sábado, 14 de maio de 2011

O churrasco da "gente diferenciada"

Do tijolaço
Uma beleza, uma maravilha de alegria a mobilização do “churrasquinho” em favor do fim da discriminação aos pobres contida na recusa de grupos de moradores de Higienópolis em aceitar a instalação de uma estação de Metrô no bairro, sob a alegação – nas palavras de um deles – de que isso ia trazer para ali “uma gente diferenciada: mendigos, drogados”.
Assisti ao vivo no Terra, e o que vi foi simpatia, juventude, sentimento democrático de sermos um só povo e, acima de tudo, só alegria por defenderem algo justo e humano.
E ri muito com os  convites, em coro, para o ex-presidente FHC “descer, que a carne já chegou”.
Nada a ver com a exploração idiota da Folha de hoje de que a “resitência”, nome usado para os que querem que os trabalhadores e os moradores do bairro tenham transporte de massa, estaria sofrendo ameaça.
Só o queestá ameaçado, e seriamente, é o tempo da segregação.

SP: 522 mil vivem em área de risco.



...Do G1 -Pesquisa da Fundação Seade encomendada pela Secretaria da Habitação traçou o mais completo mapa de áreas de risco de São Paulo. Segundo o levantamento, pelo menos 522 mil pessoas vivem em locais impróprios para o assentamento humano no mais rico estado da federação. Se fossem aglomerados no mesmo espaço urbano, esses habitantes formariam uma cidade quase do tamanho dos municípios de São Caetano do Sul e Diadema juntos (535.610 habitantes).

Outra revelação da pesquisa é que as áreas de risco não estão concentradas apenas na região metropolitana e no litoral. No total, são 173.978 domicílios localizados em 3.042 locais impróprios que estão espalhados por 232 municípios dos 645 do Estado de São Paulo.
A maior incidência do problema, no entanto, ocorre mesmo na região metropolitana da capital, onde 92% das cidades têm famílias vivendo em locais inadequados e sujeitos a desastres ambientais. Só o município de São Paulo responde por 562 áreas de risco identificadas - 18,5% do total -, com 36 mil domicílios.
Conforme os cálculos da Fundação Seade, vinculada à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, cada domicílio tem em média três moradores. O levantamento foi feito no decorrer do ano passado e pesquisou 594 dos 645 municípios paulistas. O estudo inédito vai nortear as ações da Secretaria da Habitação na remoção de moradores dessas áreas e consequente reurbanização de favelas - 4.153 distribuídas em 133 municípios, 20% do total do Estado.



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Que as ações que forem tomadas sejam feitas com responsabilidade social, preservando a integridade da população e respeitando seus direitos.

Que não seja usada essa pesquisa como argumento para remoção dessas familias, de areas economicamente valorizadas, para a periferia ou lugares afastados mudando toda uma estrutura de vida já construída durante anos.

Que esse estudo não sirva de argumento para expelir a população socialmente indesejada (essa "gente diferenciada") das áreas de alto valor imobiliário.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

