sexta-feira, 11 de março de 2011

Crise na zona do euro recrudesce antes de encontro

Por Elizabeth O'Leary e Julien Toyer
MADRI/BRUXELAS (Reuters) - A Moody's cortou o rating de dívida soberana da Espanha na quinta-feira, derrubando o euro e aprofundando uma crise no bloco de moeda única, formado por 17 países, às vésperas de um encontro crucial.
A chanceler alemã, Angela Merkel, sinalizou a parlamentares em uma reunião a portas fechadas que está preparada para concordar com um aumento no fundo de resgate europeu no final deste mês, disseram participantes, mas apenas sob condições que talvez outros Estados em dificuldade não aceitarão.
Investidores derrubaram o euro à mínima em uma semana, abaixo de 1,38 dólar, enquanto o prêmio de risco sobre títulos espanhóis subiu e o custo de garantia de papéis de dívida de Espanha, Grécia e Portugal contra default avançou, conforme uma nova onda de preocupações com a zona do euro abateu os mercados financeiros.
Espera-se que os líderes de nações integrantes do bloco de moeda única apoiem uma versão menos rígida de um plano conjunto da Alemanha e França de impulsionar a competitividade econômica no encontro em Bruxelas, a ocorrer na sexta-feira, mas é improvável que superem grandes diferenças sobre se deveria ser dado ao fundo de resgate novos poderes que o ajudariam a aliviar o peso em nações da zona do euro altamente endividas.
Uma autoridade alemã minimizou qualquer expectativa de um acerto comum, dizendo que nenhuma decisão será tomada na sexta-feira sobre reforçar o fundo de resgate europeu

Terremoto de 8,9 no Japão




Um forte terremoto de magnitude 8,9 – de acordo com a medição da agência americana US Geological Survey – atingiu o Japão por volta das 15 horas (horário local). Pela medição da Agência Meteorológica do Japão, o tremor foi de 8.4.
O epicentro foi na costa próxima à província de Miyagi, a 373 quilômetros da capital. Segundo autoridades japonesas, pelo menos 19 pessoas morreram em consequência do tremor.
A Agência Meteorológica emitiu alerta de tsunami para ondas de até 10 metros em toda a costa do Pacífico.
As ondas podem atingir também as Filipinas, o Havaí, a costa pacífica da Rússia, a Indonésia, Taiwan e mesmo países da América do Sul como o Chile.
Em Sendai, capital da província de Miyagi, os sismógrafos registraram tremores de até 7 graus na escala japonesa.
A energia elétrica e o gás foram cortados na cidade. Outras duas réplicas, de magnitude inferiores a 6, atingiram o arquipélago e fizeram com que os prédios na capital balançassem continuamente.
O epicentro do abalo se deu no fundo do mar, a uma distância de 160 quilômetros da costa, no mesmo local onde ocorreu um terremoto de 7,3 graus na última quarta-feira.
A TV pública NHK mostrou imagens de barcos e carros sendo arrastados pelo tsunami na região mais a leste de Tóquio.
Muitas casas e regiões agrícolas foram atingidas pelas águas.
Ainda não se sabe o número de mortos e feridos. Mas a tevê japonesa já noticiou a morte de seis pessoas, carregadas pelas águas do tsunami.
Em Chiba, tanques de uma companhia de gás pegaram fogo e há risco de explosão na área.
A rede TBS mostrou um prédio em chamas na ilha futurística de Odaiba, em Tóquio.
Os trens e o metrô pararam de circular e milhares de pessoas deixaram os altos edifícios comerciais da capital, lotando as ruas.
Em 1933, um terremoto de magnitude 8,1 atingiu a região metropolitana de Tóquio e matou mais de 3 mil pessoas.
Os tremores de terra são comuns no Japão, um dos países com mais atividades sísmicas do mundo, já que está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico".
O país é atingido por cerca de 20% de todos os terremotos de magnitude superior a 6 que acontecem no mundo

Ainda há muito a avançar no quesito: Educação


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O Brasil avança na economia, mas tem um longo caminho a percorrer na educação. O país é o único dos BRICs a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos no mundo todo.
É o que mostra o novo ranking divulgado nesta quinta-feira pela THE (Times Higher Education), principal referência no campo das avaliações de universidades no mundo, que é baseada em Londres.
A Rússia aparece com a Universidade Lomonosov, de Moscou, na 33ª posição. A China tem cinco universidades no ranking (duas em Hong Kong e uma em Taiwan). A melhor é a Tsinghua, de Pequim, no 35º lugar. O Instituto Indiano de Ciência está na 91ª colocação.
Foram ouvidos 13.388 acadêmicos de 131 países para chegar à lista das universidades com melhor reputação
São estudiosos com, em média, mais de 16 anos de trabalho em instituições de ensino superior e 50 trabalhos científicos publicados.
Na liderança, mais uma vez, aparece a americana Harvard, que também lidera o ranking geral da THE divulgado em setembro de 2010 e que a Folha publicou com exclusividade no Brasil.
A diferença entre os rankings é que o geral leva em conta 13 critérios --relação estudante/professor, quantidades de alunos e professores estrangeiros, número de trabalhos científicos publicados, ênfase em pesquisa etc.
O índice de reputação, divulgado pela primeira vez pela THE, considera apenas a imagem que as instituições têm entre os acadêmicos.
Foi pedido que apontassem, entre mais de 6.000, até dez universidades como as melhores do mundo em seus campos específicos.
HARVARD
Os Estados Unidos são o grande destaque, com sete universidades entre as dez primeiras e 45 entre as cem.
Em seguida vem o Reino Unido, com duas entre as dez primeiras (Oxford e Cambridge) e 12 no total.
A surpresa é a Universidade de Tóquio, que aparece na oitava posição. No ranking geral, ela está no 26º lugar.
A Rússia também se destaca. A Lomonosov, em Moscou, é a 33ª com melhor reputação, apesar de nem constar do ranking geral da THE.
Com mais de 50 mil alunos, tem 11 ganhadores do Nobel e investe dinheiro público e privado em pesquisas.
Segundos especialistas, é justamente a falta de investimento em pesquisa que deixa as universidades brasileiras fora desses rankings.
Phil Baty, um dos responsáveis pelo estudo, diz que os rankings baseados em critérios objetivos são muito importantes, mas defende também os de reputação.
"Neste momento em que há uma grande disputa global pelo mercado de alunos e professores, uma boa reputação no meio acadêmico é crucial", afirma Baty.
Fora o Reino Unido, a Europa não aparece bem no ranking. A universidade suíça mais bem colocada está em 24º lugar. A alemã, em 48º. Nenhuma francesa está entre as 50 primeiras.
Itália, Espanha e Portugal não figuram no ranking.

