do compadrio da tradição social e política brasileira mais atrasada.
Até pouco tempo atrás, eram tucanas as melhores cabeças na área de inovação e universidade. Geraldo Alckmin jamais conseguiu aproveitá-las, por não ter visão sobre o tema. Quando Serra entrou, imaginei que faria uma revolução na economia paulista, trazendo as ideias desses quadros. Que nada! Um dia encontrei um dos principais militantes da inovação, serrista de primeira hora. Perguntei: e aí? E ele: não dá, o homem tem raiva da Universidade.
Até 2002, o PT não tinha conseguido se apossar ainda de nenhuma das bandeiras modernizantes. Mas tinha a bandeira mais forte: o aprofundamento das políticas sociais, a reação contra a fome e a miséria, resultantes óbvias do processo de cidadania deflagrado pela Constituinte e da extraordinária insensibilidade social no discurso público de FHC.
Agora se entra em novo tempo político e econômico em que se percebe o desenvolvimento como algo sistêmico. E o PSDB ingressa sem votos, sem quadros e sem a menor condição de ser o receptador das novas ideias: todas ficaram com os governos Lula e Dilma, na passagem do PT de oposição a governo.
Inovação? O Ministério de Ciências e Tecnologia de Sergio Rezende e Aluizio Mercadante levaram os melhores quadros. Gestão? Dilma é a gestora e tem como assessor de luxo Jorge Gerdau. Desenvolvimentismo? Os irmãos Mendonça de Barros tentaram lançar a bandeira, quando montaram sua revista mas não houve nenhuma repercussão nas hostes tucanas. Hoje os desenvolvimentistas estão no governo Dilma.
E Dom Sebastião FHC fala genericamente em conquistar a nova classe média que está se formando. Conquistar como? No gogó?
Essa conquista, a formação de princípios programáticos se dá na prática, na criação de políticas específicas que tragam resultados. É essa soma de ideias, em cada setor, que comporá o desenho final de partido. Não há necessidade de formulações abstratas. O que se exige é clareza sobre algumas ideias básicas, que ajudem e consolidar a percepção geral sobre o partido, mas apenas após aparecerem resultados dessas políticas específicas.
E quais são as ideias-forças atuais? Inclusão social, o sonho do suposto destino manifesto de grande potência, a transição do modelo financista para o desenvolvimentista (sem abrir mão dos benefícios de um mercado de capitais desenvolvido), a integração regional, o aprimoramento da gestão pública.
O PT ampliado  tem as bandeiras, os quadros técnicos, a militância.
E alguém acha que um partido de proveta como o PSD irá conseguir repetir a saga do velho PSDB? E alguém acha que o PSDB atual conseguirá renascer das cinzas em circunstâncias que nada têm mais a ver com as que motivaram sua criação?
No período de abundância o partido não criou quadros, não criou militância, não criou um modo de governar. Era um caciquismo permanente e a arrogância de quem se julgava portador das grandes verdades. Não será agora, dividido, sem ideias, sem militância, que conseguirá.
Como disse José Sarney antes das eleições, a nova oposição sairá das entranhas da situação