sábado, 26 de março de 2011

Do Conversa Afiada


Navalha
Este ansioso blogueiro sempre disse que Henrique Meirelles acumulava a presidência do Banco Central do Brasil com a do BankBoston, que efetivamente ocupou.
A vantagem do WikiLeaks é que ele confirma as suspeitas.
Os neoliberais pleiteiam a independência total do Banco Central.
O pleito, na verdade, significa substituir o sufrágio popular pela ditadura dos Chicago Boys.
Como se sabe, os pioneiros da teologia neoliberal foram os Boys que chegaram de Chicago e foram trabalhar para o Augusto democrata Pinochet.
Eles venderam até a Cordilheira dos Andes.
Pinochet vendeu a melhor área da Cordilheira para a prática do ski a empresários europeus.
Os Chicago Boys do Brasil querem a independência absoluta do Banco Central.
Que o Banco Central seja independente da República e da Nação.
E seja dependente dos bancos e – agora se vê – do embaixador americano.
O perigo agora é o Meirelles, czar da Olimpíada, vender a tocha à GE !




Paulo Henrique Amorim

Uma mulher de opinião. Uma gestora de personalidade para tomar decisões

Por Carmen Munari


SÃO PAULO (Reuters) - A militante ambientalista Marina Silva (PV), sem mandato desde que concorreu às eleições presidenciais do ano passado, defende a realização de uma consulta popular sobre a necessidade de o Brasil utilizar energia nuclear, depois do desastre ocorrido no Japão.


A iniciativa é pessoal e está de acordo com sua posição contrária às usinas, defendida na campanha de 2010, quando recebeu quase 20 milhões de votos e foi responsável por levar a eleição ao segundo turno.


"A realidade é que está todo mundo se reavaliando (o uso da energia nuclear) e o Brasil não tem nada de excepcional que diga que aqui descobrimos a pedra filosofal para o problema nuclear", disse Marina em entrevista à Reuters na sexta-feira.


Em 11 de março, o Japão sofreu um terremoto seguido de tsunami que provocou um acidente radioativo. No Brasil, estão instaladas duas usinas na cidade de Angra dos Reis e está em vias de ter uma Angra 3. O programa prevê aumentar o total com usinas em outras regiões do país.


"Eu defendo que a bancada federal do PV trabalhe a ideia de um plebiscito para entender se a população brasileira quer ou não que o dinheiro do contribuinte seja gasto com uma energia cara e insegura, perigosa para a população do entorno e para o equilíbrio ecológico do país", disse a ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008) do governo Lula.


Marina acredita que os recentes desastres ambientais ocorridos no Brasil, como os deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro em janeiro, conferem sensibilidade suficiente para garantir o engajamento dos brasileiros em um plebiscito.
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É assim que essa honrável senhora ia governar o Brasil?


Como Pôncio Pilatos?


Fugir das responsabilidades das decisões.......assim fica fácil né?



Walmor, o cachorro com nojos específicos II

(WikiLeaks) Meirelles queria ser o "Presidente do Brasil" nas costas do Lula

Por Kristina Cooke, Walter Brandimarte e Ana da Costa


NOVA YORK/BRASÍLIA (Reuters) - Próximo das eleições de 2006, o então presidente do Banco Central Henrique Meirelles pediu aos Estados Unidos que atuassem junto ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fosse dada ao BC mais independência, de acordo com documentos secretos do Departamento de Estado norte-americano.


Em conversa com diplomatas norte-americanos em 9 de agosto de 2006, Meirelles prometeu pressionar nos bastidores por mudanças regulatórias que criassem um ambiente de investimento melhor para empresários norte-americanos no Brasil.


O documento, obtido pelo WikiLeaks e repassado à Reuters por terceiros, pode se tornar embaraçoso para Meirelles, que se prepara para assumir um novo e importante papel no governo brasileiro. Também pode colocar novamente no foco a suscetibilidade do BC à interferência política.


"Meirelles pediu que (o governo dos EUA) usasse discretamente sua relação (com o Brasil) para discutir a importância de levar ao Congresso uma legislação garantindo ao Banco Central essa autonomia", escreveram os funcionários da embaixada norte-americana no documento, que detalhou o encontro inicial entre o embaixador Clifford Sobel e Meirelles.


"Ele argumentou que o secretário (de Tesouro Henry) Paulson em particular seria capaz de tratar desse assunto com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.


Meirelles nunca solicitou formalmente independência para o Banco Central, mas Lula deu ao então chefe do BC um mandato relativamente livre para definir a política monetária durante os oito anos em que ficou no posto. O comando de Meirelles terminou no final do ano passado, antes de Alexandre Tombini assumir o posto no governo de Dilma Rousseff.


A falta de autonomia legal abriu caminho para tensões entre Meirelles e Mantega sobre o patamar das taxas de juros, alimentando temores de que a política monetária poderia ser vulnerável a pressões políticas.


O gabinete de Mantega disse que nunca foi informado pelos Estados Unidos sobre a questão da independência do BC, enquanto Meirelles refutou o conteúdo do documento norte-americano.



"As declarações atribuídas a mim não refletem com propriedade o tema de qualquer conversa que eu tenha tido", afirmou Meirelles via e-mail.

O ex-embaixador dos EUA Sobel não quis comentar o assunto.
De acordo com o documento do governo americano, Meirelles identificou "a falta de experiência governamental entre os principais assessores de Lula" como um "segundo conjunto de dificuldades" para investidores.
Ele elogiou Dilma, que era ministra-chefe da Casa Civil na ocasião, dizendo que ela era "muito esperta", mas ressaltou que "ela ainda traz alguma bagagem ideológica à função".
Meirelles se ofereceu para "contribuir nos bastidores em pressionar por reformas regulatórioas prioritárias para melhorar o clima de negócios", segundo o documento

A história de Casey Heynes (Zangief Kid) vítima de Bullying

quinta-feira, 24 de março de 2011

Policiais militares flagrados agredindo e atirando em um adolescente, em Manaus

Os "fichas sujas" vão empossar seus cargos

Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (23) que a Lei da Ficha Limpa não deveria ter sido aplicada às eleições do ano passado. A norma, que barra a candidatura de políticos condenados por decisões de colegiados, entrou em vigor em junho de 2010, e, com a decisão, tem seus efeitos adiados para as eleições de 2012.




