sábado, 16 de abril de 2011

A burguesia "ignorante" formada pela mídia e pelo PSDB




Hoje somos auto-suficiente pois dividimos o consumo da gasolina com o etanol em decorrencia da expansão dos carros flex. Houve um aumento na gasolina nos ultimos dias por um motivo, o açucar. Explico:
A alta das cotações de preço do açúcar nos últimos tempos fez com que os produtores optassem por destinar a colheita da cana à produção de açúcar ao invés do alcool, pressionando a oferta do etanol justamente num período de entre-safra.
Conseqüência:
A migração em massa, dos consumidores portadores de carros flex, do Etanol para a Gasolina.
Com essa variação abundante de demanda, a Petrobrás foi obrigada a importar Gasolina e repassar ao consumidor final a alta expressiva da cotação do petróleo no mercado internacional que pulou de US$ 80,00/barril para a casa dos US$120,00/barril nos últimos meses.
Em suma, enquanto auto-suficientes, o preço da gasolina não se alterou, nem com a pressão do preço do alcool que compõe 24% do litro da Gasolina e nem com as cotações do preço do Barril de petróleo. O aumento ocorreu em decorrência da necessidade da importação da Gasolina para suprir a demanda imediata no país.
Os impostos continuam os mesmo, não se alteraram, então é infundada a declaração do Daniel de que o aumento é culpa dos impostos. Eles realmente são altos, mas não foram os responsáveis.

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Sugestão:

Vamos estudar um pouquinho Daniel?

Da pra confiar e ler um jornal desses?




da capa de O Globo, em 11/04/2011, sob o título Polícia investiga se atirador planejou massacre com grupo, numa cobertura repleta de 11 de setembro, terrorismo, muçulmano, mesquita, islâmico, Alcorão e extremista.
14/04/2011 – 19h43
Polícia ouve jovem que teria sido citado em manuscritos do atirador de Realengo (RJ)
Hanrrikson de Andrade
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
O titular da Divisão de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro, o delegado Felipe Renato Ettore, tomou na tarde desta quinta-feira (14) o depoimento de um jovem cujo nome foi citado em um dos manuscritos deixados pelo autor do massacre na escola municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de Oliveira, em Realengo (zona oeste da cidade), no último dia 7.
Identificado como “Abdul”, o rapaz disse ter estudado com Oliveira no mesmo colégio –o atirador foi aluno da Tasso da Silveira entre 1999 a 2002 –e, segundo o delegado, pode ter sido uma das pessoas a terem feito brincadeiras com o atirador, que se suicidou após o massacre.
Segundo Ettore, Abdul, que não possui relação com o Islamismo, tampouco tem origem árabe, “é um sujeito extremamente tranquilo” e “ficou chocado com o crime” no qual 12 adolescentes de 12 a 15 anos foram mortos.
Ainda conforme o policial, no entanto, “não há como se confirmar” se esse mesmo rapaz é o citado no manuscrito de Oliveira. “Mas ele não tem relação (com o crime), sequer se lembrava do Wellington. Abdul é um cara extrovertido e brincalhão, que pode, inclusive, ter brincado com o Wellington e causado um trauma”, afirmou.
De acordo com o delegado, depoimentos de outros colegas da indústria de alimentos onde Oliveira trabalhou até agosto de 2010 apontam que o rapaz vinha economizando para supostamente comprar um carro.
Nos manuscritos que a Polícia Civil encontrou na residência de Oliveira em Sepetiba, o autor do massacre revelava detalhes de um relacionamento conturbado com sua família. Os papéis encontrados não possuem data e, na maioria dos trechos, são desconexos.
Um dos diversos pontos obscuros nos textos do atirador diz respeito a um “grupo”, do qual ele fazia parte e acabou se distanciando. Abdul é um homem citado por ele supostamente enviado ao Brasil por seu pai (não fica claro se ele se refere a seu pai adotivo ou usa a palavra “pai” num contexto espiritual).
O autor do texto conta um desentendimento que teve com Abdul e outro homem chamado Phillip, por este ter usado indevidamente seu computador para ver imagens pornográficas:
“Me sinto frustrado… Tive uma briga com o Abdul e descobri que o Phillip usava meu PC para ver pornografia [...] resolvi falar sobre a menina q me convido a ir a igreja dela e antes d eu terminar ele [Abdul] já foi se exaltando dizendo que eu era para cortar ela logo no início ao invés de ouvi-la. Depois disso ele me ligou umas vezes e eu disse q estou saindo por respeito ao grupo. Eu também me considero errado por ouvi-la… [...] Essa minha saída do grupo me deu forças para reconhecer q agi errado em escuta aquela mulher. Eu não gostei d sair mas sei q é o certo”.
Não fica claro quem era a menina a quem Oliveira se referia, tampouco há detalhes sobre a composição, a dinâmica e o intuito deste suposto grupo.
Destinatário desconhecido
Além de servirem como plataforma para que Oliveira expressasse algumas ideias e sentimentos pessoais, alguns trechos dos manuscritos divulgados parecem ser parte de uma correspondência. O autor usa diversas vezes a palavra “você” e também escreve “tenho uma coisa a te dizer”, o que sugeriria um possível destinatário.
O delegado titular da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, Felipe Ettore, não acredita em nenhuma motivação religiosa para o ataque do último dia 7 de abril e sustenta que Oliveira agiu sozinho, movido por uma doença mental.
No entanto, a Polícia Federal já entrou no caso para investigar as ligações que o autor do massacre possuía, a fim de averiguar se outra pessoa pode ter tido alguma participação no caso. A Justiça do Rio quebrou o sigilo eletrônico do atirador e ordenou que o Google forneça dados sobre ele às autoridades policiais à frente das investigações.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Opa Opa!! Quem és tu pra falar?