E mais um pouco de Higienópolis

EM DEFESA DE HIGIENÓPOLIS
by Marc Tawil on Friday, May 13, 2011 at 8:05am
Meu nome é Marc Tawil, 37 anos, judeu e morador de Higienópolis desde 1988. A chave do meu carro é um Bilhete Único da SPTrans, carregado semanalmente na lotérica da esquina da Alameda Barros com Avenida Angélica. Não faço parte de associações ou sindicatos mas, por toda a semana, fui obrigado a ler, na timeline do meu Twitter, Facebook e blogs de gente fina e sincera, que o bairro onde moro – até a semana passada “um lugar bacana, disputado por suas ruas arborizadas, onde ainda é possível fazer tudo a pé” – tornou-se, para o resto da Cidade, um covil de ratos segregacionistas e preconceituosos. Onde?
Nem eu, nem minha mulher, vizinhos, parentes ou amigos (felizmente, tenho muitos) fomos consultados por associações ou pelo Metrô para saber se o mesmo poderia desembarcar aqui. Certamente, eu diria que sim. Minha mulher, que usa o carro, também. Que diferença isso fez? Leio por aí que “em Higienópolis, moradores dizem que ‘prevaleceu o bom-senso’”. Quais moradores?
Vivem em Higienópolis cerca de 30 mil pessoas. Por que 3,5 mil respondem por todos? Onde está o Poder Público, que impõe tantas coisas e não impõe um serviço como o metrô, como fez em Pinheiros, Butantã, Itaquera e Vila Carrão?
Nóias e nazistas
Higienópolis, o bairro da #gentediferenciada do Twitter, também tem vizinhos menos conhecidos do grande público: usuários de crack, nóias, indigentes e catadores de papelão. Ninguém comenta? Claro que não... Não são humanos, são invisíveis. Como não são humanos os 6 milhões de judeus mandados para Campos de Concentração na Alemanha Nazista e na Polônia e que viraram motivo de chacota na internet. Afinal, é evidente que, nós, os racistas de plantão de Higienópolis, decidimos pelo não-metrô.
O “movimento contra Higienópolis”, que começou até de forma bem-humorada, com Churrascão no Shopping e o movimento “manda o metrô pra Pompéia”, hoje recheado de preconceito e antissemitismo, tem o seu lado bom: mostra que tem ou não opinião. Desmascara aqueles pegam carona na piada fácil e no preconceito dos comedians.
Atacar em grupo, especialmente atrás do micro, é sempre mais fácil. Na Alemanha Nazista, muita gente pacata e acima de qualquer suspeita fechou os olhos, enquanto os velhinhos da Higienópolis de lá eram queimados vivos e crianças tinham seus olhos e fígado arrancados a seco para “experiências médicas”.
Pensar um pouco antes de falar dá trabalho, né? Isso a gente deixa para “a gente cabeça” e o “judeu chato”.
Marc Tawil

Não é preciso acrescentar mais nada. Rodrigo Vianna disse tudo.

por Rodrigo Vianna, de Los Angeles

Enquanto transitava feito alma penada pelas “freeways” de Los Angeles – essas avenidas assépticas, artérias de uma cidade estranha e dominada pelo automóvel -, recebi com alegria a notícia de que em São Paulo prepara-se um histórico churrasquinho em frente ao shopping Higienópolis.

O que uma coisa tem a ver com a outra? Vou tentar explicar…

A gente tem mania de dizer que o brasileiro, e o paulistano em particular, é elitista, preconceituoso, excludente. Tudo isso tem uma ponta de verdade. Tudo isso encontra amparo na nossa história secular de desigualdade. Mas ao olhar para Los Angeles – para a tristeza e a pasmaceira dessa gente nas ruas limpas e vazias – senti uma ponta de orgulho de ser brasileiro.

Sim. Vamos lembrar…

Em Nova York e Washington, jovens foram às ruas duas semanas atrás para “comemorar” o assassinato de Bin Laden. Foi um espetáculo triste. E não vi outros jovens – nas universidades, nas escolas, nas associações ou Igrejas desse imenso país da América do Norte – terem a coragem de ir pra rua e dizer: “alto lá; Bin Laden é (ou era) um assassino; mas até os criminosos têm direito a um processo legal, essa é a base da democracia”.

Não. Os Estados Unidos abriram mão disso. Trocaram Justiça por Vingança. E quem ousou protestar ficou isolado. Os Estados Unidos são um gigante combalido. E um gigante combalido é perigoso.

O Império do Norte foi duramente golpeado em 2001, pelo ataque covarde às torres gêmeas. Depois, teve sua economia golpeada com a crise de 2008 (fruto de desregulação alucinada dos “mercados”, que tomaram de assalto o Estado fundado por George Washington). A eleição de Obama parecia redenção, enganou muita gente. Mas Obama já jogou no lixo o discurso (e a pose de) modernizador, e contentou-se com o papel de cowboy.

Vocês viram a cena insólita de Obama caminhando pela Casa Branca depois de anunciar que a “justiça foi feita”, logo após o ataque no Paquistão? Patético. Obama virou Bush. Um simulacro de Bush.

Comparemos com o Brasil. Nesse mesmo período, de 2002 pra cá, nosso país elegeu um operário. Depois, reelegeu o operário. Enterrou assim o complexo de vira-lata. Muita gente temia (e havia os que torciam descaradamente para que isso acontecesse) que um homem do povo não desse conta do recado. Lula deu conta. Mais que isso: tirou 20 milhões de brasileiros da miséria, fortaleceu o mercado interno, freou o processo de desmonte do Estado, pôs o Brasil no centro das decisões internacionais, devolveu auto-estima ao povo brasileiro.
Lula cometeu muitos erros. Sem dúvida. Mas ajudou a fundar um novo Brasil. E nosso ex-presidente é um líder conhecido e admirado no mundo inteiro. Ando por Los Angeles, e quando digo que sou do Brasil costumo ouvir: “Uau, it´s cool”. Algo como: “Uau, que bacana”.