Constituição Federal


Art. 16. "A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência." (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)

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Não há o que discutir.


O artigo 16 da Constituição Federal é clara e (infelizmente) tem que ser respeitada.



Os nomes para a sucessão de Agnelli na Vale

Cristiano Romero | De Brasília
24/03/2011
Os acionistas controladores da Vale vão substituir o presidente da empresa, Roger Agnelli, por um dos atuais dirigentes da multinacional.
Um dos cotados é Tito Botelho Martins, atual diretor-presidente da Inco, subsidiária que produz níquel no Canadá. Ele é também diretor-executivo de operações e metais básicos da Vale no Brasil.
A decisão, segundo apurou o Valor, será tomada durante assembleia de acionistas marcada para o dia 19 de abril.
A demissão de Roger Agnelli estava definida pelos acionistas da Vale desde o fim do ano passado, mas só foi sacramentada numa reunião, no dia 10 deste mês, entre o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O encontro foi solicitado por Brandão e ocorreu no gabinete do ministro da Fazenda em São Paulo. Brandão queria saber como o governo pretendia tratar da substituição de Agnelli. Ele procurou o ministro Guido Mantega porque os principais acionistas da Vale ligados ao governo são vinculados ao Ministério da Fazenda - o Tesouro Nacional, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); e o Banco do Brasil, patrocinador da Previ, o fundo de pensão de seus funcionários do banco.
Mantega informou ao Palácio do Planalto que teria o encontro com Lázaro Brandão e foi, então, incumbido de coordenar, pelo governo, o tema da sucessão de Agnelli, cujo contrato com a Vale termina no fim deste mês.
Durante a reunião entre Brandão e Mantega, ficou acertado que o contrato do executivo não seria prorrogado e que o substituto seria escolhido entre os nomes da diretoria. Definiu-se também que o escolhido não poder ser alguém ligado a Agnelli.
A preocupação do governo e dos acionistas privados é que a transição na Vale não seja vista como resultado de uma interferência política na empresa. Nos últimos meses, por causa dos ruídos criados em torno do comando da companhia, a ação da Vale foi castigada pelos investidores, preocupados com os rumos da companhia. No mesmo período, o preço do minério subiu no mercado internacional. "A escolha de ume executivo que já atua na empresa é uma mensagem clara de que não haverá interferência política na gestão", disse uma fonte oficial.
O capital da Vale é controlado pela Valepar, holding na qual o Bradesco tem 21,21% das ações; a Littel (veículo financeiro que reúne os fundos de pensão ligados a empresas estatais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras) e o BNDESPar (o braço de participações acionárias do BNDES) possuem 61,51%; e a japonesa Mitsui, 18,24%.
Agnelli, que foi indicado para a presidência da Vale há dez anos pelo Bradesco, começou a perder força depois de comprar briga com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e setores do PT.
Lula criticava o executivo pelo fato de a Vale não investir em produção de aço no Brasil. A tese de Lula é que, ao não entrar no ramo siderúrgico, a Vale não agregava valor ao minério de ferro extraído no país.
A gota d'água do mau relacionamento entre o governo e Agnelli se deu em outubro do ano passado, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição presidencial, quando o executivo declarou à imprensa que o PT estava interessado em seu cargo.
Em novembro, o Valor apurou que o Bradesco desistira de continuar apoiando o executivo. No conselho de administração do banco, o único que ainda apoia a manutenção de Agnelli no comando da Vale é Mário da Silveira Teixeira Júnior.
O vazamento da informação do encontro de Guido Mantega e Lázaro Brandão constrangeu muito a diretoria do Bradesco. A delicada situação criada para o ministro ao se tornar pública aquela reunião poderia até forçar uma mudança de posição sobre a saída de Roger Agnelli da Vale, mas aparentemente não foi isso o que ocorreu.
Ontem, assessores diretos da presidência da República asseguraram que Mantega agiu em nome da presidente Dilma Rousseff e que, portanto, não sofreu desgaste. "A presidente não se irritou com o ministro", sustentou um assessor graduado.

