sábado, 18 de junho de 2011

Transparência seletiva


Por Rodrigo Vianna

Esse escrevinhador teve acesso, ontem, ao mandado de segurança da “Folha” contra Helena Chagas, a responsável pela SECOM (Secretaria de Comunicação do governo federal). O jornal paulista queria detalhes sobre as verbas de publicidade do governo. A SECOM mandou as explicações, mas sem os detalhes requeridos pelo jornal. A “Folha”, então, entrou com o mandado de segurança, em nome da “transparência”. Louvável a preocupação do jornal.

Quem há de ser contra a “transparência”?

O que esse escrevinhador não entende é por que a “Folha” só se preocupa com transparência federal. Transparência estadual, nem pensar. 

Caminhemos, então, para a transparência geral e irrestrita. O contribuinte de São Paulo, por exemplo, merece saber quanto o governo paulista gasta (ou gastou) com assinaturas da “Folha” e do “Estadão”. O contribuinte paulista merece saber porque o Estado contratou os serviços da editora Abril para fornecimento da revista “Nova Escola” – sem licitação. O caso foi denunciado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), como se pode ler aqui.

Esse escrevinhador não estranharia se, em breve, outros meios de comunicação entrarem com ação semelhante cobrando explicações sobre os gastos do governo paulista(incluindo a Sabesp, estatal de águas que anuncia até em Pernambuco)  ou do governo mineiro(que teria anunciado de forma generosa numa das rádios que – hoje se sabe – pertence a Aécio Neves). E fariam isso inspirados no louvável ato da “Folha” (que, certamente, não usou o mandado de segurança para pressionar a SECOM, nem para obter mais anúncios do governo federal).

Em nome da transparência no uso de recursos públicos – e mesmo na área privada – seria útil consultar o Ministério Público, o CADE e a CVM, para questionar:

- órgãos de comunicação impressos usam o IVC (que mede a circulação) para montar suas tabelas de anúncios; o IVC é confiável? quem controla o IVC?
- empresas privadas (com ação em Bolsa), que anunciam em jornais e revistas com base em tabelas baseadas no IVC, estão gastando o dinheiro dos acionistas de forma justa?

-  o bônus de veiculação (BV) que certas empresas de comunicação pagam às agências de publicidade (quanto mais dinheiro a agência concentra num determinado meio, mais ela recebe de volta, na forma de BV) não atenta contra as regras de concorrência e de livre mercado?

Ou seja: é o meio de comunicação que remunera a agência! O BV não é um “escândalo” estatal. É um escândalo do mundo privado da publicidade.  
São questionamentos pertinentes: em nome da transparência!

Sem falar num fato absurdo, que ainda hoje garante polpudos recursos aos jornais: a lei obriga empresas de capital aberto a publicar balanços em jornais “de grande circulação”.Pra que? O acionista já recebe relatórios por e-mail, tem acesso ao site da empresa. Alguém acredita que o acionista vai folhear a “Folha”, o “Estadão” ou “Valor” para saber detalhes do balanço de uma empresa em que investe? 

obrigatoriedade de balanço em jornal é uma forma de transferir recurso do acionista de grandes empresas para as famílias que controlam os jornais. É outro escândalo do mundo privado da publicidade. Um escândalo que mexe com bolso de cada um que tem dinheiro investido em ações.
No mandado de segurança, a “Folha” fala em “injustificável opacidade” de informações. Belíssima expressão! Quem assina a ação é a causídica Taís Gasparian – a mesma que, durante a campanha de 2010, em nome do mesmo jornal, lutou desesperadamente para obter o processo de Dilma no STM. A “Folha” queria saber o que Dilma dissera, sob tortura. Imaginem o uso que isso teria. Faz sentido, afinal a “Folha” é um jornal que abre espaço para o torturador Ustra.

Um jornal, certamente, transparente, em sua história e em suas intenções.  
Desde logo, esse blogueiro soma-se à “Folha” na busca de ”transparência” no mundo da publicidade. Transparência ampla, geral e irrestrita, incluindo BV, balanços de empresas, IVC e – claro – os gastos de publicidade de governos estaduais ricos – como os de Minas e São Paulo.

Viva a transparência total! Abaixo a transparência seletiva!

Por Paulo Henrique Amorim

“Mensalão” é o log in que o PiG (*) usa para abrir a página do Golpe contra os Governos trabalhistas do Nunca Dantes e da JK de saias.

Como se sabe, o mensalão começou com o tucano Eduardo Azeredo, em Minas, e já com a notável contribuição da dupla Marcos Valério e o passador de bola apanhado no ato de passar bola, o Dantas.

Houve também o mensalão daquele que seria o Vice na chapa do Padim Pade Cerra, o Arruda, naimbativel chapa do vídeo do Alexandre Maluf Garcia – Cerra / Arruda, vote num careca e leve dois.

E teve o mensalão do PT, que, como diz o Mino, tem mais cara de sobra de Caixa Dois – e o Caixa Dois em campanha é tão brasileiro quanto goiabada com queijo.