EUA e suas "Açõe Humanitárias"


Por Michel Chossudovsky


Os EUA e a NATO estão a apoiar uma insurreição armada na Líbia Oriental, tendo em vista justificar uma "intervenção humanitária". 

Isto não é um movimento de protesto não violento como no Egipto e na Tunísia. As condições na Líbia são fundamentalmente diferentes. A insurreição armada na Líbia Oriental é apoiada directamente por potências estrangeiras. A insurreição em Benghazi imediatamente arvorou a bandeira vermelha, negra e verde com o crescente e a estrela: a bandeira da monarquia do rei Idris, a qual simbolizava o domínio das antigas potências coloniais. (Ver Manlio Dinucci, Libya-When historical memory is erased , Global Research, Febraury 28, 2011) 

Conselheiros militares e forças especiais dos EUA e NATO já estão no terreno. A operação foi planejada para coincidir com o movimento de protesto em países árabes vizinhos. A opinião pública foi levada a acreditar que o movimento de protesto havia se espalhado espontaneamente da Tunísia e do Egipto para a Líbia. 

A administração Obama em consulta com os seus aliados está a ajudar uma rebelião armada, nomeadamente uma tentativa de golpe de Estado. 

"A administração Obama está pronta a oferecer "qualquer tipo de assistência" a líbios que procurem derrubar Moammar Kadafi", disse secretária de Estado Hillary Clinton [27 Fevereiro]. "Temos estado a estender a mão a muito diferentes líbios que estão a tentar organizar-se no Leste e para que a revolução mova-se também em direcção Oeste", disse Clinton. "Penso que é demasiado cedo para dizer como isto vai terminar, mas temos de estar prontos e preparados para oferecer qualquer espécie de assistência que alguém pretenda ter dos Estados Unidos". Há esforços encaminhados para formar um governo provisório na parte Leste do país onde a rebelião começou em meados do mês. 

Os EUA, disse Clinton, estão a ameaçar mais medidas contra o governo de Kadafi, mas não disse o que eram ou quando poderiam ser anunciadas. Os EUA deveriam "reconhecer algum governo provisório que eles estejam a tentar por de pé..." [McCain]. 

Lieberman falou em termos semelhantes, urgindo "apoio tangível, uma zona de interdição de voo, reconhecimento do governo revolucionário, o governo de cidadãos e apoiá-los com assistência humanitária e eu lhes forneceria armas" ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated, Press, February 27, 2011, sublinhados do autor). 

A invasão planejada 

Uma intervenção militar é agora contemplada pelas forças dos EUA e NATO sob um "mandato humanitário". 

"Os Estados Unidos estão a mover forças navais e aéreas na região" para "preparar o conjunto completo de opções" na confrontação com a Líbia: o porta-voz do Pentágono, Cor. Dave Lapan, dos Fuzileiros Navais, fez este anúncio [1 Março]. Ele disse que "foi o presidente Obama que pediu aos militares para prepararem-se para estas opções", porque a situação na Líbia está a ficar pior". (Manlio Dinucci, Preparing for "Operation Libya": The Pentagon is "Repositioning" its Naval and Air Forces... , Global Research, March 3, 2011, sublinhado do autor) 

O objectivo real da "Operação Líbia" não é estabelecer democracia mas sim tomar posse das reservas de petróleo líbias, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e a propriedade da riqueza petrolífera da Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 100 principais companhias de petróleo (A Energy Intelligence classifica a NOC no 25º lugar entre as 100 principais companhias do mundo – Libyaonline.com). 

A Líbia está entre as maiores economias petrolíferas do mundo com aproximadamente 3,5% das reservas de petróleo globais, mais do que o dobro daquelas dos EUA. 

A planejada invasão da Líbia, que já está em curso, faz parte do conjunto mais vasto da "Batalha pelo petróleo". Cerca de 80 por cento das reservas petrolíferas da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. 

As concepções estratégicas por trás da "Operação Líbia" recordam empreendimentos militares anteriores dos EUA-NATO na Iugoslávia e no Iraque. 

Na Iugoslávia, forças dos EUA-NATO desencadearam uma guerra civil. O objectivo era criar divisões políticas e étnicas, as quais finalmente levaram à fragmentação de todo um país. Este objectivo foi alcançado através do financiamento encoberto e do treino de forças paramilitares armadas, primeiro na Bósnia (Bosnian Muslim Army, 1991-95) e a seguir no Kosovo (Kosovo Liberation Army (KLA), 1998-1999). 

Tanto no Kosovo como na Bósnia, a desinformação da mídia (incluindo mentiras rematadas e falsificações) foram utilizadas para apoiar afirmações dos EUA-UE de que o governo de Belgrado havia cometido atrocidades, justificando dessa forma uma intervenção militar com razões humanitárias. 

Ironicamente, a "Operação Iugoslávia" agora está nos lábios dos feitores da política externa estadunidense: o senador Lieberman "comparou a situação na Líbia aos acontecimentos nos Balcãs na década de 1990 quando, disse ele, os EUA "intervieram para travar um genocídio contra os bósnios. E a primeira coisa que fizemos foi proporcionar-lhes as armas para defenderem-se. Isso é o que penso que podemos fazer na Líbia". ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated , Press, February 27, 2011, emphasis added). 