Roger Agnelli, o sindicalista

Por Luis Nassif
Alguém imaginaria Carla Fiorino, ex-presidente da HP, na iminência de perder o cargo saindo em campanha política, mobilizando funcionários da empresa, coordenando abaixo-assinados e manifestações da diretoria, escrevendo para parlamentares?
O executivo modelo, um dos símbolos do novo capitalismo brasileiro, Roger Agnellli, pirou. De repente se despe da liturgia do cargo, da sobriedade que se espera de um alto executivo e se coloca em campanha política explícita... em defesa do próprio cargo.
Onde pretende chegar? Acha possível dar um corner no governo, no Bradesco?
Um dos grandes problemas da atual fase do capitalismo brasileiro foi o deslumbramento de alguns CEOs. Acabou a era do capitalismo de família, jovens esforçados, de boa formação, ascenderam a altos cargos em empresas, mas dentro de uma lógica diferente da do herdeiro: são demissíveis, prestam contas a acionistas, a conselhos.
Houve certo deslumbramento de executivos menos maduros, que se julgaram em condições de assumir protagonismo político. Foi o caso do movimento Cansei que liquidou com a carreira de um grande executivo de multinacional.
Também foi o caso de Roger.
A partir de certo momento foi mordido pela mosca azul e julgou-se um agente político capaz de confrontar o próprio presidente da República. Bons observadores sabem identificar bem quem foi a tal mosca.
Agora, comporta-se como um líder sindical prestes a perder o cargo.
A matéria de O Globo sobre a campanha de Agnelli (Agnelli busca apoio da oposição para ficar na Vale)  é um dos capítulos ridículos da modernização capitalista no Brasil.
De repente, o executivo-modelo, um dos símbolos do moderno capitalismo brasileiro, sai a campo como um político alucinado, convocando manifestações de funcionários, de parlamentares, uma armação geral.
Diz a matéria de O Globo (endossando piamente as informações recebidas de Agnelli):
"Indignados com a situação, funcionários da empresa já começam a articular um movimento pró-Roger Agnelli. Muitos estão combinando de ir trabalhar de preto na sexta-feira, em protesto contra a ingerência política na companhia. Além do luto, um abaixo-assinado de apoio ao executivo circula entre os empregados. A mineradora tem 119 mil funcionários, dos quais 94 mil no Brasil".
Só faltou anunciar comício na Cinelândia.
Mas foi apenas o coroamento de uma trajetória típica de quem se deixou perder pelo deslumbramento.
No meio da campanha eleitoral, Agnelli procurou politizar a disputa pelo cargo, atribuindo os rumores a "petistas querendo a cadeira". É evidente que, depois dessa, o Bradesco, banco que faz da discrição um de seus valores centrais, ficou com um pé atrás.
Logo em seguida saiu matéria da Época Negócios, altamente favorável a Agnelli, capa mais doze páginas contando o que os subordinados pensavam do grande comandante, sem ouvir sequer um crítico de sua administração. No mesmo momento, aliás, que o Valor trazia matéria sóbria com vários ex-diretores criticando seu personalismo.
Na matéria da Época Negócios, indagado sobre sua frase na campanha, Agnelli foi taxativo: não se arrependia.
Não parou aí.
Recentemente houve o problema da multa na Vale, aplicado pelo DNPM (DepartamentoNacional de Produção Mineral). Agnelli se reuniu com o Ministro Edison Lobão, das Minas e Energia. O Ministro saiu da reunião dizendo que a discussão foi muito boa e que agora técnicos iriam se reunir para acertar os números. No dia seguinte foi publicamente desmentido por Roger que declarou que a Vale não devia mais nada ao órgão.
Com a movimentação de hoje, Agnelli se despede definitivamente de uma carreira promissora. Nenhuma empresa irá querer um presidente com cabeça de diretório acadêmico comandando-a, mesmo com todas suas virtudes de executivo.

PM dispara spray de pimenta em criança

Por RRodrigo
Protestos no Morro do Bumba
(pelo atraso no pagamento do auxílio-desabamento pela prefeitura de Niterói)

Obama, o Deus da Mídia

Alfredo Bessow, publicado no jornal Passe Livre:


A recente visita do Barack Obama e sua “entourage”, parafernália que foi da água de beber ao prosaico papel higiênico – em 10 aviões que trouxeram, entre outras coisas, armas, três limusines, helicópteros e toda sorte de parentes -, serviu para mostrar uma vez mais, o baixo nível da mídia nacional.


Não houve cobertura jornalística do evento, mas sim uma babação enojante, uma bajulação subserviente e uma devoção típica de dementes e fãs histéricos. Em lugar de buscar informação, os nossos bravos ‘repórteres’ se esmeraram em prestar atenção no vestido da Dilma para saber se estava de acordo com a ocasião, falaram dos cabelos brancos do Obama.


Ele deve ainda agora estar sonhando em ter lá nos EUA uma mídia assim capacha e bajuladora – porque lá, o mínimo que os meios de comunicação disseram foi que Obama e sua família fizeram um exótico tour turístico por um país aliado. Isto ficou patente quando a própria 1ª dama de lá disse que tinha trazido as filhas porque ela costuma levá-las junto para países que, em outras circunstâncias, jamais visitariam.


A nossa mídia revelou todo seu fascínio, portando-se como tietes que esperam no quintal a visita do coronel. Tem horas que sinto vergonha, noutras a minha sensação é de absoluto nojo pela forma como os meios de comunicação brasileiros são subservientes. Eles moram no Brasil, mas vivem 24 horas por dia sonhando e se portando como sub-ianques. Usam toda parafernália descartável, são beócios que se comprazem em babar diante de qualquer coisa vindo de lá.


Hoje, o Brasil é o retrato acabado do colonialismo. E isto é uma nefasta conquista da mídia, que bestializou o brasileiro, que entupiu o nosso povo com o lixo cultural onde gagás da vida é que viraram símbolo e parâmetros de referência em termos de comportamento. Vale a promiscuidade, a banalização da sexualidade, o desrespeito ao perfil cultural do brasileiro.


Eu fico pensando o quanto nós estamos longe do que é uma efetiva referência de poder. A mídia, porque Obama foi um evento apenas midiático, se portou como esperava o império: de cócoras, disposta a bajular e a rir de tudo. Nenhum questionamento pela armação do golpe de 1º de abril de 64; nenhuma palavra sobre o treinamento de militares brasileiros em técnicas de tortura; nenhum pio sobre o dinheiro de ladrões brasileiros investidos em bancos e fundos nos EUA…


A nossa valorosa mídia, de tão enojantemente puxa-saco e babona, não teve nem mesmo coragem de dizer que houve manifestações contrárias e que redundaram em prisões de militantes de alguns partidos.


Nestas horas, sinto inveja da altivez de outros povos. O Obama que saiu bajulado daqui, foi vaiado e duramente cobrado no Chile pelo apoio que os EUA deram ao golpe que matou Allende e instalou em nosso vizinho andino a mais sangrenta ditadura do hemisfério no séc. XX.