Ou como Paulo Preto, diria a revista IstoÉ.

Porém, o PiG empurrou o Governo Lula contra a parede e o mensalão só não resultou num Golpe, porque o Farol de Alexandria preferiu a estratégia do sangramento – deixar o Lula sangrar, chegar exangue à eleição e ele, o Herói do “isso vai dar m…” ,  voltaria ao poder nos braços do povo (de Higienópolis).

O Golpe bateu na trave, no momento em que o Duda Mendonça confessou que recebia do PT em paraíso fiscal.

Era só o grande estadista da Folha (**), Thomas Jefferson, atravessar a rua e assumir o Planalto.

Mas o Farol iluminou-se: e perdeu duas outras eleições.

Agora, o mensalão está por julgar-se, quando o passador de bola se encontrará, finalmente, com o Ministro Joaquim Barbosa.

O mensalão da Dilma, porém, já se desenha no horizonte.

É a Copa.

Clique aqui para votar na trepidante enquete “o que vai faltar na Copa, segundo o PiG ?”.

E o Governo Dilma terá dado algum motivo para isso, enquanto mantiver relações cordiais, cerimoniosas e obsequiosas com Ricardo Teixeira.

Porém, o PiG vai encostar a Dilma contra a parede até o apito final, no Maracanã.

Não vai ter aeroporto.

Estádio.

Roubalheira generalizada.

A começar pela ridícula denúncia de que os gastos da Copa seriam tão sigilosos quanto os segredos do Collor e do Sarney.

A Folha fez a denúncia vazia e teve que engolir um recuo a fórceps.

Clique aqui para ler “RDC: PiG é porta-voz das empreiteiras”.

“Dilma não quer cartel e PiG quer melar a Copa”.

Será uma luta sem quartel.

Com outro Palocci ou não, o PiG terá sempre essa faca nos peitos do Governo trabalhista: a Copa é, desde já, um fracasso.

E “Copa” é um tema que mobiliza todo brasileiro.

A denúncia cola, porque é sobre uma irregularidade futura, apenas uma possibilidade.

Mas, uma possibilidade desmoralizante..

Já imaginou se a Copa fracassar?

Nem dez PACs bem sucedidos consertam o estrago de uma Copa que, daqui a três anos, está inapelavelmente condenada pelo PiG.

O Ricardo Teixeira é o Roberto Jefferson da Dilma.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O "mar de rosas" das privatizações em SP - parte III