Os Estados Unidos são uma potência. Ninguém duvida. Mas são uma potência triste.

O atual presidente deles é um negro que chegou ao poder carregando esperança de renovação. Afundou-se no conservadorismo dos cowboys. A nossa atual presidente é uma mulher, ex-guerrilheira – que segue os passos de Lula.

O último ex-presidente deles é Bush Jr. O nosso, é Lula.

E o churrasquinho? Ah, isso tem tudo a ver com Lula…

Google muda Orkut e acirra briga com Facebook




RIO - A Google está apostando pesado no Orkut. Com o objetivo de fazer frente ao rival Facebook, a empresa quer transformar sua rede social em um canal mais eficaz de interação entre as milhares de comunidades. Para isso, a gigante da internet está levando o conceito de transmissão de conteúdo ao vivo e ainda acabou de criar páginas patrocinadas - nos moldes do YouTube, seu site de vídeos. Diferentes empresas já adotaram a ideia, como Casas Bahia, Nike, Garnier (com Ivete Sangalo) e Warner.
Em entrevista ao GLOBO, Fábio Coelho, novo presidente da Google no Brasil, revelou que o Orkut está entrando em várias frentes para reforçar o conceito de comunidade. Segundo dados da consultoria britânica comScore, o Orkut registrou 32,1 milhões de visitantes únicos em março, alta de 25% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já o Facebook cresceu incríveis 207%, para 18,5 milhões. Ainda sim, o executivo não teme o avanço do Facebook no país:
- O Orkut tem mais de 85 milhões de usuários, a maior parte no Brasil. As pessoas têm um histórico de relacionamento. Orkut e Facebook têm propostas diferentes e vão conviver juntos. Estamos fazendo mudanças no conceito. Criamos as comunidades da marca. Em uma semana, o número de usuários para (o canal das) Casa Bahia aumentou em 20 vezes. Além disso, acabamos de criar o Orkut ao vivo. Percebemos que essa era uma demanda dos usuários. É dinâmico, e funciona bem - diz Coelho.
'O usuário não tem interesse apenas por banner'
A ideia da Google é colocar cada vez mais vídeos ao vivo no Orkut. Neste primeiro momento, haverá pelo menos uma ação por mês. O primeiro, que aconteceu na noite de terça-feira com a cantora Pitty, conquistou em uma semana mais de cinco milhões de membros. Para Coelho, há um potencial enorme. O objetivo é aumentar o nível de atividades dentro do site de relacionamento.
Nos canais pagos, o usuário também consegue mais informações sobre as marcas e acesso a promoções, por exemplo. Dados da comScore comprovam que os usuários do Orkut têm ficado cada vez menos tempo nas páginas do site. Em março, houve queda 30,9% no tempo médio de navegação por usuário. No Facebook, a alta foi de 56%.
- O momento é muito positivo. Há mais gente entrando na internet e mais usuários em celular, por exemplo. A publicidade na internet tende a crescer. Hoje, a propaganda representa entre 8% e 10% de todo o bolo (verba) publicitário das empresas. Estamos prevendo que esses números aumentem e fiquem entre 15% e 18% em 2012. É natural que essa receita migre. Hoje, 30% do tempo das pessoas é gasto de modo online - afirmou Coelho, lembrando que a Google Brasil cresceu 80% no ano passado.
A Google está aperfeiçoando, por exemplo, a publicidade nos serviços de email. Com isso, o usuário, ao ler uma mensagem que contenha palavras relacionadas, por exemplo, à moda, terá, em partes da página, anúncios de redes varejistas.

A Máfia de São Paulo


Nesta segunda-feira à noite, o britânico Robert Fisk (foto), um dos mais conceituados jornalistas do mundo, terminou sua entrevista à GloboNews, com uma declaração bombástica: “Já estive em São Paulo e a máfia que encontrei lá é mais perigosa que a Al Qaeda.”

BR baixa o preço dos combustíveis.