Confesso: fiquei com inveja dos chilenos e uma imensa vergonha do papel de ‘geni’ que a mídia assumiu e que os colegas jornalistas acabaram, também para manter o emprego, aceitando.

Tsunami, Pré-Sal e a atual Geopolítica

Por João Antônio de Moraes*


Uma nova ordem mundial começa a alterar a geopolítica do petróleo e, mais do que nunca, precisamos entender este processo e tratar o pré-sal como uma riqueza extremamente estratégica. O acidente nuclear no Japão, as mudanças políticas no Norte da África e no Oriente Médio e a visita de Barack Obama ao Brasil são fatos correlatos que colocam em alerta os movimentos sociais na defesa da nossa soberania energética.


O tsunami japonês varreu, pelo menos temporariamente, os planos de expansão nuclear de dezenas de países que apostam nesta fonte de energia como principal alternativa para reduzir a dependência de hidrocarbonetos (óleo e gás natural). A tendência é que estes recursos se tornem cada vez mais estratégicos para saciar a fome de energia do planeta. Hoje os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás) são responsáveis por mais de 80% da matriz energética global. As estimativas da Agência Internacional de Energia são de que o consumo de petróleo continue aumentando em termos absolutos, ultrapassando nos próximos dez anos a marca de 100 milhões de barris por dia.


Em função disso, já estamos assistindo à corrida das principais nações em busca de novas fronteiras produtoras de petróleo e gás para garantir suas necessidades de abastecimento. Não por acaso, o Brasil foi o primeiro pouso de Barack Obama na América Latina. Por trás de sua “cordial” visita, estão intenções nada amistosas. Os Estados Unidos são o maior consumidor de petróleo do planeta (utilizam 25% da produção global) e também o mais vulnerável em meio à onda de revoltas que assola o Norte da África e o Oriente Médio, principal fonte abastecedora do país.


Em troca de petróleo, o império norte-americano tem apoiado e sustentado ditaduras e governos autoritários nestas regiões, intervindo militarmente sempre que seus interesses são ameaçados. É o que está acontecendo agora na Líbia, da mesma forma como aconteceu no Irã, no Iraque e no Afeganistão. Mas as movimentações de peças no tabuleiro de xadrez do mundo árabe levam os analistas políticos a acreditarem que uma nova coalizão de forças colocará em xeque a posição confortável que os Estados Unidos usufruíam no Oriente Médio até então.


Para que Washington diminua sua dependência da região, o Brasil é a bola da vez. Com o pré-sal, nosso país será uma das maiores reservas de petróleo do planeta e é de olho nesta riqueza que os Estados Unidos vêm tentando fechar acordos e parcerias com o governo brasileiro e a Petrobrás. A FUP e os movimentos sociais são contrários à tese de que o pré-sal deve fazer do Brasil um grande exportador de petróleo. Queremos que este estratégico recurso seja explorado de forma sustentável para desenvolver toda a sua cadeia produtiva. Desde a construção de navios e plataformas até a indústria petroquímica e plástica.


É desta forma que o país irá gerar emprego e renda e não exportando petróleo cru para abastecer países ricos, como os Estados Unidos, que durante décadas exploram e usufruem de recursos energéticos alheios para sustentar seus absurdos níveis de consumo. O pré-sal, como disse a presidenta Dilma, é o passaporte para que as gerações futuras tenham um país desenvolvido, com oportunidades para todos. Mas isso só será possível investindo na cadeia produtiva do petróleo aqui no Brasil, fomentando a indústria nacional, gerando emprego e renda para milhões de brasileiros.


por João Antônio de Moraes é coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros — FUP.

A mídia e os minoritários fantoches

Do Blog do Pimon


No noticiário corporativo interno, o governo pretende negociar a saída de Roger Agnelli do comando da Vale e substituí-lo por Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco. Além disso, rumores apontam que Guido Mantega teria se encontrado com Brandão e oficializado a intenção de trocar o comando da mineradora, sendo que a operação seria conduzida na assembleia de acionistas da Vale, marcada para abril. Dessa forma, os ativos ON e PNA da companhia desvalorizaram 0,57% e 0,43%, respectivamente.


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Cumpadis adoram fazer o investidor de tolo!


Vale subiu, durante o dia.


Sua concorrente, BHP, maior e melhor, aquela que PAGA 45% em royaltes à Austrália, caiu!


Não foi Vale que caiu, caiu a perspectiva de crescimento da China.


Caiu o dólar, Vale cai em reais, por arbitragem.


Cuidado, pequeno e ignorante investidor…. o respeito por ti é NULO!


A culpa…. é tua!

A irrelevância do partido de Kassab

Marcos Coimbra - Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 23/03/2011




Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi




Chega a ser impressionante a falta de perspectiva de alguns jornais quando discutem as movimentações do prefeito Gilberto Kassab. Quem os lê fica com a sensação de que elas são relevantes. Só que não têm a menor importância.


Desde o início do ano, Kassab estava anunciando que sairia do DEM, que pretendia deixar o partido pelo qual conseguira os mandatos de deputado federal, vice-prefeito e prefeito de São Paulo. Não por acaso, depois que havia ficado patente que a maioria de seus correligionários abandonava o serrismo e mostrava preferência por Aécio.


Sua primeira intenção foi migrar para o PMDB, coisa que fazia sentido, pois, no estado, o partido estava de portas abertas, à disposição de quem chegasse para ocupá-lo. Com a morte de Quércia e a posse de Michel Temer na vice-presidência da República, ficara acéfalo e parecia uma presa fácil.