Cronologia de panes nos serviços prestados pela Telefônica



2 de julho de 2008: A rede da Telefônica começa a apresentar problemas, que refletem diretamente na banda larga, conexões dedicadas (de alta velocidade, utilizadas principalmente por empresas) e outros tipos de acesso.
3 de julho de 2008: O problema se intensifica durante a madrugada. A pane atingiu declientes corporativos aos estatais --registros da polícia de São Paulo, de acordo com a Secretaria da Segurança e a Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), foram afetados, além de 12 mil pontos do Intragov, a rede de comunicação utilizada pelo governo do Estado de São Paulo.
Serviços lotéricos, retirada de documentos, realização de boletins de ocorrência e atendimentos bancários são prejudicados. Especialistas afirmaram à reportagem da Folhaclassificaram o problema como "grave"; em nota, a Telefônica classifica o "evento técnico" --que ainda não tem explicação-- como "complexo e raro".
O Procon orienta usuários a procurarem indenizações judiciais. Embora a Telefônica tenha alegado que a pane afetou apenas clientes corporativos, os clientes em domicílio também alegaram falhas na conexão. A Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) diz que pedirá indenização pelos danos causados a partir da pane.
No final da noite, a Telefônica divulga nota na qual relata ter resolvido 80% dos seus circuitos que compõem a rede de transmissão de dados para serviços corporativos, mas ainda não divulga as causas da pane.
4 de julho de 2008: Mesmo após a Telefônica ter informado que a pane na rede da empresa foi solucionada, internautas afirmam que a dificuldade no acesso à internet continua. A Telefônica afirma que seus serviços de acesso à internet foram completamente normalizados por volta das 23h, em todo o Estado de São Paulo, mas não explicou as causas da falha.
Mesmo assim, provedores que utilizam o sistema da empresa ainda reclamam da qualidade da conexão, principalmente fora da capital de São Paulo. As declarações da empresa irritam internautas.
O ministro das Comunicações Hélio Costa admite que o sistema de transmissão de dados e banda larga da empresa é "vulnerável".
Em seguida, a Telefônica divulga nota afirmando que a pane foi gerada pela empresa teve origem em equipamentos responsáveis pelo roteamento (distribuição de dados) de sua rede. Também há a promessa de ressarcimento da pane, rejeitado por entidades.
5 de julho de 2008: Ao menos 3.500 empresas tiveram seus serviços prejudicadosdevido à pane. Internautas ainda reclamavam de conexão à internet; a Telefônica disse que sistema foi normalizado.
14 de julho de 2008: Após pane, a Telefônica anunciou o desconto de 120 horas da conta do Speedy.
21 de julho de 2008: Telefônica divulga postos de atendimento para clientes vítimas da pane da internet.
24 de julho de 2008: A operadora perdeu ao menos R$ 24 milhões com apagão de internet, de acordo com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
4 de fevereiro de 2009: Ministério Público move ação de R$ 1 bi contra Telefônica por danos a "milhões de consumidores nos últimos cinco anos".
25 de fevereiro de 2009: Data center da Telefônica localizado em Alphaville, na Grande São Paulo, foi atingido por um princípio de incêndio, fazendo com que sua operação fosse suspensa. De acordo com a empresa, o fogo foi controlado, mas foi necessário cortar a energia do prédio para a realização de uma vistoria. Sites de empresas ficam fora do ar.
6 de março de 2009: Speedy tem falha técnica e dificulta conexão em São Paulo.
13 de março de 2009: A Telefônica lidera, pelo terceiro ano consecutivo, o ranking de reclamações fundamentadas do Procon-SP em 2008 na cidade de São Paulo.
6 de abril de 2009: Usuários do serviço de banda larga Speedy começam a constatar problemas com a conexão, em uma pane que ocorreria por, ao menos, os seis dias seguintes. Durante os três primeiros dias, a empresa negou que a conexão estivesse com problemas. Os problemas prosseguiram.
8 de abril de 2009: Telefônica informa que houve problemas na conexão, e que "desde as 21h30 de ontem encontra-se funcionando dentro dos padrões de normalidade". O Procon informa que notificaria a Telefônica por falha no Speedy.
9 de abril de 2009: Após passar três dias evitando confirmar uma pane em sua rede --que deixou milhares de usuários sem acesso à internet em São Paulo--, a Telefônicaadmitiu e atribuiu os problemas a "ações externas e deliberadas", afirmando que o problema estava sanado. A pane prosseguiu durante a noite, quando a Anatel informou uma investigação a respeito.
10 de abril de 2009: Pane no Speedy persiste pelo quinto dia seguido. A Telefônica informou que sua rede não é vítima das supostas ações externas há três dias, que teriam prejudicado milhares de assinantes do Speedy. Apesar do término de tais invasões, ainda havia usuários reclamando de dificuldades no acesso ao serviço.
À noite, a pane na conexão Speedy, serviço de internet banda larga fornecido pela Telefônica, continuava a irritar internautas em São Paulo. Embora a Telefônica diga que o problema tenha sido solucionado na quarta-feira (8), protestos, reclamações e até mesmo súplicas são enviados à central de atendimento da empresa.
11 de abril de 2009: Reclamações dos usuários do Speedy diminuem.
17 de abril de 2009: Após pane, Telefônica diz que abateria 12 horas no valor do Speedy.
18 de maio de 2009: Usuários relatam novos problemas no Speedy, que foramconfirmados no mesmo dia pela empresa. Embora a empresa dissesse que resolveu o problema, ele se estende até o dia seguinte, segundo internautas e provedores.
20 de maio de 2009: Anatel anunciou que estava investigando nova pane nos serviços da Telefônica.
3 de junho de 2009: Telefônica divulgou um comunicado à imprensa, no qual informa que enviou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) um laudo elaborado pela fundação de tecnologia CPqD sobre as causas da pane na infraestrutura que dá acesso ao serviço de internet Speedy, registrada no começo do mês de abril. Segundo a nota, o laudo do CPqD aponta que "o problema na instabilidade do serviço foi causado por ações deliberadas e de origem externa", conforme já havia sido anunciado.
9 de junho de 2009: Assinantes da Telefônica enfrentam novos problemas em SP. Dessa vez, o problema tem enfoque na telefonia fixa.
No mesmo dia, em nota, a empresa informou que "às 11h30 de hoje, já haviam sido restabelecidos 95% dos serviços de voz em chamadas locais, de longa distância nacional e internacional, serviços 0800 e de call centers, além de chamadas para redes de outros serviços, como celulares, no Estado de São Paulo".
Em nota, a Anatel disse que acompanhava o problema com "extrema preocupação".
10 de junho de 2009: A Associação Pro Teste informou que moveria uma ação civil pública, a fim de pleitear que a operadora Telefônica desconte o valor da assinatura básica na próxima conta, devido à interrupção dos serviços de telefonia em São Paulo.
Sobraram críticas da Pro Teste à atuação da Anatel: "A Pro Teste repudia a atuação débil da Anatel, que não fiscaliza as concessionárias com o rigor adequado à importância dos serviços prestados. Considera que, também por causa desta omissão, tem havido reiteradas interrupções na prestação dos serviços, sem a devida reparação dos consumidores e penalização da empresa".
Em seguida, a Telefônica informou, por meio de comunicado, que vai descontar um dia de mensalidade dos assinantes. Segundo a companhia, o desconto acontece a partir da próxima fatura.
19 de junho de 2009: Segundo a Folha apurou, a Anatel proíbe Telefônica de vender assinaturas do Speedy.
22 de junho de 2009: A medida valeria a partir desta segunda-feira (22), mas o serviço ainda estava à venda, de acordo com atendentes.
2 de julho de 2009: MPF (Ministério Público Federal em São Paulo) recomendou que a Telefônica deixe de cobrar de seus clientes a multa pelo cancelamento do Speedy. Segundo a instituição, a recomendação foi feita em razão de a empresa não ter conseguido manter a qualidade do serviço. Empresaaceita a recomendação.
