sábado, 17 de março de 2012

A derrocada do Grupo Abril

Por Gustavo Gindre:
Na década de 90, dois grupos empresarias brasileiros despontavam entre os principais grupos de mídia da América Latina. Depois da Globo, o outro grupo brasileiro era a Abril.

Desde então, a Abril Midia é uma coleção de fechamentos e venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.

Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis, elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de convergência que vivemos.
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Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.

Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.

Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.

E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja, inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire milhares de assinaturas.

Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com certeza já se esvaiu quase todo.

PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se  estreita, os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação privada que eles irão viver. 




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Robert(o) Civita herdou do pai, Vitor Civita, a maior editora da América Latina.

Robert(o) Civita tentou fazer televisão e perdeu.

A TV Abril não deixou vestígio.

Robert(o) Civita tentou fazer tevê a cabo e perdeu.

(Como ele vendeu a TVA à Telefonica, beneficiada na Privataria Tucana, é um capítulo que se esclarecerá na História do PiG (*) e, talvez, do PSDB.)

Robert(o) Civita tentou fazer internet e foi engolido pelo Luizinho Frias, do UOL.

Tudo o que ele tentou fazer além do que recebeu do pai foi um retumbante fracasso.

Como diria ele, que pensa que só ele sabe falar inglês, Robert(o) Civita é o que nos Estados Unidos se diz, de forma devastadora, um “loser”. 

Um perdedor.

A editora que herdou do pai é outro retumbante fracasso.

Metade da receita publicitária da Abril se origina na Veja, que, como se sabe – clique aqui para ler ”Tiragem da Veja é um grampo sem áudio“  – caminha para o buraco.

Esta informação se obtém do perfil publicado neste fim de semana pelo Valor.

Em que se sabe que Robert(o) se considera um gênio.

Que foi ele, por exemplo, quem fez a Veja.

Como é conhecimento do mundo mineral, quem fez a Veja, quando podia ser lida, foi o Mino Carta.

O Robert(o) lia a Veja na segunda feira, depois de impressa, porque o Mino não deixava ele dar palpite ANTES de a revista rodar.
Ele também diz ao Valor que salvou a Veja, logo no inicio, de um sócio que queria fechá-la, tal o prejuízo.

Quem salvou a Veja, conta o Mino, exaustivamente, foi o pai, Vitor.

Que ele ia ser um físico.

Depois, tornou-se um expoente da redação da Time, em Nova York.

(Do que não se tem notícia …)

Ia fazer carreira no Hemisfério Norte e no Japão, mas o pai o dissuadiu a tocar os negócios com ele.

Foi uma tragédia, ele diz:

“Voltar ao Brasil em 1958 era voltar no tempo … mesmo … mesmo”, lembra-se. “Comparando o Brasil com Hemisfério Norte, com Estados Unidos, Japão, Europa, era como pegar uma espaçonave e viajar no tempo. Aqui era muito mais atrasado. Estou na vanguarda e vou voltar 30 anos !”, teria dito ao pai.

Ele e a Veja continuam a achar isso até hoje.

Mas, os donos do PiG (*) pensam  a mesma coisa.

Os herdeiros como ele: os filhos do Roberto Marinho, que não tem nome próprio, os do “seu” Frias, os Mesquita, que terceirizaram o Estadão.

Para eles, isso aqui é uma mixórdia.

A diferença entre Robert(o) e os outros herdeiros é que os Mesquita, os Frias e os Marinho fazem parte da elite.

Ficam lá em cima, no topo.

Da elite política.

O Robert(o) Civita achou que ia chegar aqui se tornar o rei da cocada preta.

E perdeu.

Ela não entrou na turma.

É um outsider.

Por isso, além de militar no Golpe do PiG (*), ele contém um ressentimento adicional: ele perdeu.

Nos bons tempos antes da internet, o Padim Pade Cerra e o Fernando Henrique davam tres telefonemas e se blindavam: ao “seu” Frias, ao Dr. Roberto (Marinho) e ao Ruy Mesquita.

Não precisava ligar para o Robert(o).

O Robert(o) vinha no bolo.

Tudo o que o Robert(o) queria ser na vida era se transformar no Henry Luce do Brasil.

Henry Luce, o dono do Time e da Fortune.

Luce mandava.

Luce fazia a politica externa americana para a China.

Luce era o pai do Chiang Kai-shek

A mulher do Luce foi ser embaixadora dos Estados Unidos na Itália, para administrar o Plano Marshall e não deixar os comunistas tomarem o poder.

O Murdoch, convenhamos, o Robert(o) jamais imaginou que pudesse ser.

O Robert(o) aos poucos tira o time da família da Editora Abril.

E se encaminha para as ilhas gregas e o negocio da Educação.

Conseguirá, finalmente, vencer ?

A Veja, que se transformou num detrito de maré baixa, não tem conserto.


Paulo Henrique Amorim

O nariz de palhaço...