Por dois motivos, essa opção teve que ser abandonada. De um lado, requeria o endosso da direção nacional peemedebista, o que se revelou complicado. De outro, implicava alto risco de perda do cargo, pela interpretação da Justiça Eleitoral a respeito da titularidade dos mandatos. Para ela, quem sai de um partido sem uma boa razão não leva o mandato que recebeu por seu intermédio. Kassab podia se mudar para onde lhe aprouvesse, mas teria que abrir mão da prefeitura.


Havia, no entanto, uma maneira de circundar esses obstáculos. Bastava criar um novo partido e a mágica estava feita. Como os tribunais entendem que sair de um partido para fundar outro livra o eleito da perda do mandato, o caminho era esse. Que tinha, além disso, a vantagem de não exigir a aprovação de ninguém.


Por mais vantajosa que fosse, essa alternativa ainda apresentava problemas. Partido novo é partido sem cadeira conquistada no pleito anterior, donde sem acesso à propaganda eleitoral gratuita e aos recursos do fundo partidário. Sem ambos, incapaz de disputar competitivamente as eleições.


Como, para cada dificuldade, costuma haver um remédio, inventaram uma solução. O partido novo seria de mentira, feito somente para driblar a legislação. Antes de 2014, o novo/falso partido se fundiria a algum existente. Seria apenas uma baldeação de Kassab e dos companheiros de aventura que amealhasse, enquanto não arribassem a um partido de verdade.


Durante alguns dias, vimos Kassab à procura de um nome para sua legenda. Que foi PDB e passou a ser PSD (o que deve ter feito com que muita gente ilustre, da estirpe de Juscelino e Tancredo, se revirasse na tumba). É uma escolha tão importante quanto a da cor da gravata que ele vai usar amanhã.


Contam-se nos dedos os políticos que têm relevância pessoal e liderança para fazer o que o prefeito resolveu fazer. E ele não é um deles.


Atualmente, talvez só existam dois, um em cada campo de nossa política. Lula, caso saísse do PT, ou Aécio, caso se retirasse do PSDB, fariam diferença, cada um à sua maneira e em sua escala. Deixariam lacunas imensas nos seus partidos de origem, levando consigo gente expressiva, em número e qualidade. Mudariam o jogo político e eleitoral. Obrigariam, por exemplo, a que novos cálculos para 2014 tivessem que ser feitos.


E Kassab? A única coisa certa é que sua saída é ruim para o DEM, que vai mal das pernas e sofre mais um revés. Mas sua entrada em um novo partido e sua posterior ida para outro não querem dizer (quase) nada.


Como mostram todas as pesquisas, ele tem, hoje, uma imagem apenas sofrível na cidade que administra. Não exerce liderança política, moral ou intelectual nas oposições. Pior, não tem votos. Seu projeto de governar São Paulo esbarra em Alckmin, mais querido que qualquer antecessor e forte candidato a permanecer no Palácio dos Bandeirantes na próxima eleição.


Mas é provável que nada disso tenha importância e que Kassab esteja apenas dando suporte aos planos de Serra, de tê-lo em algum lugar em que possa (talvez) ser útil no futuro. Com o aecismo em alta no DEM, pouco a fazer na sua sucessão e sem espaço na eleição de governador, ele não tem mesmo o que perder.


Arregimentar uma tropa de políticos de menor expressão e ver no que vai dar é melhor que ficar vendo o tempo passar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Walmor, o cachorro com nojos específicos

A Arte do Insulto - Dia 24/3 nas lojas e as 22h no Youtube

O combate a inflação

Antonio Delfim Netto
22/03/2011
Oproblema da inflação no Brasil está sendo tratado pelas novas políticas fiscal, monetária e cambial com o cuidado que merece. Na política fiscal não foi feito nenhum "choque dramático" (porque não era preciso), como exigem alguns fundamentalistas. É certo, entretanto, que as despesas correntes e as transferências da União crescerão menos em termos reais do que o crescimento provável do PIB.
A crítica fundamental a essa política é, curiosamente, "ad hominem": o ministro Mantega foi um gastador (diante de uma deficiência de demanda global); como pode ser um parcimonioso (diante de um excesso de demanda)? Como diria um velho conhecido, "quando a situação muda, eu mudo. E você?"
Na política monetária, a mudança de atitude do presidente Tombini, recuperando velhíssimos instrumentos (agora elegantemente chamados de "macroprudenciais"), tem sido objeto de desconfiança de muitos analistas do mercado financeiro. Apoiam-se numa pretensiosa "teoria monetária", cujos melhores autores em 2008 ainda não mencionavam, em seus "científicos" trabalhos e livros, sequer a palavra "crédito"! Prisioneiros de uma miopia produzida por um modelito de três equações perderam toda a imaginação. 
Provavelmente, a manobra exclusiva com a taxa de juros cause menores "distorções" (medidas com relação a um modelo de validade duvidosa), mas também, provavelmente, compensadas no mundo real por um custo maior em termos de sacrifício de PIB. De qualquer forma, ainda que a econometria seja imaginosa, mas precária, existem claros indícios (até recentemente negados) que medidas macroprudenciais podem ser moderadas substitutas do falaciosamente simples aumento da taxa de juros. Aqui também, a crítica é "ad hominem": Tombini é um bom e respeitável técnico... mas é um "pombo"! A hora e o lugar exigiriam um "falcão" (um dos "idiots savants"), que acredita que há leis naturais que regem os mercados, particularmente o cambial.
O mais fantástico é a desconexão entre essas críticas e o que está acontecendo no mundo, particularmente com a revisão do conhecimento econômico. Ele se processa hoje sob o estímulo de quem já foi o maior defensor da equivocada ideologia que produziu o "pensamento único" apoiado numa suposta ciência monetária: o Fundo Monetário Internacional! Foi esse mesmo "pensamento único" que interditou a saudável crítica produzida por diferentes "visões do mundo econômico", que estimulou o controle da economia real pelo sistema financeiro e produziu a crise de 2007/09. No fim, consumiu-se na desmoralização...
Trata-se de uma tragédia. A descrença colocou dúvida sobre todo o conhecimento econômico - talvez seja melhor chamar de "economia política" - que foi e é de extrema importância para a boa governança do setor público e do setor privado. Essa visão niilista é a contrapartida do fundamentalismo: como a teoria econômica "fracassou", tudo é permitido nas políticas fiscal, monetária e cambial. Já sabemos como isso termina. O Brasil já foi vítima de múltiplas experiências desse tipo que tiveram alto custo econômico e social.
Temos hoje uma aceleração da taxa de inflação (e uma deterioração de suas expectativas), que deve merecer toda a atenção do governo. É óbvio que estamos diante de um fenômeno bastante complexo e que não pode ser resolvido satisfatoriamente com a receita suicida de cortar as despesas públicas (a demanda do governo) e aumentar a taxa de juros real para cortar a demanda privada, de forma a reduzir o crescimento do PIB a 3%, a taxa de inflação a 4,5% no fim de 2011 e deixar que a taxa de câmbio atinja o seu valor "natural" determinado pelo mercado.
A taxa de inflação é uma espécie de "radiador" que dissipa o calor das energias perdidas na ineficiência dos setores público e privado. Ela tem duas componentes: uma interna e outra externa. A interna parece ser menos resultado do excesso da demanda global do que da profunda mudança na sua qualidade (serviços não transacionáveis), resultado da própria política redistributiva do governo e do aumento real do salário mínimo. 
A rigor, quando corretamente medido, o PIB cresceu em média (4 º trimestre 2010/4º trimestre 2006) 4,3% ao ano e, se não levarmos em conta a depreciação, tivemos formação bruta anual de capital de 8,9%. As fortes taxas de crescimento acumulado em 2010, contra os mesmos trimestres de 2009, são meros artefatos estatísticos, que medem uma recuperação abaixo da capacidade de produção, como se vê no gráfico. O crescimento médio em 2010 foi de 5%, e a formação bruta de capital, sem levar em conta a depreciação, 12%.
A componente externa é muito forte. Trata-se da elevação dos preços internacionais de nossas exportações primárias, que não podem mais ser corrigidos pela "evolução natural" da taxa de câmbio, sem pôr em risco a grande sofisticação do nosso setor industrial, quando comparado com o dos países como nosso mesmo nível de renda per capita.
São esses fatos que justificam a cautela do BC e os cuidados do Ministério da Fazenda.
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.

A aposta errada de Kassab

Por Maria Inês Nassif


Onde foi que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, errou, para saltar praticamente sozinho de um DEM em extinção? O primeiro grande erro talvez tenha sido o de subestimar o fator ideológico, na articulação de uma saída política para si mesmo, mas que pudesse catalisar também parcelas do DEM que tentam sobreviver ao efeito Lula sobre o eleitorado de baixa renda, principalmente nos Estados mais pobres. O segundo, o de superestimar o poder de atração de sua liderança, num partido de cobras criadas, acostumadas a articulações de bastidores e na arte da sobrevivência. 

Errou também na tática para arregimentação dos desvalidos políticos do seu e de outros partidos, quando passou a publicizar reuniões supostamente secretas com dirigentes de partidos políticos das mais variadas colorações, e das quais "vazava" acirrado interesse pela sua adesão. Os balões de ensaio afunilaram na opção PSB, pela via de um Partido Democrático Brasileiro (PDB), também publicizado como uma legenda de ocasião, capaz de levar o grupo à adesão ao partido socialista sem o risco de incorrer nos rigores da lei de fidelidade partidária. 

O caminho de Kassab seria lógico se não existisse uma hegemonia do grupo do governador Geraldo Alckmin no PSDB paulista, e se o ex-governador José Serra não tivesse sofrido tamanho desgaste interno com a segunda derrota numa disputa pelas eleições presidenciais. Kassab é Serra, simplesmente isso. A complicação que se armou a partir disso foi dada pelas urnas e pelos conflitos que Serra provocou, ou não soube evitar, durante a campanha eleitoral, com integrantes de seu partido e com os aliados do DEM. 

O caminho do Kassab em direção ao PSDB, no entanto, foi obstruído por uma contingência regional - a hegemonia de Alckmin em São Paulo - que afeta o prefeito diretamente, e uma contingência nacional - a inegável conquista de espaço pelo senador Aécio Neves, talvez não ainda por mérito próprio, mas pelos conflitos internos irrompidos durante a campanha de Serra. Um Kassab cujo destino político naturalmente tenderia a uma incorporação ao PSDB, que teria resistências muito menores por parte do DEM nacional, acabou envolvido numa missão política de afastar o DEM "aecista" de um PSDB nacional cada vez mais "aecista", e de um PSDB paulista "alckmista" e, em consequência, também "aecista". Pode ter conseguido exatamente o contrário: aproximar ainda mais as lideranças demistas do PSDB de Aécio Neves. Se houver uma incorporação do DEM ao PSDB, agora, será um movimento em torno da liderança do ex-governador mineiro.

A ginástica feita por Kassab para viabilizar-se na política produziu tantos efeitos colaterais que dificilmente o favorecerão, nacionalmente ou regionalmente. Kassab prosperou junto ao eleitorado conservador, aliado a um PSDB que conquistava cada vez mais essa faixa do eleitorado. Venceu as eleições para a prefeitura no auge de popularidade de Serra, a quem sucedeu, como vice, na prefeitura, e de quem teve o apoio, como governador, quando disputou a reeleição para a prefeitura, em 2008.

Funcionou, todavia, como uma "sublegenda" serrista do PSDB, mais do que como uma liderança do DEM. O DEM paulista tem dificuldade de existir sem o PSDB, porque o partido de Alckmin é hegemônico no Estado e conta com a lealdade dos setores de classe média mais conservadores, com peso eleitoral importante. Serra, todavia, parece ter sido rapidamente varrido do mapa partidário do Estado após a sua derrota nas eleições presidenciais e a vitória de Alckmin para o governo do Estado. 

Alckmin, que tinha a maioria dos diretórios do interior, mas não desfrutava nem de maioria, nem de prestígio, no diretório da capital, conseguiu movimentar-se rapidamente e hoje domina o partido em todo o Estado. Numa convenção nacional para escolher um candidato tucano para presidente, em 2014, seria voto certo para Aécio. Kassab, sem o padrinho Serra, perde o poder de rachar o PSDB paulistano, façanha que conseguiu em 2008, e não tem nenhum poder de negociação com o PSDB paulista, onde Alckmin reina sem concorrentes.

A "guinada" à esquerda, tentada na negociação de adesão ao PSB, com uma baldeação pelo PDB, é uma tentativa de conquistar outro eleitorado, na impossibilidade de concorrer com o PSDB pelos votos conservadores de São Paulo. Mas, nacionalmente, afugentou os integrantes de um partido que, embora tradicional, tem um conteúdo ideológico já solidificado e nenhuma vergonha de ser de direita. Em vez de ver o PDB como uma opção à extinção, os políticos demistas que poderiam fechar com Kassab passaram a vê-lo como um risco maior. 

A senadora Kátia Abreu (TO), por exemplo, embora tenha sérios problemas políticos no seu Estado, é uma liderança conservadora importante, o que atraiu eleitorado correspondente. Uma pessoa com a biografia do ex-senador Marco Maciel (PE) também ficaria incomodado com o futuro anunciado para o PDB, o PSB, até porque é adversário local do presidente do partido socialista, o governador Eduardo Campos. Uma opção de adesão ao governo, ou ao socialismo, também não atrai um político com o passado do ex-senador Jorge Bornhausen (SC). 

Pode parecer meio esquisito, mas é por estar na órbita de influência de Serra que Kassab achou que o caminho mais fácil era aderir a um partido da base governista, e de esquerda. Pensou paulista, quando o DEM apostava que despontaria como uma liderança nacional.

terça-feira, 22 de março de 2011

O Brasil deles

por Rodrigo Vianna

Era meia-noite de sábado pra domingo quando um gringo ligou no meu celular e - com um sotaque carregado mas de forma muito polida – avisou: “senhor Rodrigo, aqui é o Eric, do consulado [não disse qual consulado, acho que pra ele só existe um "Consulado"], o presidente [qual presidente, de que país? ele também não disse] não vai mais ao Cristo Redentor domingo pela manhã; programação mudou, ele vai à noite.”  

Logo entendi: Obama, que chegava de Brasilia, precisava de um tempo domingo de manhã pra tratar de assuntos de governo, para articular a guerra com a Líbia. Ok. Ganhei algumas hporinhas de sono domingo cedo, mas trabalhei o dia todo na cobertura dos outros eventos, e à noite ainda tinha a visita ao Cristo.

Vocês pensam que subimos até o Cristo por nossos próprios meios? Não. As instruções eram claras: pouco antes das seis da tarde de ontem, devíamos nos apresentar na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde nos aguardavam funcionários do governo dos Estados Unidos. O grupo de jornalistas entrou num microônibus alugado pel Consulado dos EUA, e subiu serpenteando pela Floresta da Tijuca. Chegamos a Cristo às 19h, e já não havia vestígio de Brasil por lá. O maior símbolo brasileiro tinha sido entregue aos cuidados da segurança dos Estados Unidos.

Mas nem tudo é política. Nenhum dos jornalistas brasileiros ali presentes nunca havia subido ao Cristo durante a noite. Lado a lado com os colegas vindos dos EUA, ficamos embasbacados com a vista noturna. Do alto, vê-se tudo iluminado, de maneire feérica: a Lagoa, os navios fundeados na baía, a ponte Rio-Niterói, e os maciços montanhosos que desenham uma das paisagens urbanas mais lindas do Planeta (do que já conheci, só a Cidade do Cabo rivaliza com a beleza do Rio). E isso não é (só) um clichê. É a realidade, confirmada ontem mais uma vez.

Tiramos fotos, e como qualquer turista ficamos ali do alto tentando advinhar onde estavam ruas, bairros, casas. Posicionamos câmeras onde a segurança da Casa Branca determinou. E aí, mais uma surpresa: “agora vocês deixem aí os equipamentos e descçam, porque tudo será revistado”. Ou seja: eles revistaram câmeras, bolsas, tudo… Sem a nossa presença. E sem a presença de nenhum brasileiro.

Quando voltamos para nossos “postos”, sempre sob comando de um baixinho norte-americano, ainda havia um cão farejador (de nacionalidade estadunidense, porque cães brasileiros são suspeitos) por ali. Aliás, fez um xixi desavisadamente justo no trajeto por onde a família Obama passaria. Mas era xixi de cachorro gringo. Permitido. Jogaram uma aguinha em cima, e não se falou mais nisso.

Às 21 horas veio o aviso: Obama está chegando.

Ajeita  tripé, ajusta a câmera e, lá vem ele, simpático, com a família toda. Todos agasalhados – porque havia um ventinho àquela hora da noite.
O cinegrafista fazia as imagens, e eu comecei a fazer a narração, a “passagem” (aquela hora em que o repórter dá seu testemunho, contando o que vê). Um gringo que nem sei quem era começou a dizer “psh, psh”. Não era jornalista, mas funcionário da Casa Branca. “Please, let´s enjoy this moment”. Deu a entender que eu precisava calar a boca para que  o presidente pudesse desfrutar da vista, e do momento de espiritualidade. “Tenho que fazer meu trabalho”, respondi. E tasquei a segunda vez. Consegui, mas o cara continuava “psh, psh”.

Não cheguei a tirar os sapatos pra eles. Mas confesso que ver o Cristo dominado daquela forma pela segurança dos EUA, e ainda levar um “psh, psh” de um moleque da Casa Branca me deixou bastante irritado. Ainda mais que, na hora de fazer as imagens, os jornalistas brasileiros cumpriram tudo que estava combinado (não avançar além de determinado ponto etc), enquanto a turma dos EUA invadiu, entrou na nossa frente – assim como os seguranças.
Claro que isso tudo é detalhe. O que importa nos jornais e telejornais é a imagem de Obama aos pés do Cristo. Imagem que tem um enorme peso simbólico no momento em que os EUA comandam mais um ataque a país de maioria muçulmana: “o líder do mundo cristão ocidental vai buscar energia espiritual aos pés do redentor, antes de comandar mais uma cruzada contra o mundo muçulmano.”

É um símbolo. Muito mais importante, eu diria, do que o moleque da Casa Branca cantando de galo na casa dos outros e  dizendo “psh, psh” pra um jornalista brasileiro…

Depois de tanta irritação, só havia um jeito de terminar bem o dia: chopp e sanduíche de pernil, no bom e velho Cervantes. Saí do hotel no Leme, desviei de algumas moças mais afoitas na Prado Junior, e debrucei-me sobre a refeição altamente calórica, já no início da madrugada: “Aha-uhu, o Cervantes é nosso.”

Erradicação da...

Por Luis Nassif
No início de governo, Dilma Rousseff definiu alguns eixos centrais para sua gestão. Constituiu um grupo interministerial para cada eixo e conferiu a coordenação ao Ministério da área.
Um dos programas centrais será o de erradicação da miséria absoluta, a inclusão de uma multidão sem nome, sem cidadania. A coordenação foi conferida à Ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello.
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O MDS fica na coordenação geral, mas em uma equipe com os Ministérios do Planejamento, Fazenda e Casa Civil, trabalhando diretamente com a Presidência da República. É a maneira de conferir hierarquia nas relações com os demais ministérios.
Debaixo do MDS será constituída a Secretaria Extraordinária de Erradicação da Extrema Pobreza e Criação de Oportunidades, a ser coordenado por Ana Fonseca. A ideia justamente é a do esforço extraordinário, isto é mais amplo do que os esforços tradicionais do Estado, de universalização da saúde, educação, Bolsa Família etc. E tem que ser um esforço coordenado pelo Estado, mas que mobilize todo o país.
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O programa será um desafio para os novos modelos de gestão pública.
Nos últimos anos houve a universalização de um conjunto amplo de serviços, dos quais o mais vistoso foi o Bolsa Família. Agora se entra em uma nova etapa, com novos desafios.
O primeiro é o de incluir a fatia dos desassistidos. Não se trata de tarefa comezinha.
Mas de chegar ao núcleo duro da pobreza, uma população ou não conhecida do Estado ou tão miserável que sequer sabe de seus próprios direitos. Ou então em algum momento procurou ajuda do Estado e se desencantou. Está espalhada pelo país, mas concentrada em três regiões específicas: semiárido, norte e periferia das grandes metrópoles.
Esse contingente foi batizado de população "buscativa". Não há uma receita única para ir atrás dela.
Tempos atrás, por exemplo, Tereza coordenou a Operação Arcoverde Terra Legal no Acre. Foi montada uma força-tarefa com três caminhões gigantescos com tudo dentro, até antena parabólica que acessava a rede do Banco do Brasil e da Previdência Social em plena floresta.
A ação deu-se nos municípios campeões de desmatamento. Chegando lá, iam atrás da população em distritos distantes, trazendo-a de ônibus. 80 mil pessoas tiveram acesso a documentos variados.
Parte delas chegou atrás de certidão de nascimento e, lá, constatou-se que tinham direito a aposentadoria, jamais solicitada.
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O segundo desafio é o de definir as formas de interação dos diversos Ministérios.
A ordem recebida de Dilma Rousseff foi a de não apresentar um programa genérica mas a de definir um modelo de gestão não apenas com meta global, mas com metas específicas por programa, com indicadores, monitoramento e prestação de contas. E haverá a necessidade de mostrar claramente onde se está hoje e como se chegará em 2014 em cada um dos programas anunciados.
Esses levantamentos serão fundamentais para mobilizar toda a comunidade, especialmente Estados e municípios, além de atores sociais que terão papel central nesse modelo.
Inclusão com crescimento
Identificado esse público, está havendo uma discussão com MEC e Ministério do Trabalho para ações de capacitação. Com a economia crescendo, planos de erradicação da pobreza ganham outra dinâmica. Ao contrário de outros momentos da história do país, atualmente tem-se um crescimento mais harmônica, por todas as regiões. O grande desafio será o de identificar oportunidades de trabalho e bolsões de pobreza.
O Mapa de Oportunidades
Para tanto, numa ponta está sendo montado um cruzamento de todos os bancos de dados sociais. Na outra, um levantamento de obras e empreendimentos com poder empregatício, o chamado Mapa de Oportunidades. Entram nele as obras do PAC e empreendimentos em todo o país. A ideia é identificar antecipadamente as demandas por mão de obra e colocar a máquina do governo – com estados e municípios – para preparar os trabalhadores.
Políticas transversais
E ai entram as políticas transversais. Tereza conta o caso de uma moça que recebeu treinamento para ser cozinheira. Quando se apresentou ao serviço foi rejeitada por não ter dentes. O mapeamento dos excluídos incluirá todo tipo de demandas de saúde e de educação para poder enfrentar o mundo da economia formal, como o Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde, cursos de curta e média duração.