Na tarde do mesmo dia, usuários enfrentam problemas com a falta de conexão em São Paulo. A reportagem da Folhaesperou durante 10 minutos e 28 segundos até, finalmente, ser atendida pela central de atendimento ao cliente da Telefônica. Empresa confirma pane.
7 de julho de 2009: Câmara dos Deputados sabatina o presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente. Ele justifica as panes pelo aumento do tráfego e piratas virtuais, que agravaram os problemas do Speedy.
17 de julho de 2009: A Telefônica informa ter concluído 1ª parte de reestruturação e pede para voltar a vender o Speedy. O diretor executivo de rede da companhia, Fabio Michelli, diz que ampliação da rede deixou Telefônica vulnerável a ataques. O presidente da empresa, Antonio Carlos Valente, admite que a adequação à lei do call center foi difícil.
21 de julho de 2009: O ministro Hélio Costa (Comunicações) defendeu a liberação da venda do Speedy, da Telefônica, pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Para ele, a empresa já havia aprendido com a suspensão imposta pela agência --e mostrou que faria investimentos no serviço. Posteriormente, o ministro reavaliou a posição.
22 de julho de 2009: O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) multou a Telefônica em R$ 1,96 milhão por descumprir determinação do órgão em relação à oferta de provedores aos clientes Speedy.
28 de julho de 2009: A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) mantém a proibição da venda do Speedy até que a Telefônica tome novas providências para melhorar a prestação do serviço.
29 de julho de 2009: Usuários do Speedy relatam oscilação na banda larga em São Paulo.
30 de julho de 2009: As sucessivas panes no Speedy derrubaram as vendas do serviço de banda larga da Telefônica no segundo trimestre de 2009, segundo reportagem do jornal "Valor Econômico". O período (abril a junho) reflete sobretudo o impacto das falhas, já que a suspensão de vendas feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pegou apenas oito dias do trimestre em questão.
4 de agosto de 2009: Ministro Hélio Costa (Comunicações) disse que a liberação da venda do Speedy pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda deve demorar "alguns dias".
13 de agosto de 2009: O ministro Hélio Costa (Comunicações) afirma que a Telefônica já cumpriu todas as exigências da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para a liberação da venda do Speedy, e que isso deverá ocorrer na próxima semana. Costa disse que conversou com o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, e que ele está "razoavelmente satisfeito com os resultados que foram apresentados pela empresa".
20 de agosto de 2009: A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) adiou a decisão sobre a retomada da venda do Speedy, serviço de banda larga da Telefônica. O conselheiro Plínio Aguiar pediu vistas do processo, que deverá voltar à pauta da agência apenas na próxima quarta-feira.
26 de agosto de 2009: Anatel liberou a venda do Speedy. A Folha apurou que a operadora já havia sido notificada e que poderia voltar a comercializar os pacotes imediatamente. Se a Anatel entender que a prestação do serviço apresenta problemas, poderá suspender novamente a venda dos pacotes.
28 de agosto de 2009: O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) se reuniu com a Telefônica para debater os problemas enfrentados pelos consumidores devido às falhas nos serviços prestados pela companhia.
31 de agosto de 2009: O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, anunciou que a venda de pacotes do serviço de banda larga Speedy chegaria a 20 mil até o final do dia --cinco dias após a liberação das vendas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). No mesmo dia, em entrevista coletiva, o diretor-executivo de clientes residenciais da empresa, Fabio Bruggioni, classificou o Speedy como um serviço ""querido" pelos clientes da companhia.
8 de setembro de 2009: As linhas de telefone fixo da Telefônica na cidade de São Paulo passam por problemas, sem receber chamadas. A Telefônica confirmou uma pane. A empresa confirmou o abatimento automático de um dia nas mensalidades dos clientes.
9 de setembro de 2009: O governador do Estado de São Paulo, José Serra, declaraque "é possível propor uma ação civil pública para compelir a empresa a cumprir o contrato e respeitar o direito dos consumidores".
À noite, uma empresa terceirizada da Telefônica, a Trópico Telecomunicações, informouque a chuva com "excessivas descargas elétricas" da manhã da terça-feira afetou seriamente três de seus equipamentos de sinalização, o que seria o motivo da pane na telefonia fixa de São Paulo.
11 de setembro de 2009: A Telefônica descartou que a falta de investimento em infraestrutura seja o motivo das panes ocorridas neste ano em São Paulo. A declaração foi dada pelo diretor-executivo da empresa, Fábio Bruggioni, à Rádio Bandeirantes.
15 de setembro de 2009: Procon-SP abre cinco processos contra Telefônica devido a panes de telefonia fixa (duas, ocorridas na última terça-feira e em junho) e do Speedy (três, nos meses de fevereiro, abril e maio), cada qual relativo a uma interrupção nos serviços. Somadas, as multas podem chegar até R$ 16 milhões, conforme estabelece o Código de Defesa do Consumidor.
23 de setembro de 2009: A Telefônica informou que concluiu parte da segunda etapa do seu plano de reestruturação da rede de banda larga. A etapa, cuja previsão de cumprimento era de 90 dias no plano de trabalho apresentado em 26 de junho à Anatel, permitiu, entre outras medidas, a ampliação para 140 Gbits da capacidade do toll-gate (cabos submarinos).
29 de setembro de 2009: Em entrevista à coluna Mercado Aberto da Folha e, posteriormente, em nota divulgada à imprensa, a Telefônica anunciou medidas de ampliação na rede de telefonia da empresa, em resposta às duas panes ocorridas nos meses de junho e setembro deste ano.
18 de novembro de 2009: Termo de ajustamento de conduta --selado entre Telefônica, Procon-SP e Promotorias de Justiça do Consumidor e de Infância e Juventude-- determina que Telefônica realize projeto social com enfoque no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, a fim de compensar a pane ocorrida entre os dias 2 e 3 de julho de 2008.
12 de março de 2010: Telefônica lidera, pelo quarto ano consecutivo, as reclamações dos consumidores em 2009, segundo ranking divulgado pela Fundação Procon-SP.
16 de março de 2010: Reportagem da Folha apura que sanções à Telefônica por mau atendimento podem chegar a R$ 25 milhões em multas. Ao longo de 2009, a Telefônica registrou 15.337 demandas não solucionadas que acabaram virando processos no órgão de defesa do consumidor. A maior parte delas foi registrada no primeiro semestre, quando os problemas com o provedor Speedy fizeram a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) proibir a venda do produto.
30 de abril de 2010: A juíza Jane Franco Martins Bertolini Serra, da 40ª Vara da Fazenda de São Paulo, condenou a Telefônica a pagar uma indenização de R$ 60 milhões por falhas nos serviços de telefonia, banda larga, TV a cabo e também pelo atendimento deficiente às reclamações e solicitações dos consumidores.
20 de julho de 2010: Mesmo com a punição da Anatel, a unidade brasileira do grupo espanhol Telefónica anunciou que superou a marca de 3 milhões de clientes para seu serviço de banda larga Speedy.
Segundo a empresa, entre 1º de janeiro e 15 de julho, o crescimento da base de assinantes foi de 363 mil, o que indica uma alta de 14% sobre o fim de 2009.
13 de junho de 2011: Serviço de banda larga Speedy, da Telefônica, sai do ar por volta das 17h15, de acordo com relatos de consumidores. No Twitter, usuários disseram que o problema acontecera em todo o Estado de São Paulo, e que o restabelecimento do serviço levaria, pelo menos, quatro horas. Mais tarde, a companhia confirma o problema, alegando que a pane foi causada por problemas em equipamentos que fazem a conexão da rede brasileira com sites internacionais.