Por Marcio Morais


José Serra estréia como colunista do estadão e faz uma análise da parceria comercial entre Brasil e China.


O texto é coerente e trata de um assunto de suma importância sob o ponto de vista estratégico para o Brasil.


Mas José Serra só esqueceu de olhar o próprio "rabo" nessa história toda, já que ele faz uma breve regressão no tempo de trinta anos, mas, não cita em nenhum momento os oito anos de gestão de seu partido e suas responsabilidades.






Vamos entender:


Podemos dizer que a estratégia central da China no Brasil é o minério de ferro. A China vem fazendo investimentos pesados nesse sentido. 




Pergunto:


Qual é o maior fornecedor de minério de ferro para a China?


Resposta fácil:


A Vale.


Quem privatizou (ou doou?) a Vale?


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O Senhor Roger Agmelli, ex-presidente da Vale e que administrou a mineradora em quase todo o periodo pós privatização ( ou pós doação?), é um dos grandes responsáveis, depois de FHC, pelas condições comerciais entre os asiáticos e nós hoje. Em 2009 o então presidente Lula teve um desentendimento com Agnelli. Para o ex-presidente Lula, a Vale teria se acomodado a simplesmente vender o minério extraido. Para Lula, era preciso fazer investimentos em produção que agregassem valor a commodity, como a produção de aço e vias ferrias.


Acho que o primeiro passo foi dado com a saída de Agnelli, agora é preciso de uma regulamentação estratégica, porque hoje, tenho que concordar com Sérra, a China é mais uma ameaça do que uma oportunidade para o Brasil.

Clique aqui para ler José Serra no Estadão

terça-feira, 12 de abril de 2011

O golpe de 64, Ditadura Militar ( Um pouco de história), vale apena ler.

O SBT estreou na ultima terça-feira a novela "Amor e Revolução". A trama se passa na decada de 60, mais precisamente na época do golpe militar, em 1964, que derrubou o vice-presidente João Goulart que tornara presidente com a renúncia de Jânio Quadros três anos antes.

Eu confesso que não consigo assistir novelas já faz tempo, uma que as histórias são quase todas com o mesmo enrendo, fracas e com uma qualidade técnica precária.

Mas coloco abaixo uma reprodução de um post do Senhor Eduardo Guimarães publicado no blog da cidadania, que conta um pouco do papel da Folha de São Paulo naquela época, além de um depoimento emocionante de uma torturada, Rose Nogueira, que trabalhou no Jornal da Tarde, este antecessor à Folha. 
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Reproduzo post do Eduardo Guimarães publicado no Blog da Cidadania:

A Folha de São Paulo ficou enfurecida com o relato real de torturado que a novela Amor e Revolução levou ao ar ao fim do seu capítulo da última quinta-feira. Foi por isso que o jornal pôs, neste domingo, seu colunista-bombril, Fernando de Barros e Silva, para atacar a produção do SBT.