Por Pimon:

O brasileiro dedica 08 horas por dia ao Facebook e lá faz amizades tão virtuais quanto um filme na TV. Amizades .. de verdade…. virtuais.
A verdadeira, ela é complicada demais.
Política, 05 minutos para ler as “notícias” da Globo.
E, quando zangado no bolso, sai às ruas e coloca um narizinho de palhaço.
Pensa que resolve algo, mas, ao contrário, dá esteio a quem os levou a tal situação.
O RS é exemplar.
O Rio Grande do Sul vem registrando, nas últimas décadas, uma diminuição nos índices de investimentos com recursos próprios, devido às dificuldades financeiras que afetam as contas públicas do Estado. Em 2009, por exemplo, investiu 3,83% da receita líquida real, enquanto a média dos demais estados foi 15,1%
O RS faliu (FALIU) com os governos tais e quais.. e o gaúcho, ou na RBS ou no Facebook.
Hoje ele pode reclamar, será ouvido, claro!
O inimigo dos 1/2 de comunicação foi eleito e deverá ser responsabilizado…. a RBS, hoje de oposição, quer te ouvir, gaúcho!
HOJE!
Depois de eleger dos “teus” novamente, tua voz será dispensável. Voz e imagem.
O gaúcho porá tudo a perder, mais uma vez.
Bota o narizinho de palhaço….. bota.
O brasileiro já foi mais esperto… hoje só restou o narizinho de palhaço.
Que SÓ aparece quando é útil…. a eles, eternos donos do poder na AL.

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Cães de Guerra"

Por Fernando Brito
O presidente Barack Obama disse que a morte de 15 afegãos – entre eles, nove crianças e três mulheres -assassinados por um soldado americano no Afeganistão, é um incidente “trágico e chocante”.
Não é chocante, embora seja trágico.
Porque ninguém mais pode se chocar depois do enésimo episódio de abuso violento de tropas americanas.
Não é um louco isolado, como pode surgir em Realengo, na Noruega ou lá no Oriente.
São episódios que se repetem, com uma brutalidade em série, e em crescendo.
Porque Afeganistão e Iraque não são guerras entre exércitos regulares, mas massacres.
É inútil o presidente Barack Obama dizer que esta chacina “não representa a qualidade excepcional de nossa força militar e o respeito que os Estados Unidos têm para com o povo do Afeganistão”.
Se respeitassem os afegãos, já teriam saído de lá, ainda mais agora que a “desculpa” Bin Laden já não existe, faz tempo.
Não teriam bombardeado o país durante anos, sem que nem mesmo houvesse uma força de resistência organizada, mas apenas pequenos grupos dispersos e mal-armados.
Não teriam cometido humilhações e violações, das quais a incineração de exemplares do Corão, há poucos dias, foi o corolário de um processo de desprezo pela cultura, pelas tradições e pela fé dos afegãos.
Não teriam, sobretudo, reservado a mais rápida e severa punição para o soldado Bradley Manning, cujo “crime hediondo” foi revelar algumas destas barbaridades.
Dizer que o soldado assassino sofreu “uma crise nervosa” é patético. Quem está em crise, profunda, são os valores universais da autodeterminação dos povos.
A “loucura” é da guerra, os “cães de guerra” são apenas sua expressão mais crua.

domingo, 11 de março de 2012

Reino Universal da Mercadoria

O primeiro desvio civilizacional que salta aos olhos é a mercantilização generalizada do humano.
 
O capitalismo instaurou o reino universal da mercadoria. Ao transformar a própria força de trabalho humano em mercadoria, esse sistema coisifica as pessoas e personifica as coisas. Mas o fato novo cada vez mais devastador é que nada de humano escapa à ditadura das finanças: tudo deve ser feito em função do lucro.

Nesse frenesi mercantil também figura outra tendência mortífera: a desvalorização tendencial de todos os valores. Kant formulou-a em termos morais: reconhecer dignidade ao ser humano é admitir que ele “não tem preço”; que tudo seja submetido a uma avaliação em termos de dinheiro institui uma falta de dignidade geral.

O preceito é verdadeiro não apenas no âmbito moral, mas também cognitivo, estético, jurídico: sem valores legítimos que atuem “por si mesmos e sem restrição”, não há mais humanidade civilizada. Esse drama é vivido cotidianamente: a verdade, o justo, o digno são alvos de depreciação e zombaria. 

A ditadura do rentável conspira para a morte do inestimável, do desinteressado, do gratuito. Estamos no limiar trágico de um mundo onde o ser humano não vale mais nada. 

Sobre essa involução, observa-se um terceiro elemento de gravidade capital: o incontrolável esvaziamento de sentido.

Involução nova, pois por muito tempo o capitalismo teve sentido: apesar de explorador, fez a humanidade progredir. Porém, com a irrupção da economia financeira, forma desumanizada e extrema da riqueza, entramos na era do nonsense universal: a acumulação de capital é cada vez mais sem fim nos dois sentidos da palavra fim.

A morte do sentido – propagada por todas as partes pelo curto prazo selvagem do retorno sobre o investimento – impede qualquer projeto humano de respirar. Essa é a razão pela qual a economia financeira é o fenômeno convulsivo de um “não mundo”, em que o absurdo tende a invadir tudo com seu comparsa, o fanatismo religioso.

E essa miopia estrutural se agudiza justamente quando as enormes potencialidades que o gênero humano começa a alcançar exigem a reflexão sobre o futuro.

Escapando de qualquer domínio coletivo, na carência colossal provocada pela substituição da democracia pela ordem do privado, nossas criações materiais e espirituais tornam-se forças cegas que subjugam e oprimem – alienação sem limites perante a qual qualquer G8 é insignificante. 

Daí esse sentimento compartilhado de uma humanidade sem piloto que se aproxima inexoravelmente do muro – muro ecológico, tanto quanto antropológico. Se o gênero humano começar a se degenerar, o Homo sapiens terá a mesma sorte. Estamos caminhando ladeira abaixo, prontos para acelerar.

(Não consegui identificar o autor)