O cenário estratégico seria pressionar rumo à formação e reconhecimento de um governo interino da província secessionista, tendo em vista finalmente fragmentar o país. Esta opção já está a caminho. A invasão da Líbia já começou. 

"Centenas de conselheiros militares estadnidenses, britânicos e franceses chegaram à Cirenáica, a província separatista do Leste... Os conselheiros, incluindo oficiais de inteligência, foram lançados de navios de guerra e navios de mísseis nas cidades costeiras de Benghazi e Tobruk" ( Debkafile, US military advisers in Cyrenaica, February 25, 2011). 

Forças especiais dos EUA e aliados estão no terreno na Líbia Oriental, proporcionando apoio encoberto aos rebeldes. Isto foi reconhecido quando comandos britânicos das Forças Especiais (SAS) foram presos na região de Benghazi. Estavam a atuar como conselheiros militares para forças de oposição: 

"Oito comandos de forças especiais britânicas, numa missão secreta para colocar diplomatas britânicas em contacto com oponentes destacados do Cro. Muammar Kadafi na Líbia, acabaram humilhados depois de terem apoiado forças rebeldes na Líbia Oriental", informa o Sunday Times de hoje. 
Os homens, armados mas à paisana, afirmaram que foram verificar as necessidades da oposição e oferecer ajuda" (Top UK commandos captured by rebel forces in Libya: Report, Indian Express , March 6, 2011, sublinhado do autor). 

As forças SAS foram presas quando escoltavam uma "missão diplomática" britânica a qual entrou ilegalmente no país (sem dúvida de um navio de guerra britânico) para discussões com líderes da rebelião. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico reconheceu que "uma pequena equipe diplomática britânica foi enviada à Líbia Oriental para iniciar contactos com a oposição rebelde" (U.K. diplomatic team leaves Libya - World - CBC News, March 6, 2011). 

Ironicamente, as reportagens não só confirmam a intervenção militar ocidental (incluindo várias centenas de forças especiais), como também reconhecem que a rebelião se opunha firmemente à presença ilegal de tropas estrangeiras sobre o solo líbio: 

"A intervenção da SAS enraiveceu figuras líbias da oposição as quais ordenram que os soldados fossem trancados numa base militar. Oponentes de Kadafi temem que ele possa utilizar qualquer evidência de interferência militar ocidental para congregar apoio patriótico para seu regime" (Reuters, March 6, 2011). 

O "diplomata" britânico capturado com soldados das forças especiais era membro da inteligência britânica, um agente do MI6 numa "missão secreta" (The Sun, March 7, 2011). 

Declarações dos EUA e NATO confiram que estão a ser fornecidas armas às forças de oposição. Há indicações, embora não prova clara até agora, de que foram entregues armas aos insurgentes antes do desencadeamento da rebelião. Com toda probabilidade, conselheiros militares e de inteligência dos EUA e NATO também estavam no terreno antes da insurreição. Este foi o padrão aplicado no Kosovo: forças especiais apoiando e treinando o Kosovo Liberation Army (KLA) nos meses que antecederam a campanha de bombardeamento de 1999 e a invasão da Iugoslávia. 

Tal como os acontecimentos se desdobram, contudo, forças do governo líbio recuperaram controle sobre posições rebeldes: 

"A grande ofensiva das forças pró-Kadafi lançadas [4 Março] para arrebatar das mãos dos rebeldes o controle das cidades e centros petrolíferos mais importantes da Líbia resultou [5 Março] na recaptura da cidade chave de Zawiya e da maior parte das cidades petrolíferas em torno do Golfo de Sirte. Em Washington e Londres, a conversa da intervenção militar ao lado da oposição líbia foi emudecida pela percepção de que a inteligência de campo de ambos os lados do conflito líbio era demasiado incompleta para servir de base à tomada de decisões" (Debkafile, Qaddafi pushes rebels back. Obama names Libya intel panel , March 5, 2011, sublinhado do autor). 

O movimento da oposição está fortemente dividido quanto à questão da intervenção estrangeira. A divisão é entre o movimento das bases por um lado e os "líderes" apoiados pelos EUA da insurreição armada que são a favor da intervenção militar estrangeira por "razões humanitárias". 

A maioria da população líbia, tanto os apoiantes como os oponentes do regime, é fortemente oposta a qualquer forma de intervenção externa. 

Desinformação da mídia 

Os vastos objetivos estratégicos subjacentes à invasão proposta não são mencionados pela mídia. A seguir a uma campanha enganosa da mídia, em que notícias eram literalmente falsificadas sem relação com o que realmente estava a acontecer no terreno, um amplo setor da opinião pública internacional concedeu o seu firme apoio à intervenção estrangeira, por razões humanitárias. 

A invasão está na prancheta do Pentágono. Está destinada a ser executada independentemente dos desejos do povo da Líbia, incluindo o dos oponentes do regime, os quais têm exprimido a sua aversão à intervenção militar estrangeira em desrespeito da soberania da nação. 

Posicionamento da força naval e aérea 

Caso esta intervenção militar fosse executada resultaria numa guerra geral, uma blitzkrieg, implicando o bombardeamento tanto de alvos militares como civis. A este respeito, o general James Mattis, comandante do U.S. Central Command (USCENTCOM), declarou que o estabelicimento de uma "zona de interdição de voo" envolveria de fato uma campanha de bombardeamento geral, que alvejasse entre outras coisas o sistema de defesa aérea da Líbia. 

"Seria uma operação militar – não seria suficiente dizer às pessoas para não voarem com aviões. Teria de ser removida a capacidade de defesa aérea a fim de estabelecer uma zona de interdição de voo, que não haja ilusões quanto a isto" ( U.S. general warns no-fly zone could lead to all-out war in Libya , Mail Online, March 5, 2011, sublinhado do autor). 