O relato que enfureceu o jornal paulista foi o de Rose Nogueira, que, sorvendo uma doce vingança, citou a Folha da Tarde ao descrever as sevícias que sofreu nas mãos da ditadura. Quem é Rose Nogueira? Ah, ela tem uma história com o Grupo Folha…

Antes de tratar do disparo que a Folha fez no que viu e que errou, porque pegou no que não viu, relembremos quem é Rose. Ela foi presa em São Paulo em 1969 e solta em 1970. Era jornalista da Folha da Tarde – jornal antecessor da Folha de São Paulo, também de propriedade da família Frias – e foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Antes de prosseguir, peço que o leitor assista, abaixo, ao depoimento que Rose deu ao SBT para ser exibido em sua novela. Atente para o fato de que ela põe ênfase no nome da Folha da Tarde, citando-a duas vezes. Em seguida, continuo.






Se o prezado leitor já se recuperou do choque que relato tão duro causa, vejamos por que Rose cita a Folha. E será melhor usar as próprias palavras da depoente para explicar o que tem o seu antigo empregador que ver com o que ela passou na ditadura:


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Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”.

Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.

Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.

Não sabíamos disso. Nem eu nem Cláudio Abramo, que tentou interferir para me reconduzir ao trabalho na saída da prisão, sem sucesso. Imagino que ninguém da empresa, atualmente, deva saber ou se interessar por esse assunto. A culpa não é deles. Não sei se isso mudou a minha história, a minha vida. Estou viva.



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Pois é… Duro, não?

Enfim, mas a questão é que a Folha não gostou. Apesar de, durante as comemorações dos seus 90 anos, o jornal da ditadura ter reconhecido a parte legal de sua atuação pró regime militar, há partes que os Frias não aceitam discutir porque depõem contra a memória do patriarca da família, hoje na terra dos pés juntos.

Vamos, pois, ao ataque do poodle mais feroz do Otavinho à novela do zangado Senor Abravanel, que não gostou nada, nada de a mídia tê-lo exposto no caso do Banco Panamericano com o Fundo Garantidor. E, em seguida, o que penso do que escreveu.



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FOLHA DE SÃO PAULO

10 de abril de 2011

Aposta do SBT não vale como ficção nem como documento

Enredo confunde dados históricos e direção remete a dramalhão mexicano

NA NOVELA COM INTENÇÕES EDIFICANTES, ADULAR A PRESIDENTE PARECE MAIS IMPORTANTE QUE ESCLARECER AS MASSAS

FERNANDO DE BARROS E SILVA
COLUNISTA DA FOLHA

Líder estudantil delicada e idealista, filha de pais comunistas, Maria Paixão (Graziela Schmitt) é a heroína da trama. Seu par romântico é José Guerra (Claudio Lins), jovem major fiel aos ideais democráticos, filho do general Lobo Guerra, da linha dura do Exército. “Maria” e “José”, “Paixão” e “Guerra” -isto é “Amor e Revolução”, novela sobre a luta armada que estreou na terça, no SBT.

Mais do que maniqueísta, tudo é muito primário. O principal vilão, supostamente inspirado na figura de Sérgio Paranhos Fleury, o chefe torturador do Dops (a polícia política da ditadura), se chama Delegado Aranha (Jayme Periard). Seu assistente no porão da tortura é o inspetor Fritz (Enando Tiago).

O assunto é sério, o SBT criou enorme expectativa em torno da novela, mas o resultado é uma piada.

As novelas da Globo, que nos servem de referência, também são ruins. Em “Passione”, para citar um exemplo recente, havia uma mixórdia de gêneros - o pastelão farsesco, a trama policialesca, o drama social, o folhetim romântico - convivendo num mesmo enredo, obviamente desprovido de qualquer unidade dramatúrgica.

Esse Frankenstein estilístico é uma aspiração deliberada da novela global, uma fórmula com que a emissora busca atender às demandas de um público heterogêneo, que ela trata de massificar diante da tela.

“Amor e Revolução” é ruim em outro sentido. O SBT quis fazer um banquete, mas não domina a receita do suflê. Tudo é tecnicamente precário, mas não exatamente “pobre”. Temos uma superprodução “trash” - ou, talvez, uma “supertrash” produção.