O "mar de rosas" das privatizações em SP - parte II

Da Folha
 
Problema ocorreu entre as 17h45 e as 18h30 e afetou tanto a capital como regiões no litoral e no interior
Em 2009, Anatel havia proibido Telefônica de vender pacotes de banda larga após vários problemas de conexão
DE SÃO PAULO
Um apagão no serviço de internet Speedy, da Telefônica, deixou boa parte dos usuários do Estado de São Paulo sem conexão ontem.

O problema aconteceu entre as 17h45 e as 18h30 e afetou tanto a capital como regiões do interior e do litoral.

Após a volta da conexão, usuários enfrentaram lentidão para navegar na rede e não conseguiam se conectar em sites internacionais.

A Telefônica não soube informar quantos foram os usuários afetados ontem.

A empresa tem cerca de 3,5 milhões de clientes do serviço Speedy em São Paulo.

Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o problema aconteceu porque algumas estações de rádio da Telefônica sofreram pane, deixando os usuários sem conexão na capital paulista.

Até o início da noite, problemas em outras regiões também estavam sendo investigados.

Segundo a Telefônica, no entanto, o problema atingiu dois equipamentos (roteadores) que fazem a saída internacional de tráfego da internet, ou seja, que ligam os acessos brasileiros com o mundo.

Isso impossibilitou a conexão com sites globais.

A empresa informou que, com o alto volume de usuários tentando religar o modem simultaneamente, houve sobrecarga na rede, o que dificultou o acesso.

O "mar de rosas" das privatizações em SP - parte I

Por Patrícia Arroyo, do Brasil Econômico*
O número de clientes insatisfeitos com os serviços da AES Eletropaulo cresce anualmente, assim como o lucro da concessionária, que de 2009 para 2010 teve um aumento de 16,5%.
Os problemas recentes de falta de energia na capital paulista indicam que a melhoria do serviço não acontece. De quebra, as multas aplicadas pelos órgãos reguladores e de defesa do consumidor são proteladas por meio de recursos judiciais.
Desde 2003, a concessionária foi multada pelo Procon em R$ 18 milhões pela má prestação do serviço de energia. Do total, pagou apenas R$ 3,5 milhões. A Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) aplicou mais de R$ 10 milhões em multas desde 2007, porém foram pagos somente cerca de R$ 600 mil. Demais punições estão em estágio de recursos.