Uma força naval dos EUA e de aliados foi posicionada ao longo da costa líbia. O Pentágono está a mover seus vasos de guerra para o Mediterrâneo. O porta-aviões USS Enterprise transitou através do Canal de Suez poucos dias após a insurreição ( http://www.enterprise.navy.mil). Os navios anfíbios dos EUA, USS Ponce e USS Kearsarge, também foram posicionados no Mediterrâneo. 

Foram despachados 400 fuzileiros navais dos EUA para a ilha grega de Creta "antes do seu posicionamento em navios de guerra ao largo da Líbia" (Operation Libya": US Marines on Crete for Libyan deployment , Times of Malta, March 3, 2011). 

Enquanto isso, a Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá e Itália estão no processo de posicionar vasos de guerra ao longo da costa líbia. 

A Alemanha posicionou três navios de guerra utilizando o pretexto da assistência na evacuação de refugiados sobre a fronteira Líbia-Tunísia. "A França decidiu enviar o Mistral, o seu porta-helicópteros, os quais, segundo o Ministério da Defesa, contribuirão para a evacuação de milhares de egípcios" ( Towards the Coasts of Libya: US, French and British Warships Enter the Mediterranean , Agenzia Giornalistica Italia, March 3, 2011). O Canadá despachou (2 Março) a fragata HMCS Charlettetown. 

Entretanto, a US 17th Air Force, chamada US Air Force Africa, baseada na Ramstein Air Force Base, na Alemanha, está a assistir na evacuação de refugiados. As instalações da força aérea EUA-NATO na Grã-Bretanha, Itália, França e Médio Oriente estão em prontidão.

Os "amigos" dos EUA no Brasil

Por Altamiro Borges

Os novos documentos do serviço diplomático dos EUA vazados pelo WikiLeaks ainda vão dar muito o que falar. Traduzidos, eles serão um prato cheio para a crítica demolidora da blogosfera progressista – já que a mídia colonizada evita repercuti-los – e servirão também de fonte para futuros estudos acadêmicos sobre as complexas relações Brasil-EUA. 

Entre outras questões, os documentos vazados servem para quatro reflexões iniciais:

1- Como já afirmou Julian Assange, o criador do WikiLeaks que é vítima de brutal perseguição do império, eles comprovam que o serviço diplomático dos EUA virou, na prática, um centro de espionagem. Embaixadores, cônsules e outros serviçais até parecem agentes da CIA. Eles bisbilhotam a vida das pessoas (inclusive do secretário-geral da ONU, investigado por ordens diretas de Hillary Clinton), coletam dados para favorecer a “guerra comercial” das multinacionais ianques e tentam interferir nos rumos de países “soberanos”. Em outro contexto histórico, os diplomatas dos EUA simplesmente seriam expulsos dos países espionados. 

2- Apesar de decadente e em crise, o imperialismo estadunidense continua bastante ativo e agressivo – o que deveria servir de alerta para alguns que acreditavam que ele já nem mais existia. A diplomacia dos EUA, como não poderia deixar de ser, visa unicamente manter os interesses econômicos e políticos do império. Ela monitora tudo o que ocorre no mundo, em especial nos países mais estratégicos na geopolítica mundial. Neste sentido, o Brasil é alvo de permanente espionagem. Como sempre enfatiza Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty, o nosso país desperta forte cobiça por sua dimensão continental, densidade populacional, capacidade produtiva e reservas naturais. Não se deve subestimar seu potencial – e os EUA sabem disto.

3- Os memorandos vazados pelo WikiLeaks também confirmam que os EUA mantêm intimas ligações com a direita entreguista do Brasil – o que já é fartamente conhecido na história. Apesar de o governo Lula ter mantido “relações cordiais” com o império, este nunca tolerou a sua política externa mais altiva – como na prioridade ao Mercosul ou na rejeição ao golpe militar-ianque em Honduras. Não é para menos que a diplomacia estadunidense sempre privilegia o contato com a oposição demotucana, conforme relata Natalia Vianna, representante do WikiLeaks no Brasil (leia aqui). Nas eleições de 2010, ela voltou a manifestar simpatia por José Serra, o candidato demotucano que prometeu que “como presidente iria pressionar por uma política externa mais alinhada com os EUA”, segundo um dos telegramas enviados pelo consulado de São Paulo à Casa Branca.

4- Mas os EUA não têm “amigos” apenas nos partidos de direita com complexo de vira-lata. O risível nos últimos documentos do WikiLeaks é que eles confirmam a relação promíscua de setores da mídia “privada” com o império. Num dos memorados há o relato da reunião, em 12 de janeiro último, do cônsul dos EUA com um “importante colunista da revista Veja, Diogo Mainardi”. Ele explica como, a partir de uma “conversa com José Serra”, escreveu sua coluna propondo o nome de Marina Silva como vice na chapa da oposição – para “contrabalançar a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres”. Outro descreve a conversa do cônsul, em 21 de janeiro, com Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, que aposta que o ex-governador mineiro aceitará ser vice do ex-governador paulista e que “uma chapa Serra-Neves” seria imbatível. Após a leitura dos documentos fica a dúvida se estes e outros “calunistas” da mídia são cabos-eleitorais da direita, que escrevem sob o seu soldo, ou meros “amigos” dos EUA.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Willian Waack, mais um personagem dos telegramas Wikileaks


Os trechos dos telegramas que vocês vão ler a seguir, são avaliações de um redator da embaixada Americana aqui no Brasil a respeito das eleições de 2010. Avaliações encomendadas pelo governo Norte Americano.


A grande questão é por que jornalistas da grande mídia Brasileira estão nos bastidores das relações políticas de candidatos que ainda nem se elegeram?
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Reproduzo artigo de Miguel do Rosário, publicado no blog Gonzum


Após horas mergulhado nos telegramas da embaixada e consulados norte-americanos sobre as eleições 2010, finalmente encontrei mais algumas pérolas. Um outro personagem da mídia aparece com destaque: William Waack!