A direção de atores nos remete àqueles dramalhões mexicanos. Os diálogos são postiços, ginasianos e involuntariamente cômicos - uma mistura de CPC (os centros culturais do catecismo socialista dos anos 60) com “A Praça É Nossa”.

Eis um exemplo: um casal de guerrilheiros veteranos está num sítio idílico, à beira da cachoeira. Jandira (Lúcia Veríssimo) se vira para Batistelli (Licurgo Spinola) e pergunta: “Você me trouxe aqui para fazer amor ou fazer a revolução?”. E ele: “Os dois. O amor cria tudo, a revolução muda tudo”. Os dois então se amam nas águas, na mesma toada da novela “Pantanal”.

Não é só. Falta a “Amor e Revolução” aquele mínimo de verossimilhança que a ficção com pretensões históricas deveria ter. A novela começa com uma chacina de estudantes que articulavam a guerrilha numa chácara. Os assassinos são Lobo, Aranha e sua turma. Mas tudo isso se passa antes do golpe de 31 de março de 1964.

Não havia, então, guerrilha no Brasil. A tortura contra adversários da ditadura só seria adotada pelo regime de modo sistemático depois do AI-5, em 1968. “Amor e Revolução” mistura tudo no liquidificador. Não presta como obra de ficção nem tem valia como documento histórico.

Restam, além das cenas abundantes de tortura, os depoimentos de personagens reais ao final de cada capítulo, como costuma fazer Manuel Carlos. É bom que o povo que gosta do programa do Ratinho conheça os horrores de que foi capaz a ditadura.

Na novela com intenções edificantes do SBT, porém, adular a atual presidente parece mais importante do que esclarecer as massas.

NA TV

Amor e Revolução

Novela de Tiago Santiago no SBT

QUANDO de seg. a sex., às 22h15

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

AVALIAÇÃO ruim



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Há que rir, primeiro, é da “avaliação ruim” ao pé da matéria. Como se fosse possível que um jornal que ajudou a implantar a ditadura, e que foi seu instrumento, pudesse gostar de alguma maneira de uma novela denunciando essa mesma ditadura. Só podia avaliá-la como ruim, ora.

Barros e Silva, que em 1964 nem nascido era, confunde tudo. Acha que a extrema-direita só começou a atacar e torturar comunistas depois do AI-5. Por má fé ou ignorância, confunde a cena inicial da novela, em que um grupo de jovens se reúne em um sítio para sonhar com o socialismo, com a guerrilha de resistência à ditadura.

Dá vontade de rir quando o colunista chama de “maniqueísmo” mostrar o nível de criminalidade que envolvia os autores do golpe de 1964. Queria que o SBT apresentasse uma história em que os bandidos não fossem apresentados como tal, no mínimo.

E a parte da resenha que o totó do Otarinho faz sobre a novela que afirma que esta se destina a adular Dilma Rousseff, isso pertence à Coleção Folha de Fantasias, que tem “Best-Sellers” como Ficha Falsa da Dilma e Menino do MEP. Só esses palhaços acreditam – ou dizem que acreditam – que Dilma favoreceria Silvio Santos (de que maneira?) por conta de uma novela.

Todavia, a Folha atirou no que viu e acertou no que não viu. De fato há uma grave incongruência histórica na novela Amor e Revolução: a imprensa golpista, que teve papel crucial na instalação da ditadura e na tortura e assassinato de presos políticos, sumiu da trama.

Essa Folha… Quanta ingratidão. Deveria agradecer a Silvio Santos por esconder os crimes da imprensa golpista. Em vez disso, ataca o benfeitor com críticas que presumem que o leitor é tão idiota quanto o seu improvisado crítico-pistoleiro de plantão.

domingo, 10 de abril de 2011

As poderosas de olho no nosso etanol

Por Brizola Neto do Blog Tijolaço
Ontem, escrevi aqui imaginando o que seria dos preços dos combustíveis e a Petrobras tivesse sido entregue a mão privadas “competentes” como foi feito com a Vale.
Haveria um outro Roger Agnelli sendo endeusado pela mídia pelos lucros fabulosos que obtivera, o pré-sal estaria na mão das grandes multinacionais, o brasileiro sangrando muito mais em cada posto de gasolina e, claro, o governo sendo culpado pela elevação dos preços.
Mas faltou falar de algo importantíssimo nesta crise de pressões pelo aumento dos combustíveis: o etanol, como chamam agora o nosso brasileiríssimo álcool hidratado.
A pressão sobre o  preço da gasolina se acentuou com a elevação absurda dos preços do álcool, fazendo que a frota flex – que dobrou nos últimos anos e já corresponde à quase a metade dos veículos – passasse a abastecer-se de gasolina. De 70% das vendas em etanol e  30% em gasolina, passamos hoje a 80% em gasolina e 20% em etanol.
A razão, é claro, é que o etanol flutua a preços de mercado. E, portanto, sobe vertiginosamente, movido por dois motivos. Um deles, natural, é a variação entre os períodos de safra/entressafra da cana de açúcar. Outra, o preço internacional do açúcar, aternativa à produção de álcool para o qual se pode direcionar a moagem da cana, dependendo da lucratividade.
Sobre estes dois fatores, atua uma realidade terrível no setor. Muito enganado está quem pensa que esta área ainda pertence aos “coronéis” da cana-de-açucar. A concentração e a desnacionalização da produção sucroalcooleira no Brasil avança a passos largos.  Mais da metade da produção nacional está concentrada em dez grupos e a paricipação estrangeira vem crescendo avassaladoramente. Agora mesmo,  a British Petroleum anunciou a disposição de comprar as Usinas Cerradinho, em São Paulo e Goiás, que vai somar às que já possui, em sociedade, através da Tropical Bioenergia. Com iso, a BP passa a integrar o grupo dos grandes controladores da produção de etanol, ao lado da francesa Tereos, da suíça Louis Dreyfuss, da americana Bunge e da Cosan/Esso/Shell.
Essa concentração permite dois tipos de instabilidade de preços do etanol.
O primeiro, relativo ao período de safra, é o de jogar com a queda da oferta das usinas menores para maximizar os aumentos de preço naturais do período. Como a capacidade física e financeira de manter estoques é muito superior á dos menores, estes grupos têm uma vantagem competitiva difícil de superar.
A outra é a relação entre a produção de  açúcar e etanol. Embora seja difícil impor que as usinas se dediquem à produção de um ou de outro sem considerar o preço internacional do açúcar – que subiu vertiginosamente e é o maior desde os anos 70 – o Governo não tem informações confiáveis sobre as opções de produção, estoques e comercialização.
Essa é a razão de a Presidente Dilma Roussef ter decidido deixar de tratar a produção sucroalcooleira como simples “agronegócio”  e coloca-la dentro do setor estratégico de energia, que merece, no mínimo, regulamentação e controle público.Agora mesmo, início de safra, as grandes usinas nem pensam em aliviar a pressão nos preços.
Os investidores em usinas estão chiando, claro. Perderão a capacidade de manipular preços e  estoques como fazem hoje, embora devessem, se contam em produzir mais, ficar contentes com a possibilidade de, sendo tratados como empresas de energia, poder contar com linhas de financiamento mais baratas no BNDES.
A médio prazo, porém, é preciso a presença da Petrobras. A Petrobras  Biocombustível vem comprando  participação acionária em diversas usinas de etanol, mas ainda é muito pouco.  O primeiro passo, dado a sua posicão de líder em distribuição deste combustível é coloca-la como reguladora do mercado.
A missão da nossa grande empresa é difícil e espinhosa, porque está às voltas com os megainvestimentos no desenvolvimento dos campos do pré-sal. Mas ela tem capacidade operacional, negocial e tecnológica para isso. Vai ter de “assobiar petróleo, chupando cana”, e vai conseguir, se a opinião pública brasileira compreender que, se enfrentamos dificuldades assim, entregando todo o setor de energia teríamos mais ainda.
Deve aparecer, nos próximos dias, a MP do etanol. Aí a gente volta ao assunto.

O palco da tragédia que você não ve na TV

Na primeira página de caderno de supostos artigos de “alto nível” (“Aliás, a semana em revista”), aparece uma foto do tipo “choca-e-faz-chorar”: gotas de sangue que escorrem e estancam na parede da escola Tasso da Silveira, em Realengo.
O autor da foto é Fernando Gabeira, repórter do Estadão.
Deve ser duro ilustrar a capa de uma gôndola de perfumaria inútil do Estadão, depois de ser chefe do departamento de pesquisa do Jornal do Brasil (quando era, de longe, o melhor jornal do Brasil) e sequestrar o embaixador americano.  
A foto do Gabeira deveria ser comprada pelo jornal nacional.
Faz parte da mesma ideologia que descreveu a tragédia do Rio – “previsível”, disse a Globo, enquanto o tsunami do Japão foi “imprevisível” -  como uma prova da incúria do Estado: municipal ( a Tasso é municipal), estadual e, claro, federal.
A Globo sempre tenta pendurar alguma coisa no pescoço da Dilma e/ou do Lula.
Onde já se viu não ter detetor de metais ?, perguntavam os “âncoras matinais” da Globo.
Foi preciso que um especialista da própria Globo considerasse aquilo uma sandice desvairada.
A foto do Gabeira, essa versão Cartier-Bresson no Estadão, tem a mesma leitura subliminar: dramatizar para espinafrar; chocar para desmoralizar.
(Cartier-Bresson fazia fotos em preto e branco, numa Leica, e não admitia que a foto fosse cortada na revelação. Saía pronta da máquina.)
Ou seja, desmoralizar o Estado, o investimento público.
Este ansioso blogueiro tem o péssimo hábito de ser repórter.
Ele testemunhou o fracasso retumbante na ocupação do Alemão.
Viu que a política Cabral-Beltrame era, de fato o desastre anunciado pelo PiG (*) e seus dominicais colonistas (**), quando foi conhecer a tenente Priscila, na UPP que fica no alto do morro Dona Marta.
Um horror !
(O candidato a prefeito Fernando Gabeira defendia a política do Soweto para as favelas do Rio – “Quem está fora não entra, quem está dentro não sai”. Um jenio !)
Este ansioso blogueiro foi à Escola Tasso da Silveira, em Realengo.
Ela tem câmera.
(Quem poderia ter filmado a ação interna, com atirador, as crianças a correr, e o tiro no abdômen do suicida, desfechado pelo Sargento Alves. A Globo ?)
A escola tem interfone.
A escola tem grade que separa a porta da rua da parte interna do colégio, onde ficam as crianças.
A escola tem porteiro durante todo o período de funcionamento.
Por que o atirador entrou com tanta facilidade ?
Como ex-aluno, uma semana antes ele foi pedir o histórico escolar.
Voltou para recebê-lo.
E disse que queria falar com a professora Dorotéia, a decana da escola: está lá desde a fundação há quarenta anos.
De fato, subiu à sala de leitura, falou rapidamente com a professora, que estava numa outra tarefa.
Pediu que ele esperasse um pouco.
Levantou-se para concluir o trabalho.
Ele se levantou, foi para o corredor e começou a matança.
Este ansioso blogueiro entrevistou a professora da Tasso.
Está na escola há 13 anos.
Conhece muitos pais e mães de alunos pelo nome.
Diz que as reuniões de pais e mestres são respeitadas pelas famílias.
Que a disciplina é rigida
Este ano, no primeiro dia de aula, repreendeu um aluno indisciplinado e mandou chamar a mãe do menino.
No dia seguinte, ela estava lá, para enquadrar o filho, na frente da professora.
Nunca houve ali um caso de violência ou de consumo de droga.
A escola fica numa posição elevada no ranking das escolas municipais do Rio.
Tem alunos cegos e surdos.
Eles recebem aulas especiais e regulares.
Ela, por exemplo, tem uma excelente aluna cega.
(É esse sistema de integração de aulas especiais com aulas regulares que o Ministro Haddad vai instalar no Instituto dos Surdos, no Rio, apesar da feroz resistência do Globo)
A escola Tasso Barcelos é exatamente o que o PiG (*) diz que NÃO são as escolas públicas.
O PiG descreve a escola pública – como a saúde pública – como um desastre irrecuperável.
Logo, para que dar dinheiro ao Estado, se o Estado não dá nada em troca ?
E melhor deixar a grana na mão do livre empreendedor, na mão do Di Gênio, que saberá educar nossas crianças melhor que a professora Dorotéia.
É assim que funcionam os neoliberais.
Com a ajuda e um certo repórter do Estadão.
Quem nasceu para Gabeira não vai ser o Cartier-Bresson, nunca.
Paulo Henrique Amorim