Por Brizola Neto

Nenhuma destas duas “capas” da edição de hoje de O Globo é verdadeira. Mas uma das notícias em manchete aconteceu, a outra não.
A que aconteceu, não virou nem chamada de capa – aliás, também não saiu na Folha, e não tem a desculpa de que foi tardia a matéria, pois o Estadão a publicou na primeira página.
Claro que meu caro leitor e leitora já sabem que é a informação de que, por determinação do Governo, a BR Distribuidora está praticando os preços justos de comercialização, e não os inflacionados de um “mercado” ávido por lucros extraordinários.
Mas baixar os preços que estão artificialmente inflados, proteger a economia nacional, o cidadão e sustar a contaminação inflacionária de serviços e mercadorias não é algo que ajude a desgastar o governo, ao contrário.
Então, o critério jornalístico é esse: publicar bem discretamente, quase escondido.
Se tivesse ocorrido o inverso, de o Governo pressionar a distribuidora da Petrobras para elevar seus preços e aumentar seus lucros, a outra manchete imaginária só teria um defeito: está pequena e “moderada” demais. Teria, talvez, um rótulo tipo “A inflação explode” e uma referência a “especialistas” prevendo a elevação geral de preços que isso iria provocar.
Outro dia me lembraram de uma piada sobre O Globo, que me ocorreu com essa história.
O Papa João Paulo II visitava o Rio e fazia um passeio de barco pela Baía da Guanabara. O vento forte do mar carregou seu solidéu – aquele chapeuzinho de pano que religiosos usam sobre a cabeça. O governador do Estado, na época, pulou do barco, caminhou sobre as águas, deixando todos boquiabertos, apanhou o solidéu e o devolveu ao Papa.
Manchete de O Globo, no dia seguinte: ‘BRIZOLA NÃO SABE NADAR”
A gente ri, ouve piadas cariocas, mas isso é uma tragédia. Um povo que não pode contar com o mínimo de equilíbrio de seus grandes jornais e emissoras de televisão é um povo condenado a viver submergido na mentira e na manipulação.
Vocês verão que, logo, os figurões do jornalismo de economia estarão todos, como na piada, dizendo que o Governo cometeu uma heresia econômica, que atentou contra o livre mercado, que vai causar prejuízos imensos à Petrobras e seus acionistas. E, claro, dizendo que os combustíveis estão caros por causa da carga tributária, da voracidade fiscal do Governo. Alta ou baixa a carga tributária, lógico que ela não explica a alta dos combustíveis, por uma singela razão: não mudou em nada.
Onde está o jornalismo “investigativo” para acompanhar o que aconteceu com o litro do que saiu da usina  a R$ 1 e chegou na bomba a R$ 2,55? Quem, aonde, como e porque se ganhou tanto neste caminho?
Repito, entristecido: os grandes jornais tornaram-se simples máquinas de propaganda política. O interesse público é nada perto do interesse de criar um estado de ânimo na população que produza o objetivo político – quando não eleitoral – que almejam.

O metrô, os moradores de higienópolis e nós, "gente diferenciada".

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A “sapiência” do eleitorado paulista mantém os tucanos no poder no Estado de São Paulo desde 1995. Detalhe: governarão até 2014. E agora, por razões que explico a seguir, o ex-Estado relativamente mais rico da federação, que as administrações tucanas conseguiram pôr em 3º lugar, abrigará um evento simbólico no próximo sábado, 14 de maio.

Conforme a imprensa noticiou amplamente nesta quarta-feira, o governador Geraldo Alckmin, atendendo ao abaixo-assinado da imensa multidão de 3.500 ricaços que moram na região do bairro paulistano de Higienópolis, não mais construirá estação de metrô na avenida Angélica, que abriga um fluxo de 750 mil pessoas por mês.

A obra contemplaria milhares de pessoas que trabalham na região, mas os moradores ricaços, entre os quais se perfila seu filho mais “nobre”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizem que não querem ver aquela “gente diferenciada” (negros, nordestinos, enfim, pobres) sendo atraídos pela facilidade de chegar até lá. Como controlam o picolé de chuchu, foram atendidos.

Dizem, aliás, que a República de Higienópolis está pleiteando independência. Querem que o bairro da elite branca paulista seja transformado em Estado autônomo e que FHC seja coroado rei. Para ir lá, agora, só com passaporte e visto. Além disso, pedem que os serviçais que ali labutam sejam atirados de paraquedas diariamente. Não dizem como eles deixarão o local de trabalho…

Diante disso tudo, está sendo agendado um último evento popular no mais novo Estado autônomo da América Latina. Será o “Churrascão da Gente Diferenciada”. Você que é de São Paulo, não perca a última chance de passear pelas alamedas arborizadas que quase 11 milhões de paulistanos pagam para ser mantida tão aprazível. Compareça.