Antes de prosseguir, evitemos uma injustiça. Embora seja um pouco estranha a preferência dos diplomatas americanos por encontros exclusivamente com políticos e jornalistas de oposição, não há, nos bilhetes, nada que indique, por parte dos diplomatas ianques, ações concretas para beneficiar os tucanos. Não nessa safra de telegramas, ao menos. Quer dizer, há ações políticas bem claras, mas perfeitamente compreensíveis para políticos francamente conservadores como são os diplomatas norte-americanos. Eles não fingem ser de esquerda. Ao contrário, monitoram permanentemente os movimentos de esquerda nas Américas, como aliás mostram alguns documentos desta mesma safra. E também já sabemos, pelo Wikileaks, que Serra encontrou-se com representantes da Chevron, grande petroleira americana, e prometeu mudar as leis do pré-sal em favor de empresas norte-americanas. Pensando melhor, tiveram ações concretas sim.

O que mais vemos, nesta safra de bilhetes diplomáticos, isso sim, são caciques do PSDB e figurinhas da mídia ansiosos em angariar apoio dos diplomatas imperiais e, com isso, da Casa Branca. 

Daí para ganhar doação de algum daqueles bilionários americanos de ultra-direita é somente um passo...

Por falar em Casa Branca, um telegrama da Secretária de Estado, Hillary Clinton, vazado no mesmo pacote, mostra que o governo norte-americano vinha acompanhando atentamente os desdobramentos pre-eleitorais no Brasil. Num recado bem sintético e com um quê de enigmático, Clinton observa que a diplomacia americana no Brasil tem fornecido "excelentes análises sobre a candidata Dilma Rousseff, as quais tem sido usadas para produção de documentos de alto nível para nossos formuladores de política externa".

Mas falemos do sempre sensível e franco William Waack, o âncora que nunca se preocupou em ocultar seu desconforto ao anunciar notícias tristes como queda no desemprego, aumento nos salários e crescimento econômico. 

Dois telegramas do Consulado Americano de São Paulo citam Waack. No primeiro, o texto afirma que "os críticos mais duros de Dilma Rousseff enfatizam que seus discursos na TV e em público irão matar sua candidatura". Quem falaria isso? Bem, na frase seguinte, aparece um nome... 

"O jornalista William Waack descreveu para o Cônsul de São Paulo um evento recente em que Serra, Rousseff, [Aécio] Neves e [Ciro] Gomes participaram. Segundo Waack, Gomes foi o mais forte de todos; Neves o mais carismático; Serra um pouco frio e desinteressado, mas competente; e Rousseff a menos coerente".

Todos fortes e bons, portanto, menos Dilma... 

Outros críticos, diz o texto, "foram mais sutis, usando porém uma argumentação intuitiva segundo a qual o desejo por continuidade, após anos de progresso e prosperidade, beneficiaria na verdade a José Serra, porque ele é visto por muitos como capaz de seguir melhor os rumos econômicos traçados por Fernando Henrique Cardoso e continuados por Lula".

Daí chegamos a outro nome importante da imprensa brasileira a vaticinar prognósticos triunfantes para José Serra.

"Helio Gurovitz, diretor de redação da revista Época, descreveu o Brasil como similar ao Chile, argumentando que a base social do país evoluiu de maneira que iria preferir alternar partidos para manter a continuidade, mais do que deixar um só partido no poder por um longo período (...)".

Finalizando esse trecho anti-Dilma, o documento do consulado informa simplesmente que "outros dizem que ela é a candidata errada na hora errada."

A melhor parte, no entanto, vem no telegrama seguinte:

"O jornalista William Waack anunciou, num almoço com o Cônsul Geral [de SP] em 4 de setembro [de 2009] que Serra e Aécio haviam selado um acordo, concordando em disputar juntos a eleição, com Serra na cabeça da chapa. Um segundo participante do almoço, o diretor do Instituto FHC Sérgio Fausto, expressou surpresa diante da afirmação de Waack, mas acrescentou que FHC não iria permitir que a rivalidade entre Serra e Neves dividisse o partido".

O redator do consulado encerra o parágrafo concluindo que "uma combinação de Serra e Neves unificaria o PSDB e seria formidável."

O que teria levado Waack a fazer uma declaração tão peremptória ao Cônsul dos Estados Unidos? Ele é jornalista importante, sabe que sua palavra tem um peso especial. Uma hipótese é que a mídia, naquele momento, já havia decidido que Aécio deveria aceitar a missão de ser vice de Serra. Lembro muito bem como a imprensa do eixo Rio-São Paulo deflagrou uma campanha fortíssima (e até mesmo violenta, com sugestões porventura ameaçadoras...) para convencer Aécio. Teria o PSDB se tornado um partido de marionetes da mídia de maneira tão explícita que Waack imaginou que poderia dar por fato consumado aquilo que era apenas um anseio dos cardeais da imprensa de oposição?

Bem, nunca saberemos, a menos que algum repórter corajoso se disponha a perguntar a Waack, embora eu suspeite que este repórter ingressará, imediatamente, numa lista negra e não trabalhará mais para nenhum grande jornal...

Amiga minha sugere que Waack usava essas conversas na Casa Branca para escolher convidados e temas em seus programas de entrevistas na Globonews.

Esses vazamentos mostram que, diante do envolvimento da grande imprensa em articulações políticas com os serviços diplomáticos norte-americanos, a blogosfera é um meio bem mais confiável para divulgação de documentos secretos relativos aos... serviços diplomáticos norte-americanos..

Aprofundando os fatos.

" A política de segurança atual não tem como objetivo acabar com o narcotráfico. Por isso, é uma grande hipocrisia dizer que o narcotráfico foi vencido. O fato novo é um outro: os espaços gigantescos de moradia dos pobres se tornaram grandes jazidas de acumulação para o capitalismo cognitivo, uma verdadeira nova fronteira."


"Uma reorganização acelerada pelo fato que as políticas sociais do governo Lula tornaram esses territórios dos pobres, tradicionalmente entregues à exclusão e ao narcotráfico, na nova fronteira de expansão do capitalismo rumo à conquista daquelas camadas sociais que os marqueteiros definiram como “classe C”. Os pobres passaram a ter poder de compra e as favelas se tornaram territórios de consumo e, por consequência, atrativas para a acumulação."