“Vale ressaltar que grande parte dessas multas foi aplicada de meados do ano passado para cá e a concessionária pode recorrer tanto na esfera administrativa quanto na judicial”, afirma a Aesesp por meio de assessoria.
O advogado e presidente da comissão de defesa do consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil, José Eduardo Tavolieri, afirma que, se a empresa perder os recursos na esfera administrativa, pode ainda recorrer à esfera judicial e a estimativa de tempo para que haja um veredito é de cinco a 15 anos.
Insatisfação
Segundo relatório do Procon, a Eletropaulo deixou de atender no ano passado 71% das reclamações recebidas e alcançou o sexto lugar no ranking geral das empresas que mais recebem ocorrências. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contabilizou 16.331 reclamações em 2010, três vezes mais que as recebidas em 2009.
“O aumento crescente nas reclamações é devido um nível insuportável de insatisfação, pois a sociedade depende do serviço essencial que a empresa presta. A Eletropaulo vem agindo com falta de atenção e respeito aos consumidores”, afirma Tavolieri. Ele acrescenta que a empresa está dando justo motivo para a declaração de caducidade. “Entre os motivos de perda da concessão que a lei prevê está a perda da capacidade técnica”.
Para o professor doutor em engenharia elétrica Márcio Nestor Zancheta, a capacidade técnica da Eletropaulo deixa a desejar. “Quase todos os cabos de energia da concessionária estão com o alumínio exposto”.
Ele explica que se os cabos fossem encapados, mesmo com a chuva forte e vento, o abastecimento não seria interrompido, como aconteceu na última semana.
“O que ocasionou maior parte do problema foi o encontro entre os cabos, devido ao forte vento. A queda das árvores causou também alguns danos, mas substancialmente menores”.
O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, critica a administração da concessionária pela piora na qualidade do serviço. “As reclamações aumentaram desde a posse de Britaldo Soares como presidente-executivo, em 2007. Sua gestão é voltada somente para o setor financeiro”. Ele afirma que o governo está fazendo o que pode para cobrar da Eletropaulo um serviço satisfatório à população.
“Nós já tivemos inúmeras conversas com o presidente e a diretoria da empresa, todas sem resultado. É um diálogo ambíguo, eles dizem uma coisa e falam outra. A gestão foca somente o lucro e não investe”.
Por nota, a assessoria da Eletropaulo afirma que “a empresa tem realizado investimentos crescentes à razão de 14% ao ano. Em 2011, serão investidos R$ 720 milhões em manutenção e expansão da rede elétrica”. Em todo o ano passado, a companhia apurou lucro líquido de R$ 1,34 bilhão.
Questionado sobre uma possível retomada da concessão da concessionária pelo governo, Aníbal prefere não opinar. “Estamos analisando a questão da concessão, não quero especular sobre isso agora”.
*Publicado originalmente pelo Brasil Econômico.

domingo, 12 de junho de 2011

O câncer que estrangula o crescimento do Brasil

Por José Carlos Ruy
Colaborou Verônica Bercht
Uma escandalosa transferência de recursos dos cofres públicos para os bolsos dos especuladores financeiros está em curso no país. Ela é promovida pelos gigantescos aumentos de juros ditados pelo mecanismo de combate à inflação, imposto ao Brasil pelo FMI na crise de 1998/1999 e mantido em vigor até hoje.
A economista Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora do portal Auditoria Cidadã da Dívida e assessora da CPI da Dívida Pública da Câmara dos Deputados (2009-2010) escreveu recentemente um artigo (Le Monde Diplomatique Brasil, junho de 2011) onde explica, com base em dados do orçamento da União para 2010, a extorsão que está na base da política macroeconômica ainda em vigor.
A inflação é controlada por dois mecanismos que, juntos, satisfazem os interesses dos especuladores e estrangulam o desenvolvimento do país. Um deles é regido pela Circular 2868/1999 do Banco Central, que estabelece o Regime de Metas de Inflação, um mecanismo de controle de preços que obriga o governo a aumentar os juros toda vez que a taxa de inflação corrente ultrapassar a taxa de inflação prevista para o ano. Ela está baseada na teoria conservadora de que a inflação existe quando o povo consome e que os juros são um freio para ela pois, ao “desaquecer” a economia, freiam o crescimento econômico, baixando os salários e, em consequência, diminuindo o dinheiro que o povo tem para gastar.
O outro mecanismo de combate à inflação está baseado no controle do volume de moeda em circulação. Esse controle é feito pelo Banco Central através das “chamadas ‘operações de mercado aberto´”, por meio das quais aquela instituição entrega títulos da dívida pública às instituições financeiras em troca do excesso de moeda nacional ou estrangeira informado pelos bancos.
Quando o volume de dinheiro em circulação é alto, a teoria econômica diz haver ameaça de inflação, que o governo combate adotando medidas para “enxugar” o mercado vendendo títulos da dívida pública para os donos desse dinheiro excedente. Isto é, toma o dinheiro emprestado e paga juros por ele.
No caso brasileiro atual esse volume excedente de dinheiro é provocado pela entrada de dólares no país, basicamente na forma de investimentos especulativos. Como os dólares não podem circular no Brasil, só há duas portas de entrada para a riqueza representada por eles. Uma é a entrada de mercadorias e serviços importados que podem ser pagos com eles. A outra é sua aplicação em títulos do governo – os dólares ficam com o Banco Central, que entrega um título a seu proprietário e paga juros por ele. Estas trocas são chamadas, no jargão financeiro, de “operações de mercado aberto”.
Atualmente, os conservadores, ligados às instituições financeiras e aos que especulam com títulos da dívida pública, dizem que a inflação brasileira é de “demanda”; isto é, teria mais gente querendo comprar do que a quantidade de mercadorias disponível, e isso provocaria uma espécie de leilão que faz aumentar o preço das mercadorias. Justificam o emprego da alta dos juros contra a inflação pois, ao travar a produção e empobrecer o povo, ela diminui a procura por mercadorias fazendo, esperam eles, a inflação cair.
Fattorelli contesta esta forma de pensar, afirmando que a atual inflação brasileira tem outra causa: ela seria provocada pelo aumento dos preços dos alimentos e pelos preços administrados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, transporte público, serviços bancários etc.), que independem da relação entre oferta e procura dentro do país.
E também, poderia acrescentar, em consequência da enxurrada de dólares despejados pelo governo dos EUA no mercado internacional para resolver seus próprios problemas econômicos, com muitos efeitos perversos sobre o comportamento dos preços. Ao serem aplicados especulativamente em países como o Brasil, onde os juros são altos, uma dessas conseqüências negativas é obrigar o governo a retirar do mercado o excesso de dólares sendo desta maneira um dos fatores que alimentam o processo inflacionário.
“Para combater este tipo de inflação – denominada inflação de preços –”, diz ela, “o remédio adequado é o efetivo controle de tais preços, o que poderia ser feito pelo governo sem grandes dificuldades, já que estamos falando justamente de preços administrados, que em tese devem ser geridos pelo poder público”. O controle da Petrobrás sobre o preço dos combustíveis é um exemplo deste uso dos preços administrados para manter a inflação sob controle.
Ocorre que, depois do vendaval de privatizações promovido sobretudo por Fernando Henrique Cardoso na década de 1990, estes serviços estão privatizados e as empresas monopolistas que os controlam querem lucros cada vez mais altos, obtidos com o aumento das tarifas. E provocando assim, um choque inflacionário direto.
Em 2009-2010 a Câmara dos Deputados realizou uma CPI para investigar a Dívida Pública e ela apurou, diz a autora, que a forma usada pelo Banco Central para fixar as taxas de juros está longe de ser científica e envolver cálculos, por exemplo. Ela é feita – como o próprio Banco Central informou à CPI – através de consultas a “analistas independentes”, não tão independentes como a expressão sugere mas ligados principalmente aos bancos e instituições financeiras. Ligados aos especuladores que se beneficiam com a alta dos juros.
“A CPI requereu ao Banco Central os nomes dos participantes dessas reuniões e a resposta permitiu confirmar o que já se esperava: a imensa maioria deles (95%) faz parte do setor financeiro, ou seja, são representantes dos bancos, fundos de investimento ou consultores de mercado. São justamente os maiores interessados nas elevadas taxas de juros, que lhes proporcionam elevados lucros, configurando evidente conflito de interesses”, escreveu ela.
É com base nas informações interessadas destes agentes dos especuladores que o Banco Central decide se é necessário tirar dinheiro de circulação e aumentar a taxa de juros para combater a inflação. É a raposa tomando conta do galinheiro: aqueles “analistas independentes” são aquilo que a mídia apelida de “mercado”. Eles são representantes dos credores da dívida pública, ou seja, daqueles que adquirem os títulos que o governo usa para retirar dinheiro da circulação, títulos que se valorizam com o aumento dos juros e aumentam os lucros daqueles especuladores. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, em abril de 2010 estavam divididos assim: os fundos de pensão eram donos de 16% da dívida pública; os fundos de investimento, 21%; as empresas não financeiras, 8%; os bancos nacionais e estrangeiros 55%.
Aqueles mesmos “analistas independentes” ligados a estas instituições são os que, na outra ponta, difundem pela mídia análises alarmistas sobre o desempenho da economia brasileira, fomentando o medo que justifica uma política econômica conservadora, baseada em altos juros e no enriquecimento cada vez maior daqueles que se beneficiam com eles.
O gráfico e a tabela publicados neste artigo, elaborados a partir de dados coletados pela Auditoria Cidadã da Dívida, são eloquentes. Em 2010, o orçamento da União foi de 1,414 trilhões de reais e 45% dele referiam-se aos juros, amortizações e refinanciamentos da dívida, chegando ao total de 635 bilhões de reais. As demais despesas do governo ficavam espremidas na outra parcela do orçamento: 9,2% para transferências a Estados e Municípios; 22,12% para a Previdência Social e 23,71% do orçamento para todos os outros gastos do governo, entre eles Saúde, Educação, Defesa Nacional etc. A capacidade de investimento do governo para fomentar o crescimento da economia fica evidentemente prejudicada, também, pela política de juros altos em vigor.
É uma armadilha financeira que, como uma dívida feita com um agiota, não para de crescer e vai tornando-se cada vez mais impagável. O governo não desembolsa todo ano o total dos juros devidos, mas paga apenas uma parte deles (em 2010 foram cerca de 150 bilhões de reais), refinanciando o restante. Em consequência, a parte não paga é capitalizada e engorda ainda mais a dívida pública, cujo total em 2010 foi de 2,2 trilhões de reais (superando o próprio orçamento da União) e fazendo crescer ainda mais a fatia do orçamento que representa os juros devidos aos especuladores. Por exemplo, o aumento de 0,25% na taxa Selic decidido na última quarta feira (dia 8) significa, numa tacada, um aumento de 5,5 bilhões de reais que o Tesouro Nacional passa a entregar aos especuladores da dívida pública, a título de juros. É uma despesa sem licitação e que corresponde, por exemplo, à parcela destinada para Ciência e Tecnologia no orçamento federal de 2010, ou a mais de quatro vezes o orçamento destinado à Cultura no ano passado.
São dados que mostram mais uma vez, como se fosse necessário, que o grande mal da economia brasileira, que impede o crescimento mais rápido do país e a conquista do bem estar para nossa população, é a especulação desenfreada com a dívida pública e a ciranda de juros cada vez mais altos que ela alimenta. Um cálculo feito pela Auditoria Cidadã da Dívida revela que, com aqueles 635 bilhões sugados pela especulação, seria possível, por exemplo, construir 20 milhões de casas populares (a 30 mil reais cada), ou contratar por um ano, 2 milhões e meio de médicos ganhando 10 mil reais ao mês; ou aumentar o salário mínimo dos atuais 545 reais para 2.660 reais.
Fattorelli indica alternativas para o controle da economia capazes de corrigir estas distorções. “Alternativas para o efetivo combate à inflação existem”, diz ela, “e são muito mais eficientes: redução da taxa de juros; controle e redução dos preços administrados; reforma agrária para garantir a produção de alimentos não sujeitos à variação internacional dos preços das commodities; controle de capitais para evitar o ingresso de capitais abutres, meramente especulativos, e fugas nocivas à economia real; adoção de medidas tributárias apropriadas ao controle de preços. Para que essas medidas sejam adotadas, é necessário enfrentar o endividamento público, câncer que adoece nosso país e impede o curso da justiça”.
Há uma conclusão, neste debate, que interessa particularmente aos trabalhadores, mas também aos demais setores produtivos: ao aplicar uma política de juros elevados como a que está em vigor, o estado brasileiro funciona como um autêntico repassador de enormes volumes de riquezas, que são geradas no setor produtivo da economia, para as contas bancárias daqueles que vivem da especulação e do movimento do dinheiro, e que estão no Brasil e no exterior. É preciso reconhecer que esta espoliação não decorre de imposições técnicas da economia; ela é política, e resulta do controle de parcelas importantes do estado brasileiro pelos donos do dinheiro.
Mudar esta política depende da mudança da correlação de forças na sociedade e da capacidade dos trabalhadores e demais setores produtivos imporem seus interesses e objetivos, levando a uma queda no volume de juros e da dívida pública. Esta queda significa a redução do controle da riqueza nacional pelos especuladores, e este objetivo só pode ser alcançado com muita determinação e muita luta, na qual os trabalhadores precisam ter um papel decisivo.

Aos que passaram o dia dos namorados sozinhos (as)

Estar sozinho não é ser sozinho. Estar sozinho é estar consigo mesmo, refletir sobre sua história, seu momento e seu provável.

A melhor lição que se aprende quando passa-se por esse período é a de se amar. Pra ser feliz nesse mundo, sem depender de ninguém pra que isso aconteça, é indispensável aprender a se amar. É essencial.

Mas não se ame incondicionalmente ao ponto do egoísmo. Não, você não esta acima de todos. Amar é servir, é se doar ao próximo sem querer nada em troca, sem esperar, até mesmo, que ele retribua esse amor. Aprender a servir é aprender a ser gentil, a gentileza desmonta o pior dos inimigos deixando-os sem ação.

Não condicione a sua felicidade a outra pessoa, a sua felicidade depende só de você, mais ninguém. Quando aprendemos a nos amar, a felicidade acontece naturalmente, as pessoas que auxiliarão o acontecimento da felicidade – vejam bem, só auxiliarão e não serão peças chave – se aproximarão e farão parte do momento. Elas provavelmente, depois de um tempo, irão embora, ou não, mas quem você ama acima de tudo nunca irá, permanecerá até o ultimo dia da sua vida, VOCÊ.