Desculpem os dias sem postagem, mas é que o Blloger estava em manutenção, então eu e mais um monte de blogueiros não conseguiram atualizar seus Blogs nessa quinta-feira.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A Bolsa caiu...

Commodities corrigindo 


Emergentes adotando medidas para conter a inflação


A China principalmente........aumentou o compulsório e teve uma retração nas importações de minério.


A Europa continua feia........... feia mesmo.


Terremoto na Espanha.


Japão teve uma drástica retração no superávit em conta corrente em conseqüência do terremoto.


Revoltas continuam em países fornecedores de petróleo.

IBOV:

Clique aqui para ver o gráfico em tempo-real sobre Ibovespa Histórico

Enquanto isso, EUA ainda eufóricos com a morte de Bin Laden.

A mídia: uma pauta e duas reportagens distintas

Reproduzo abaixo duas reportagens sobre a mesma pauta, percebam a diferença de quem leva a sério o jornalismo e o ato de informar, e de quem pega um gancho para fazer análises "chulas", sem conteúdo e ignorando a finalidade principal do jornalismo.

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O segundo afago de Dilma nos tucanos

Por Angela Pimenta
Revista Exame- Editora Abril
A presidente Dilma Rousseff deve comandar hoje no Palácio do Planalto a instalação da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, órgão que visa aprimorar a máquina pública federal.
A Câmara, que será coordenada pelo empresário Jorge Gerdau, também contará com a participação de três expoentes do setor privado: Antonio Maciel, da Suzano, Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, e Henri Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras.
Ligado ao PSDB, Reichstul presidiu a estatal do petróleo no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Para horror dos petistas, foi ele quem tentou mudar o nome da empresa para Petrobrax.
Mas Reichstul foi também o executivo que promoveu a bem sucedida reestruturação da Petrobras em quatro áreas de negócios: exploração e produção, abastecimento, gás e energia e internacional.
E foi durante sua gestão que a Petrobras começou a pagar aos seus funcionários salários competitivos com os do setor privado. Reichstul deixou o cargo durante a crise que sucedeu o naufrágio da plataforma P-36, em 2001.
O convite para que Reichstul participe da Câmara de Competitividade é o segundo gesto de cortesia de Dilma em direção aos tucanos. O primeiro foi o convite aceito por FHC para o almoço em homenagem ao presidente Barack Obama, no último mês de março, no Itamaraty.
Marcado pela astúcia política, o segundo gesto de Dilma visa mostrar à população que seu governo julga a melhoria da administração pública uma missão suprapartidária.
Mas a presença de Reichstul no Planalto deve desagradar tanto a Lula quanto os setores do PSDB ligados ao ex-governador José Serra, hoje o mais autêntico opositor do governo Dilma (e pra finalizar, um afago ao ex-governador de São Paulo).
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O lançamento da Câmara de Gestão


Por Bruno de Pierro - Agência Dinheiro Vivo
Será lançada hoje, 11, em cerimônia no Salão Nobre do Palácio do Planalto, a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade (CGDC), com a presença da presidente Dilma Roussef. O grupo, que será comandado pelo empresário Jorge Gerdau, constituirá um fórum para proposições, coordenação e avaliação de políticas de gestão pública, alinhadas às diretrizes do governo. A câmara será vinculada ao Conselho de Governo da Presidência da República.
A principal tarefa da nova instância será fazer a integração das estratégias de desenvolvimento social com redução das desigualdades, de promoção do equilíbrio fiscal e do desenvolvimento econômico sustentável. A CGDC também poderá realizar, a pedido dos ministros, a avaliação de órgãos e programas específicos dos respectivos ministérios.
p>De acordo com a Casa Civil, a consolidação do fórum é um esforço na avaliação e no controle da qualidade do gasto público e dos serviços prestados aos cidadãos, “bem como da efetividade dos resultados no que se refere à geração de emprego e crescimento e expansão do setor produtivo”.
Apesar de não contar com quadro próprio, a Câmara terá apoio técnico e logístico de uma secretária-executiva na Casa Civil. As regras para sua organização e funcionamento serão estabelecidas em regimento interno, a ser proposto pelo seu presidente e aprovado pela maioria absoluta de seus membros.
Além de Gerdau, outros três representantes da sociedade civil farão parte da Câmara: Abílio Diniz, dono de redes de supermercados, entre elas o Pão de Açúcar; Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose; e o ex-presidente da Petrobras Henri Philippe Reichstul. Antônio Palocci, da Casa Civil, Guido Mantega, do ministério da Fazenda, Miriam Belchior, do Ministério do Planejamento, e Fernando Pimentel, do MDIC compõem os representantes do governo federal.
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É senhores, essa é a imprensa brasileira.
Esta cada vez mais difícil achar uma boa fonte de informação e confiável.
Você quer ler a noticia em sua essência? Ou prefere ler opiniões de jornalistas parciais, que usam um canal de informação a sua disposição para explicitar seus interesses políticos e suas preferências?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Se você esta comprado em Vale amigo, é hora de se precaver...

Do Estadão

Importação de cobre e minério da China cai em abril

O volume de petróleo bruto importado aumentou

Danielle Chaves, da Agência Estado 
PEQUIM - As importações de commodities pela China caíram em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, afetadas pelo aumento dos preços globais e pelo aperto na política monetária doméstica, que provocaram redução na demanda. O volume de petróleo bruto importado, porém, aumentou.
Segundo dados da alfândega chinesa divulgados hoje, a China importou 40% menos cobre e ligas de cobre em abril, em um total de 262.676 toneladas. O volume representou queda de 14% em relação a março. Um dos fatores por trás do declínio foi o alto nível dos estoques que ficam em armazéns da alfândega como colaterais financeiros.
p>Cálculos do Standard Chartered estimam que no mês passado havia 650 mil toneladas de cobre nos estoques de Xangai, cerca de 80% do total nacional e equivalente a quatro semanas de consumo doméstico. O aumento da produção de cobre no país também colaborou para a diminuição das importações. No primeiro trimestre houve alta de 19% na produção de cátodo de cobre em comparação com o mesmo período do ano passado, para 1,3 milhão de toneladas.
Prejudicada pelo excesso de produção de aço e pela queda dos preços das folhas e placas de aço, as importações de minério de ferro pela China caíram 11% em abril ante março e 4,4% ante abril de 2010, para 52,88 milhões de toneladas.
Os preços do minério de ferro têm subido firmemente desde meados de março, com alta de 11% até meados de abril, a US$ 189 por tonelada. Isso coincidiu com uma série de cortes de preços de produtos de aço de algumas siderúrgicas chinesas.
Já as importações de petróleo bruto aumentaram em abril para 21,54 milhões de toneladas, equivalente a 5,3 milhões de barris por dia. O resultado compara-se com o volume de 21,17 milhões de toneladas registrado em abril do ano passado e representa alta de 4% sobre os 5,1 milhões de barris diários importados em março, segundo cálculos da Dow Jones.
A importação de derivados de petróleo somou 3,22 milhões de toneladas em abril, enquanto a exportação totalizou 2,05 milhões de toneladas, informou a alfândega chinesa.
Com relação ao carvão, a China exportou 1,38 milhão de toneladas em abril, uma queda de 19% sobre o mesmo mês de 2010. No período de janeiro a abril as exportações totalizaram 7,16 milhões de toneladas, uma queda anual de 3,4%. A exportação de carvão de coque foi de 480 mil toneladas em abril. As informações são da Dow Jones.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Política habitacional paulista e os incêndios nas favelas

Da Rolling Stone Brasil
Desapropriação forçada
São Paulo, 5 de maio de 2011 – A maior metrópole do país, São Paulo, tem hoje cerca de 800 mil famílias morando em favelas ou assentamentos precários. O número corresponde à quase um terço da população da capital. Nos últimos anos, intimidações armadas, desapropriações violentas e incêndios misteriosos parecem estar tentando mudar esse panorama. Na seção Conexão Brasilis da Rolling Stone Brasil de maio, nas bancas a partir do dia 9, os repórteres Ana Aranha e Mauricio Monteiro Filho apresentam uma investigação sobre este cenário. A reportagem inclui denúncias de moradores que já não acreditam mais em causas acidentais para as destruições de suas moradias.
Por mês, a Secretaria de Habitação gasta de R$ 4,5 milhões com o aluguel para famílias que aguardam a construção de prédios. Essas pessoas, transportadas de um lugar pra o outro sem planejamento, são o espelho dos descaminhos da política de planejamento urbano da capital mais rica do país. De acordo com relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Raquel Rolnik, a política habitacional utilizada pela prefeitura é "uma máquina de produzir novas precariedades".
Grandes eventos como a Copa do Mundo e obras de infraestrutura, na linha do Rodoanel, são responsáveis por remoções e despejos realizados sem nenhum respeito. "Às vezes, as famílias acabam em bairros piores, a 30, 40 quilômetros de suas moradias originais, quando o correto é que a condição nova seja sempre melhor", critica.
Raquel ainda acha estranho que, em grande parte dos casos, essas regiões coincidam com as áreas de maior valor no mercado imobiliário. E os moradores parecem concordar com a relatora da ONU. "Ninguém pode provar nada. Mas quem está aqui há muitos anos, como eu, desconfia", comenta um dos moradores das favelas atingidas por incêndios suspeitos.
Outra moradora que perdeu a casa em uma dessas ocasiões é mais enfática: "Foi criminoso, temos certeza". A afirmação vem embasada na demora dos bombeiros, que levaram mais de uma hora para chegar ao local e ainda foram com pouca água para combater o fogo.
Enquanto em 2008 e 2009 o número de ocorrências de incêndios em favelas era inferior a 80, no ano passado, de janeiro a setembro, a cifra pulou para 95. Em 2011, o corpo de bombeiros já registra 99 casos. E muitos acontecem em áreas que passam por litígio ou urbanização.
Procurada pela reportagem, a prefeitura de São Paulo apresenta uma opinião bem diferente e otimista em relação às remoções. Aliás, o termo nem é utilizado pelo órgão. "Quem acha que a gente faz remoção é um ignorante de pai e mãe. A gente não desaloja ninguém. A gente constrói para eles", diz o secretário da habitação Ricardo Pereira Leite.
Ricardo afirma ainda que todas as famílias de favelas em processo de urbanização continuam na mesma casa, que é reformada. "Eu chamo de upgrade", completa e é apoiado por Elisabete França, superintendente de habitação popular da Secretaria Municipal de Habitação. "Eu chamo de ganhar na loteria", acrescenta. 

domingo, 8 de maio de 2011

O Ceticismo Necessário.

"Descobrir a gota ocasional de verdade no meio de um grande oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não podemos ter a esperança de solucionar os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos" 


Carl Sagan.

Para uma certa mãe...

Por Urariano Mota

Entre muitas gordas de subúrbio, Marias do Carmo, Marias da Conceição, Dona Maria foi quem mais se aproximou do peso da cantora obesa de auditório. E ganhou o seu maior prêmio, vale dizer, único prêmio em toda a vida, uma caixa com perfumes da linha Atkinsons, com o mais cobiçado, Damosel.  Aquele do cheiro que dava às mulheres um ar romântico, de namoro à luz do luar, à margem de um lago manso. Era de se ver a felicidade com que cruzou o batente da sua casinha na Vila Alegria, com os olhinhos negros marejados. Enquanto abria a caixa, chamou as vizinhas para lhes anunciar – como se elas não soubessem, como se elas não houvessem ouvido o programa – que ela era do mesmo peso da estrela do rádio. E não podia haver dúvida, porque ela abria o frasco do prêmio, e, generosa, perfumava as mãos, os braços das mulheres:

- Cheira! Cheira! É bom ou não é? Eu ganhei.

Dona Lúcia fechava os olhos e lembrava que conhecia perfumes melhores, Dona Esmeralda sabia, usava extratos mais ativos para atingir as narinas do vizinho Valfrido, mas ambas responderam, de coração, que não havia perfume como aquele.  Elas, pensou Jimeralto muitos anos depois, de volta do cemitério, elas queriam dizer que para as condições de Dona Maria, melhor perfume era impossível no mundo. “Pois a nossa liberdade é limitada”, ele se disse. Quando seria melhor, em um maior esforço, que ele se dissesse “a desgraça das mulheres pobres não tem limite”. Mas isso era tão duro, tão desagradável, que em busca da Maria gorda os seus olhos românticos recusavam, saltavam a extensão e memória funda, aquela que fulgia da mulher que nada tinha, nem mesmo um perfume barato. Daquela Maria que conseguira algo pela beleza de ser muito gorda. Com o peso igualzinho da cantora do rádio.