Giuseppe Cocco possui graduação em ciências políticas pela Université de Paris VIII e pela Università degli Studi di Padova. É mestre em ciências tecnológicas e sociedade pelo Conservatoire National des Arts et Métiers e em história social pela Université de Paris I (Pantheon-Sorbonne). Doutor em história social pela Université de Paris I (Pantheon-Sorbonne), atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Aqui a entrevista completa

Vale? investimento futuro?


A forte alta do investimento chinês em setores ligados a commodities no Brasil preocupa o ex-ministro Antonio Delfim Netto. "Eu não tenho nada contra a China, pelo contrário, eu tenho inveja. O problema é que a China opera através de empresas estatais que são o próprio Estado soberano chinês", diz Delfim, para quem a venda de recursos naturais para um outro Estado deve ser simplesmente proibida. Em 2010, o investimento chinês em atividades produtivas por aqui somou US$ 19 bilhões, incluindo operações concluídas e anunciadas, segundo levantamento do Valor. Desse total, 84% foram ligados a commodities.
"Imagine uma estatal chinesa comprando uma mina de ferro no Brasil. Primeiro, o ferro é transferido para uma fábrica de aço na China, também estatal. Depois, o aço vai para uma fábrica de bens de capital, que também pertence ao governo. O resultado é o que o preço do bem de capital é um preço político. Não há quem possa concorrer com ele", exemplifica Delfim.
Ele lembra que os chineses têm se apropriado de minas de ferro no mundo inteiro. Em quatro ou cinco anos, isso afetará o poder de mercado da Vale e das outras duas outras grandes mineradoras – Rio Tinto e BHP Billiton, diz Delfim. "Minério de ferro existe em tudo que é canto, mas da qualidade que existe no Brasil, não. A China atua para promover uma diversificação da oferta, e o problema é que nós estamos permitindo que eles façam essa diversificação dentro do Brasil. Enquanto a China está se pensando para 2050, o Brasil continua a se pensar para 1990."

quarta-feira, 9 de março de 2011

BC, Mercado e interesses pró-juros


Fabio Graner e Adriana Fernandes - O Estado de S.Paulo
O Banco Central estuda ampliar o alcance da pesquisa semanal Focus, que coleta as projeções de uma série de analistas do mercado financeiro para a inflação. Embora em estágio ainda preliminar, uma das ideias é incluir no levantamento projeções feitas por acadêmicos. 
Os críticos de dentro e fora do governo consideram que o levantamento da pesquisa Focus mostra apenas a visão do mercado financeiro, deixando de fora outros segmentos da sociedade. Isso, na visão dos críticos, coloca um viés pró juros altos nas decisões do BC.
A preocupação com o formato da Focus aumentou diante do fato de que nas últimas 12 semanas houve alta ininterrupta na estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para o sistema de metas de inflação. Atualmente, a previsão para o IPCA em 2011 é de 5,8%.
Diante desse quadro, parte do mercado financeiro considerava que o BC deveria agir com mais força e subir a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual. Tal visão, que existia inclusive em parte dos que apostaram em alta de 0,5 ponto porcentual, confirmada na semana passada, é de que o BC não poderia deixar as expectativas subirem tanto, sob pena de alimentar o processo de remarcação de preços.
Embora ainda considere bastante a Focus, o BC tem dado sinais de que põe um peso menor da pesquisa em seu processo decisório.
A avaliação é de que as expectativas têm sido muito influenciadas pela inflação corrente e que os índices de preços e as previsões do mercado vão cair ao longo do tempo, com mais força no segundo semestre, respondendo ao conjunto de ações de política econômica.
Segundo uma fonte do governo, um dos problemas da Focus é que grande parte das instituições consultadas não estaria preparada para fazer avaliações aprofundadas. "São poucas instituições que têm condições de antecipar uma mudança importante de um indicador, como inflação", disse. Esse integrante do governo considera que tal quadro reforça o comportamento de manada no mercado. "Ninguém quer errar numa ponta e ficar marcado."
Refém. Também há críticas de cunho mais ideológico. Há no governo quem acredite que o mercado "cria" ou "amplifica" problemas por meio da Focus para o juro subir mais, cooptando ou deixando o BC refém do mercado. A solução, avaliam, seria pelo menos o BC dar pouco peso à Focus em seus modelos.
O economista Amir Khair é um dos críticos mais duros do atual formato da Focus. "É muito estranho o BC só ouvir o mercado financeiro. É preciso olhar o País todo. Esse segmento do mercado tem interesse na Selic elevada, pois isso representa ganho fácil para os bancos", disse Khair. Na visão dele, para a pesquisa ser mais confiável, é preciso maior concorrência, com a participação de setores da economia real (entidades do setor industrial, comércio, serviços, etc.) e também de institutos que acompanham inflação.
O ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas reconhece a importância da Focus, mas avalia que ela de fato poderia ser ampliada.
Ele lembra que nos Estados Unidos há pesquisas semelhantes com uma amostragem bem maior - a Universidade de Michigan, segundo ele, consulta mais de 5 mil agentes. De qualquer forma, Freitas destaca que a Focus recentemente tem acertado mais que o BC. Segundo ele, no ano passado a pesquisa já mostrava uma tendência de piora na inflação e a autoridade monetária resolveu mesmo assim parar de subir os juros, o que hoje os dados mostram ter sido uma decisão equivocada.
O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, afirmou que a Focus é um importante canal de transmissão das expectativas de inflação para a economia real. "Certa ou errada, (a previsão) tem importância para a economia real", disse. "Se o mercado se convencer de que a inflação vai ficar dentro da meta, a expectativa de inflação vai refletir isso e será transmitida para a economia real. Ficará mais fácil para o BC. Ele terá de subir menos juros", acrescentou, destacando que o BC já fez sondagens com representantes da economia real. "Sabe o que eles descobriram? Que eles seguem a Focus", concluiu.
O professor da USP Fábio Kanczuk afirmou que o BC já tentou ampliar a Focus com empresas e universidades, "mas não houve muito interesse".
Segundo ele, as empresas usam as projeções de consultorias e bancos, o que, no final das contas, reforça a necessidade de se fazer projeções consistentes. Kanczuk considera que o BC recentemente partiu para uma estratégia de desqualificar a Focus, alegando o excessivo peso dado à inflação corrente, mas ele não vê "razão boa para isso".

Serra X Alckmin

Por Rodrigo Vianna

Peço a atenção dos leitores para mais um capítulo da guerra entre os tucanos de São Paulo(sobre a disputa entre os “cosmopolitas” e os “caipiras”, já escrevi aqui).
Primeiro, algumas informações de fundo (na sequência trarei uma novidade factual, na forma de um vídeo que circula pela internet desde terça à noite). O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, é dos poucos remanescentes da equipe de Serra que foram mantidos por Alckmin. Como se sabe, Serra e Alckmin travam uma batalha surda pelo controle do PSDB paulista.

Na época em que Alckmin montava seu gabinete, jornal paulista vazou a informação (plantada sabe-se lá com que interesses, mas podemos imaginar) de que a saída de Ferreira Pinto significaria a vitória da “banda podre” da polícia paulista. Areportagem saiu na “Folha” (o jornal costuma estar à disposição para as manobras de Serra), e foi assinada por Mario Cesar Carvalho. Guardem esse nome.
Depois disso, Alckmin ficou de mãos amarradas: se tirasse Ferreira Pinto, ganharia a pecha de beneficiar a “banda podre”. Se mantivesse Ferreira Pinto, teria cedido a pressões e manobras de um homem nomeado pelo antecessor Serra.
Alckmin optou pela segunda decisão. Mas mandou um recado a Ferreira Pinto (e a Serra), nomeando para a Secretaria de Transportes Saulo Abreu de Castro. Saulo era o homem forte da Segurança na gestão anterior de Alckmin como governador (2003/2006).  É como se Alckmin dissesse a Ferreira Pinto (e, indiretamente, a Serra): você ganhou o primeiro “round”, mas a qualquer momento o fantasma de Saulo pode avançar sobre a Segurança de novo!
Pois bem. Na última semana de fevereiro, Ferreira Pinto foi bombardeado. Lembram-se da imagem da escrivã humilhada por uma equipe da Corregedoria de Polícia? Assessores de Ferreira Pinto dizem, em off, que o vídeo pode ter partido da turma de Saulo – interessado em desgastar o atual titular da Segurança.
Ferreira Pinto foi para o contra-ataque. Como?
No último dia 1 de março, o jornal “Folha de S, Paulo”, em boa reportagem de Mario Cesar Carvalho (!), trouxe a informação de que um assessor da secretaria de Segurança recebia grana como consultor “vendendo” informaçõe sigilosas para particulares. O nome do assessor: Tulio Kahn. Quem nomeou Túlio para o cargo, no mandato anterior de Alckmin? Saulo de Castro.
Parece complicado esse emaranhado, mas é importante prestar atenção:  Saulo(=Tulio Khan)=Alckmin X Ferreira Pinto (=Serra). 
Ontem, começou a circular um vídeo que mostra o secretario de Segurança Ferreira Pinto (aquele, nomeado por Serra, e mantido por Alckmin) circulando por um shopping de São Paulo. A imagem é do dia 25 de fevereiro (4 dias antes da reportagem da “Folha” ser publicada). Ferreira Pinto circula, com um envelope na mão, até que chega um homem, de jaqueta branca. Quem é esse homem? O jornalista Mario Cesar Carvalho.




A imagem mostra que o jornalista eo secretário andam juntos até um café, sentam numa mesa e conversam.
Qual a conclusão de quem acompanha essa área de Segurança? O secretário Fereira Pinto é que teria sido a fonte da “Folha”. Ou seja: Ferreira Pinto forneceu munição contra Tulio Khan, para atingir Saulo (o rival dele, que pode ocupar a secretaria de Segurança).
Hoje, jornalistas perguntaram a Ferreira Pinto se ele de fato se encontrou com o repórter da “Folha” no shopping. O secretário admitiu o encontro, mas não revelou o que havia no envelope, nem deu mais detalhes.
Antes que se façam insinuações feias, ninguém imagina que o envelope contivesse pagamento ou dinheiro. Nada disso. Imagina-se que continha informação que o Mario Cesar deve ter utilizado na reportagem.
O jornalsta da “Folha” não falou sobre o caso. E seu fosse ele não falaria. É o princípio básico do sigilo da fonte. Mario Cesar não fez nada de errado, ao contrário. O jornalista estava atrás de uma informação. Normalmente, é quando os políticos brigam que as informações circulam.
incrível é outra coisa: um secretário vazar para o jornal informação que, no fim e ao cabo, atinge o próprio governo em que ele trabalha!
Mais um indcativo de como as relações enre os tucanos estão envenenadas.
Por último, algumas observações adcionais…
Por que um secretário se encontraria com um jornalista num shopping, e não no gabinete na secretaria? Talvez, para evitar que assesores vissem o jornalista, e depois contassem a Tulio Khan. 
O vídeo que compromete Ferreira Pinto vazou na internet num blog do Vale do Paraíba  (base política de Alckmin); o titular do blog chama-se João Alkimin (!!!!).
É o estilo de Geraldo Alckmin. Deu o troco usando um blog do interior, para fritar Ferreira Pinto em fogo brando. Nada de escândalo. O que interessa é apagar – aos poucos e sem fazer marola – os vestígios do serrismo no governo paulista.
Eles se amam. E olhe que 2014 ainda está longe. Mas no meio do caminho há 2012.

A promiscuidade de alguns "jornalistas" da "imprensa" brasileira


Por Conceição Oliveira


Os leitores que se derem ao trabalho de ler este telegrama identificado com o número 24 [abaixo], possivelmente chegarão às seguintes conclusões:

1) Serra e sua vaidade sem limites fizeram o maior estrago ao seu partido. Aécio também.