Então nessa recusa o maduro Jimeralto, ainda que não o desejasse, ia em terror para a casinha do tamanho de um quarto, na insuportável lembrança. Maria estava na penteadeira, de mesa com um só batom gasto, agora com a caixinha de produtos Atkinsons. Então a felicidade era um produto, aquela miséria miserável de um produto? Então os seus olhos não queriam ver, e ele se dirigia para o trânsito, e ele seguia para um bar, porque precisava de barulho, som alto, agitação, gente aos berros, buzinas, zoada de caminhão a derramar óleo, porque ele não queria ver o que viu, o que lembrava e não queria lembrar: Dona Maria, sozinha diante do espelho, perfumava-se no pescoço. Ali, a cada gota posta, ela se fazia caretas. Ela tomava poses, erguia o busto, aquele amado, inesquecível e necessário busto, empertigava-se, sim, como se longo pescoço tivesse, logo ela que tão curto e maravilhoso gordinho o tinha. E levantava sobrancelhas, fazia cara feia, e sorria, perfumada. Isso ele não queria ver, e, no entanto, uma força irresistível o tomava. Inferno, o garçom não vinha, cadê o uísque, por mil favores, falem comigo, distraiam-me já, ele desejava, porque Maria o chamava ao quartinho célula, a ele que estava escondido a observar aquelas esquisitices na mãe. Maria o chamava ao quarto e lhe dizia:

- Cheire aqui, cheire.

E lhe oferecia o pescoço, e ela lhe oferecia a sua beleza gorda, mas ela não sabia, ela lhe oferecia a própria alma. Ela lhe dava naquele gesto e convite o mais grave, mais que o leite farto dos seios, que ele bebera até os cinco anos de idade. Ela lhe dava uma alma, a pretexto de oferecer o cheiro do Damosel. Quanta crueldade, meu Deus. Maldição, chamem o garçom, maldição, me esqueçam, maldição de mundo, por que não viro éter? O que o capital não faz às pessoas. O quanto o capitalismo machuca. Uma alma de mãe que cheira a marca de produto. Mas não, mas não, isso é só um horror, isso é somente algo pior que o horror. Por que não ver, e seus olhos buscam o mar, aquele insensível que se agita do outro lado do calçadão da praia, por que não ver uma reflexão menos sacrificial? Como era bom que as ondas lhe trouxessem uma resposta. Quem sabe se as pessoas não davam uma humanidade aos produtos de mercado? Ou seria mais próprio dizer-se “as pessoas davam a humanidade aos produtos de mercado”? Mas Dona Maria não estava no mercado, ele queria divagar. O gelo no copo derretia rápido. O gelo dava frieza em troca da própria destruição, era natural. Dona Maria não estava no mercado, mas nele entrava um breve instante por força do peso, que por todos era rejeitado. Chega!

Então ele se pôs mais longe, mais longe que o continente africano, mais longe que o outro lado do globo, e tão perto, tão perto que ele via, no fim da tarde sozinha, a se fazer caretas, a tomar expressões distintas frente ao espelho, como se pudesse escolher uma cara, uma outra Maria, Maria só do pescoço para cima, que ela lhe dava para cheirar. Meu Deus, como era bela. E então os olhos de Jimeralto marejaram diante do mar, fizeram chuviscar miúdo nas ondas verdes, porque ela era tocante, destrutiva, autodestrutiva, como se nela, na sua feição diante do espelho, houvesse uma semelhança com o gelo, agora. Não na temperatura, que no espelho da tarde era quente. Mas como uma matéria que se dá quando se transforma. Maria se dava absoluta para que ela nele tivesse vida. Para que ela nele tivesse vida. Então ela achou o seu peso, gordura e vida. Maria somente nele teria vida. Porque ela também lhe dera e lhe dava e lhe dá vida. Mesmo agora, no maldito bar, onde se destruiu pelo falso esquecimento, naquela lembrança que lhe recusavam, que o próprio filho recusava. Maria não mais está sozinha diante do espelho, na penteadeira onde existia um só batom e agora há um produto Atkinsons. Ela se dá e se ama, é amada, enquanto se vê no perfume. Maria e a sua alma.


*Trecho do romance inédito, em fase de execução, “Vila Alegria, Rua Éden”.