2) O PSDB é um partido de surdos. É impressionante como seus políticos permitiram que o ‘desejo’ falasse mais alto que a política nua e crua. E mesmo com Aécio dizendo com todas as letras que não aceitaria ser vice de Serra, eles persistiram na idéia.

3) Chamar Merval e Mainardi de jornalistas é afronta a qualquer jornalista. O nível de submissão desses dois não tem exemplo até o momento, a não ser que encontremos um cablegate que narre reunião entre tio Reio ou Noblablá com Serra e sua trupe, ai a gente mede o nível de fidelidade canina desses ‘colonistas’ da Veja e de O Globo.

4) A promiscuidade existente entre estes ‘colonistas’ e o PSDB é gritante. Mainardi escrevia suas colunas ditadas por Serra!

5) Como no telegrama anterior a subserviência dos ‘colonistas’ da mídia velha à política dos EUA também não tem limites. Pergunto: qual o interesse de Mainardi e Merval encontrarem-se com representantes do governo dos EUA? Volto a insistir: Obama, assine Caras, você economizará um bom dindim e ficará melhor informado.

6) A quem Marina Silva serviu nesta eleição. As análises da militância petista estavam corretas.


*****

Trechos do documento vazado pelo WikiLeaks

24) CABLEGATE DE HEARNE
246840/ 2/2/2010 19:13/ 10RIODEJANEIRO32/ Consulate Rio De Janeiro/ NCLASSIFIED//FOR OFFICIAL USE ONLY
Excertos dos itens “não classificados/para uso exclusivamente oficial” do telegrama 10RIODEJANEIRO32.

A íntegra do telegrama não está disponível.

ASSUNTO: Ideias sobre possíveis candidatos a vice-presidente para José Serra

RESUMO. 1. (SBU) Observadores políticos e atores do PSDB no país entendem que há possibilidade de candidato do PSDB à presidência (na dianteira, nas pesquisas de intenção de voto) convidar a candidata Marina Silva, do Partido Verde, para sua chapa, como vice-presidente. Embora pareça pouco provável, nesse ponto, que Marina Silva aceite esse papel, muitos creem que, pelo menos, ela apoiará Serra num eventual segundo turno contra a candidata do PT Dilma Rousseff. Apesar de a hipótese Marina não estar descartada, analistas do PSDB veem, como cenário mais provável, que o governador de Minas Gerais, Aecio Neves (PSDB) venha a completar a chapa com Serra, como candidato à vice-presidência, apesar de Neves já ter declarado publicamente que concorrerá ao Senado. Mas, com a vantagem de Serra encolhendo nas pesquisas recentes, ressurge a especulação de que Serra possa renunciar a favor de Neves como candidato do PSDB. Até aqui, Serra é o candidato mais provável, e muitos dos nossos interlocutores declararam que uma chapa Serra-Neves seria o melhor caminho para Serra enfrentar com chances de sucesso os esforços do presidente para traduzir sua popularidade pessoal em votos para Dilma Rousseff, na sucessão. FIM DO RESUMO.

NO RIO, ANALISTAS DISCUTEM ALTERNATIVAS PARA A VICE-PRESIDÊNCIA

2. (SBU) Em almoço privado dia 12 de janeiro, o importante colunista político da revista Veja Diogo Mainardi disse ao cônsul dos EUA no Rio de Janeiro que a recente coluna [de Mainardi] na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a “companheira de chapa de seus sonhos”.

Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rouseff (PT) em desvanagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponto de lança de ataque em sua campanha. Apesar disso, Mainardi não acredita que Marina associe-se a Serra, porque está interessada em fixar sua própria credibilidade, concorrendo, ela mesma, à presidência. Mas Mainardi disse que crê – como também Serra – que Marina Silva pode bem vir a apoiar Serra num eventual segundo turno contra Dilma.

3. (SBU) Em plano mais realista, Mainardi disse ao cônsul que o governador de Minas Gerais Aecio Neves dissera a Mainardi, no início desse mês, que Neves permanecia “completamente aberto” à possibilidade de concorrer como candidato a vice, na chapa de José Serra. (Nota: Dia 17/12/2009, Neves declarou oficialmente encerrada a discussão sobre sua pré-candidatura à presidência e mostrou interessem em concorrer como vice-presidente [referido em outro telegrama. FIM DA NOTA).

Apesar das declarações públicas de que concorrerá ao Senado, Mainardi disse que Neves planeja esperar um cenário no qual o PSDB, talvez à altura do mês de março, convide Neves para compor a chapa, com vistas a aumentar a chance do partido contra Dilma. As ambições pessoais de Neves e seu desejo, intimamente ligado àquelas ambições, de não atrapalhar o PSDB nas próximas eleições, levariam Neves a compor a chapa, ao lado de Serra – na opinião de Mainardi.

É a mesma opinião de Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, o maior do Rio de Janeiro, que se reuniu com o Cônsul dia 21/1. Pereira disse ao cônsul que tivera uma conversa com Neves na véspera, na qual Neves dissera estar “firmemente comprometido” a ajudar Serra fosse como fosse, inclusive como vice-presidente, na mesma chapa.

Na opinião de Merval Pereira, uma chapa Serra-Neves venceria. Pereira disse também acreditar que não só Neves aceitará a vice-presidente de Serra, mas, também, que Marina Silva também apoiaria Serra num eventual segundo turno (...).

Michael Moore e o Golpe Financeiro


Do Blog do Nassif


Alguns trechos do discurso proferido por Michael Moore, dia 5 de março, durante manifestação em Madison, Wisconsin, contra o pacote de medidas contra o funcionalismo e o serviço público proposto pelo governador republicano Scott Walker:




"400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos."


"Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer."


"Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia."


"Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre."


"(Os ricos) Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar!"


"A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado para os trilhos, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será."


"Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!"


"Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta."