quinta-feira, 26 de julho de 2012

Prazer ou Realidade?


Alessandro Marimpietri
Este texto tocará a todos nós, eu creio. Ele servirá de reflexão aos adolescentes, aos que já foram adolescentes, aos que são pais de adolescentes e àqueles que se recusam à assunção compulsória do papel de adulto.
Já sabemos que essa noção de adolescência é uma invenção cultural e, portanto, se modifica com o impiedoso passar do tempo. Não vivemos mais uma adolescência que preparava o sujeito para uma vida adulta onde lá se poderia ser amigo do rei. O que vemos estampada em nossos dias é uma adolescência que precisa resgatar um prazer perdido que dá o tom das vivências desses meninos e meninas. Eles já podem, se quiserem, ser amigos do rei. Nossa Pasárgada[2] juvenil se depara com uma nova bifurcação na qual tem ficado cada vez mais difícil conciliar prazer e realidade, liberdade e responsabilidade, desejo e dever.
Vivemos num tempo de elogio do prazer, de um hedonismo que se mostra mal costurado às entrelinhas do processo socializador e que nos faz acreditar sermos livres na medida quase exata em que somos um mais além de nós mesmos.
Desatados das amarras de uma moral verticalizada, excessivamente rígida e orientada para e pela razão, entoamos cânticos de louvor às expressões mais amplificados do nosso desejo.
Quem se esquece de Cazuza? Ele que nos obrigava a cada estrofe de uma canção sua, ou a cada passagem de sua vida sempre juvenil a questionar se vale mais a pena a vida curta de um só fôlego, ou sorve-la pouco a pouco a um preço de privações e abstenções mais ou menos significativas. Ou seja, querer um eterno hoje ou preferir uma chance de amanhã.
Quero criar um filho que seja capaz de tolher suas inquietudes juvenis em prol de uma vida mais longa e, por que não dizer, mais civilizada, ou por contraponto quero criar meu filho senhor absoluto do seu desejo e capaz de viver a vida às dentadas em frutas com sabor de já mordidas? Como conjugar expressões do tipo “aproveite agora enquanto você é jovem” com “seja responsável e cumpra com suas obrigações”?
Estamos mesmo diante de um dilema cuja resposta certa está a sete palmos sobre a terra, pois se escolhemos, sempre perdemos. As duas proposições são igualmente verdadeiras e necessárias. Freud já nos alertou para as conjugações entre princípio do prazer e princípio de realidade…
Sim Cazuza é verdade, o tempo não para. Mas será que temos que viver como o coiote atrás da lebre dos desenhos animados sempre em busca desse tempo?
Sendo assim basta colocarmo-nos diante das infinitas possibilidades da vida contemporânea, magistralmente representadas pelos muitos e muitos canais televisivos, nos empoderarmos do fálico controle remoto, sentarmos com boca escancarada cheia de dentes e passar por todos os canais e não assistir a nenhum deles. Basta criarmos o que muitos estão chamando da geração zapping. Zapeando pela vida estaremos ainda mais presos ou às contínuas possibilidades ou a uma única chance moderada de viver bem, mas ainda presos. Não continuamos, de um jeito ou de outro, como nos disse Raul Seixas, esperando a morte chegar?
O, já quase embolorado, Carpe Diem, popularizado pelo Sociedade dos Poetas Mortos travestiu-se num mantra dos tempos atuais e atrás dele vimos outras palavras de ordem com cara de receita da felicidade: “seja do tamanho dos seus sonhos!”, “junte seu primeiro milhão de dólares antes dos 40!”, “obtenha muitos orgasmos numa única relação!”, “alise o cabelo e seja poderosa!”… paremos por aqui.
Será que precisamos mesmo aproveitar tanto assim a vida? Ou será, por outro lado, que ela tem que ser uma enfadonha sucessão de acontecimentos sem muito sentido?
Pessoas regidas pelo marco exclusivo do prazer não são necessariamente mais felizes e nem mais livres, assim como viver sob a égide racional do certo e do planejado também em nada garante uma vida melhor.
Façamos com a vida o mesmo que fazemos com a morte. Sabemos de sua inexorável existência, mas para viver precisamos negá-la um pouquinho e admiti-la um pouquinho. Negá-la o suficiente para planejar algum futuro e admiti-la o suficiente para podermos nos dar ao luxo de alguns momentos intensos e interessantes.
Assim, penso que mais importante do que nós, pais ou filhos, respondermos a estas perguntas seja perguntar por que fazermo-nos estas perguntas. Este dilema oculta a demanda desenfreada por uma vida feliz.
Prazer ou realidade? Que venham os dois! De tanto buscar essa (desde sempre perdida) felicidade, nossa vida corre o risco é de ficar muito chata!
[1] In: Piercing (2001)
[2] Referência o poema “Vou-me embora pra Pasárgada” de Manuel Bandeira (1954)
ALESSANDRO MARIMPIETRI
Psicólogo, psicanalista, professor universitário, doutorando em Ciências da Educação

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SÃO PAULO DE 5 E 9 DE JULHO






por Gilberto Maringoniem Carta Maior

Os dias 5 e 9 de julho condensam caminhos pelos quais a história paulista poderia seguir. São dois tabus no estado. Um é esquecido, o outro é exaltado.

A primeira data marca uma violenta reação ao poder do atraso, tendo por base setores médios e populares. E a segunda representa a exaltação do atraso, capitaneada pela elite regional.

Dia 5 de julho, há 88 anos, uma intrincada teia de tensões históricas desaguou no episódio que ficaria conhecido como Revolução de 1924. Suas raízes estão no agravamento de problemas sociais, no autoritarismo dos governos da República Velha e em descontentamentos nos meios militares, que já haviam gerado o movimento tenentista, dois anos antes.

Naquele duro inverno, em meio a uma crise econômica, eclodiu uma nova sublevação. Tropas do Exército e da Força Pública tomaram quartéis, estações de trem e edifícios públicos e expulsaram da cidade o governador Carlos de Campos. No comando, em sua maioria, camadas da média oficialidade. Quatro dias depois, era instalado um governo provisório, que se manteria até 27 de julho. O país vivia sob o estado de sítio do governo Arthur Bernardes (1922-1926).

Entre as reivindicações dos revoltosos estavam: “1º Voto secreto; 2º Justiça gratuita e reforma radical no sistema de nomeação e recrutamento dos magistrados (…) e 3º Reforma não nos programas, mas nos métodos de instrução pública”. No plano político, destaca-se ainda “A proibição de reeleição do Presidente da República (…) e dos governadores dos estados”.

Várias guarnições de cidades próximas aderiram ao movimento. Apesar da falta de um programa claro, setores do operariado organizado apoiaram os revolucionários e exortaram a população a auxiliá-los no que fosse possível.

Bombas, tiros e mortes

As ruas da capital foram palco de intensos combates, com direito a fuzilaria, granadas e tiros de morteiros. Cerca de trezentas trincheiras e barricadas foram abertas em diversos bairros.

A partir do dia 11, o governador deposto, instalado nas colinas da Penha, seguindo determinações do presidente da República, decidiu lançar uma carga de canhões em direção ao centro. O objetivo era aterrorizar a população e forçá-la a se insurgir contra os rebelados.

De forma intermitente, os bairros operários da Mooca, Ipiranga, Belenzinho, Brás e Centro sofreram bombardeio por vários dias. Casas modestas e fábricas foram reduzidas a escombros e cadáveres multiplicavam-se pelas ruas.

Sem conseguir dobrar a resistência, o governo federal decidiu bombardear a cidade com aviões de combate.

O fim da rebelião

Três semanas depois de iniciada, a rebelião foi acuada. Dos 700 mil habitantes da cidade, cerca de 200 mil fugiram para o interior, acotovelando-se nos trens que saiam da estação da Luz. O saldo dos 23 dias de revolta foi 503 mortos e 4.846 feridos. O número de desabrigados passou de vinte mil. No final da noite do dia 28, cerca de 3,5 mil insurgentes retiraram-se da cidade com pesado armamento em três composições ferroviárias. O destino imediato era Bauru, no centro do estado.

Deixaram um manifesto, agradecendo o apoio da população: “No desejo de poupar São Paulo de uma destruição desoladora, grosseira e infame, vamos mudar a nossa frente de trabalho e a sede governamental. (…) Deus vos pague o conforto e o ânimo que nos transmitistes”.

As tensões não cessariam. No ano seguinte, parte dos revolucionários engrossaria a Coluna Prestes (1925-1927). Mais tarde, outros tantos protagonizariam – e venceriam – a Revolução de 30.

Promovida pelas camadas médias do meio militar, o levante ganhou apoio de parcelas pobres da população. Talvez por isso seja chamada de “a revolução esquecida”.

A revolução que não foi

A segunda data, 9 de julho, é marcada pelo estopim de uma revolução que não faz jus ao nome. É exaltada e cultuada como uma manifestação de defesa intransigente da democracia, ela faz parte da criação de certa mitologia gloriosa para São Paulo.

O evento, em realidade, representa a sublevação da oligarquia cafeeira contra a Revolução de 30, que a retirou do governo e se constituiu no marco definidor do Brasil moderno.

Aquele processo não pode ser visto apenas como uma tomada de poder por um punhado de descontentes. Suas causas envolvem as contrariedades nos meios militares e tensões do próprio desenvolvimento do país. A crise de 1929 acabara de chegar, colocando em xeque o liberalismo reinante.

A Revolução consolidou a expansão das relações capitalistas, que trouxe em seu bojo a integração ao mercado – via Estado – de largos contingentes da população. O mecanismo utilizado foi a formalização do trabalho.

As novas relações sociais e a intervenção do Estado na economia – decisiva para a superação da crise e para o avanço da industrialização – implicaram uma reconfiguração e uma modernização institucional do país. A conseqüência imediata foi a perda da hegemonia da economia cafeeira, centrada principalmente em São Paulo e parte de Minas Gerais. Percebendo as mudanças no horizonte, as classes dominantes locais foram à luta em 1932.

A locomotiva e os vagões

Explodiu então a rebelião armada das forças insepultas da República Velha e da elite paulista, querendo recuperar seu domínio sobre o país.

Tendo na linha de frente a Associação Comercial e a Federação das Indústrias (FIESP), o levante tinha entre seus líderes sobrenomes importantes do Estado, como Simonsen, Mesquita, Silva Prado, Pacheco e Chaves, Alves de Lima e outros. O movimento contou com expressivo apoio popular, uma vez que os meios de comunicação (rádio, jornais e revistas) reverberaram as demandas das classes altas.

A campanha que precedeu a sublevação exacerbou uma espécie de nacionalismo paulista, incentivado por grupos separatistas. Entre esses, notabilizava-se o escritor Monteiro Lobato. A síntese da aversão local ao restante do país expressava-se na difundida frase, que classificava o estado como “a locomotiva que puxa 21 vagões vazios”, em referência às demais unidades da federação.

Contradição em termos

O objetivo do movimento, derrotado militarmente em 4 de outubro, era derrubar o governo provisório de Getulio Vargas e aprovar uma nova Constituição. Daí a criação do nome “revolução constitucionalista”, uma contradição em termos. Revolução é uma ação decidida a destruir uma ordem estabelecida. A expressão “constitucionalista” expressava uma tentativa recuperação do status quo, regido pela Carta de 1891. Se é “constitucionalista”, não poderia ser “revolução”.

Os sempre proclamados “ideais de 1932” são vagas referências à constitucionalidade e à democracia. Mas não existia, por parte da elite, nenhuma formulação que fosse muito além da recuperação da hegemonia paulista (leia-se, dos cafeicultores).

Exatos oitenta anos depois, o 9 de julho segue comemorado como a data magna do estado, uma espécie de 7 de setembro local. E os acontecimentos de 5 de julho de 1924 continuam como páginas obscuras de um passado distante.

A elite paulista voltaria ao poder em 1994, pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB. Seu mote foi dado no discurso de despedida do senado, em 1994: “Um pedaço do nosso passado político ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas, ao seu modelo de desenvolvimento autárquico e ao seu Estado intervencionista”.

Os objetivos desse setor continuaram os mesmos, décadas depois: realizar a contra-Revolução de 30.

As tensões entre as datas – 5 e 9 de julho – expressam duas vias colocadas até hoje nos embates políticos paulistas: a saída conservadora e a saída antielitista.

Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).

domingo, 8 de julho de 2012

O MENSALÃO "DO PT" E OS OUTROS MENSALÕES


Por Marcos Coimbra, Na Carta Capital
Por coincidência, justamente quando o julgamento do mais famoso “mensalão”, que alguns chamam “do PT”, foi marcado, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sua denúncia contra os acusados de outro, o “mensalão do DEM” do Distrito Federal.
Trata-se mesmo de um acaso, pois a única coisa que os dois compartilham é o nome. Equivocado por completo para caracterizar o primeiro e inadequado para o segundo.
Naquele “do PT”, nada foi provado que sugerisse haver “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de (gordas, como indica o aumentativo) propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo. No outro, essa é uma das partes menos importante da história.
Alguns acham legítimo – e até bonito – empregar a expressão como sinônimo genérico de “escândalo” ou “corrupção”, mas isso só distorce o entendimento. O que se ganha ao usar mal o português? No máximo, contundência na guerra ideológica. Chamar alguma coisa de “mensalão” (ou adotar neologismos como “mensaleiro”) tornou-se uma forma de ofender.
Fora o nome errado igual, os dois são diferentes.
Ninguém olha o “mensalão” de Brasília como se tivesse significado especial. É somente, o que não quer dizer que seja pouco, um caso de agentes políticos e funcionários públicos, associados a representantes de empresas privadas, suspeitos de irregularidades.
Por isso, se o STJ acolher a denúncia, o processo terá tramitação normal. Sem cobranças para que ande celeremente. Sem que seja pintado com cores mais fortes que aquelas que já possui. Sem que se crie em seu torno um clima de “julgamento do século” ou sequer do ano.
É provável que aconteça com ele o mesmo que com outro mais antigo, o “mensalão do PSDB”. Esse, que alguns dizem ser o “pai de todos”, veio a público no mesmo período daquele “do PT”, mas avança em câmera lenta. Está ainda na fase de instrução, sem qualquer perspectiva de julgamento.
Por que o que afeta o PT é mais importante?
A resposta é óbvia: porque atinge o PT. Se os “mensalões” da oposição são tratados como secundários e se outros são irrelevantes (como os que a toda hora são noticiados em estados e municípios), deveria existir no do PT algo que justifique tratamento diferente.
Há quem responda com uma frase feita, tão difundida, quanto vaga: seria o “maior escândalo da história política brasileira”. Repetida como um mantra pelos adversários do PT, não é substanciada por nenhuma evidência, mas circula como se fosse verdade comprovada.
“Maior” em que sentido? Os recursos públicos movimentados seriam maiores? Mais gente estaria envolvida?
É difícil para quem lê as alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) compreender o montante que em sua opinião teria sido desviado e como. O documento é vago e impreciso em algo tão fundamental.
Essa indefinição pode ser, no entanto, positiva: deixa a imaginação livre. Qualquer um pode inventar o valor que quiser.
O “mensalão do DEM”, ao contrário, tem tamanho especificado: 110 milhões de reais. Nele, o MPF não se confundiu com as contas.
Se o critério para considerar maior o petista for a quantidade de envolvidos, temos um curioso empate: dos 40 acusados originais, número buscado pelo MPF apenas por seu simbolismo, restam 37, tantos quanto os denunciados no escândalo de Brasília.
E há diferenças notáveis. No “mensalão do DEM”, os agentes públicos foram citados por desviar dinheiro para enriquecimento pessoal, o que, em linguagem popular, significa roubar. No “do PT”, nenhum.
De um lado, valores certos, acusados em número real, motivações inaceitáveis. Do outro, o oposto.
Quando o procurador-geral declarou que “a instrução comprovou que foi engendrado um plano criminoso para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, esqueceu que nem sequer uma linha de suas alegações o demonstrou. Arrolou 12 deputados (quatro do PT), que equivalem a 2% da Câmara, número insuficiente para sequer presumir que houvesse “um esquema de cooptação de apoio político”, a menos que inteiramente inepto.
No caso de Brasília, nada está fantasiado, é tudo visível, o que não significa que tenha sido provado de forma juridicamente correta.
No fundo, essa é a questão e a grande diferença entre os dois. Quando a hora chegar, o “mensalão do DEM” deverá, ao que tudo indica, ser analisado de maneira técnica. Se o “do PT” o fosse, pouco da acusação se sustentaria.
Tomara que os ministros do STF consigam independência para julgá-lo de maneira isenta, livres das pressões dos que exigem veredictos condenatórios.

terça-feira, 5 de junho de 2012

No Brasil, pobreza tem cor


Por Roberto Amaral

O sempre mestre e sempre saudoso Evandro Lins e Silva lembrava-me a força de bisturi da lógica de Anatole France desmontando o igualitarismo farisaico do direito liberal:
“Em sua igualdade majestática a lei proíbe tanto ao rico quanto ao pobre dormir embaixo da ponte, esmolar nas ruas e furtar pão”.
Os dois mestres e a sentença genial me vêm a propósito de telefonema de prezada  amiga e leitora, que me interpela pedindo justificativa para as políticas de afirmação positiva:
Se somos todos iguais, não seria uma discriminação contra os outros, o privilégio dado aos negros no acesso à universidade?”
Ora, não somos iguais, e uma das maiores farsas do direito de classe é a afirmação, consagrada nas chamadas constituições democráticas, de que ‘todos são iguais perante a lei’, que só poderia ser aceita como projeto de uma sociedade igualitária. Numa sociedade de classes, como a brasileira, essa ‘igualdade’ formal, tomada ao pé da letra, significa simplesmente a manutenção das desigualdades e o aprofundamento da dominação dos pobres. Na verdade, somos desiguais  (uns mais fracos outros mais poderosos, uns mais aquinhoados outros menos aquinhoados, uns ricos outros pobres – e, outros, miseráveis), e, por isso, a igualdade só se busca quando os diferentes são tratados de forma diferenciada. A formulação marxiana – ‘De cada um de acordo com suas possibilidades, a cada um de acordo com suas necessidades’ – parece-me a  mais correta e a única de corte humanista. Não pode o Estado cobrar de todos os mesmos deveres, nem oferecer a todos os mesmos direitos, pois, dos poderosos, dos ricos, incumbe-lhe cobrar mais e aos mais fracos, aos mais pobres, oferecer mais (porque deles, tomou e toma mais).
Toma mais dos pobres, também, porque a estrutura tributária é injusta: penaliza o salário e protege o rendimento financeiro.
Mas, observe-se que, se a maioria da população legitimar um Estado que de pronto consagre a desigualdade absoluta entre seus súditos, legitimará a Pretória do Apartheid, legitimará ostatu dos dalits, intocáveis, seres inferiores para  60% da população indiana. No mundo do homem, é desafio buscar a igualdade na desigualdade.
É farsa dizer que o filho do pobre, já inferiorizado em todos os sentidos por ser pobre e arcar com todas as consequências daí resultantes (moradia precária, má alimentação, baixa escolaridade familiar etc.), que frequenta nossas péssimas escolas públicas de ensino básico, fundamental e médio (quando delas não é afastado para contribuir na composição do salário familiar), desaparelhadas propositalmente desde os primeiros governos militares, é farsa dizer, repita-se, que esse filho do pobre tem, no vestibular de acesso ao ensino superior (e o vestibular já é em si uma consagração da diferença)  as mesmas oportunidades do rebento da classe média alta, que estuda em escolas privadas e caras,  equipadas com laboratórios e bibliotecas, com acesso ao “cursinho”, a estudo particular de línguas e a viagens internacionais de intercâmbio – e, com tudo isso e por tudo isso (acrescente-se à lista a rede de contatos, importantíssima na nossa cultura do favor), ingressa no mercado de trabalho muito mais tarde e com preparo incomparável, numa disputa com só os seus pares.
O Estado (os teóricos do reacionarismo não são burros) quando destrói a opção da escola pública, abastardando sua qualidade, está conscientemente desaparelhando o pobre na disputa do mercado de trabalho e impedindo sua ascensão social e a conquista da cidadania, pois  mercado e  cidadania são reservados aos ‘mais iguais’, os filhos da classe média alta. Quando o Estado põe esse pobre e esse rico “em igualdade de condições” na disputa do que quer que seja, mas principalmente na disputa de uma vaga na universidade pública, está punindo o pobre. E quando digo o pobre, refiro-me, principalmente, aos negros, porque no Brasil a pobreza tem cor. À nossa dívida pela discriminação econômica, soma-se, como elemento ético, a dívida impagável de brancos e escravocratas.
Quando destrói a escola pública, o Estado reacionário decide dificultar o acesso do pobre à escola universitária pública, gratuita e de boa qualidade, e ao fazê-lo procura reservá-la àqueles que puderam frequentar cursos preparatórios de qualidade. A decisão da sociedade de classes é essa: aos pobres a formação secundária de baixa qualidade que não os capacita nem para o vestibular da universidade pública nem para o mercado de trabalho, cada vez mais exigente; aos ricos a escola universitária de qualidade, a carreira universitária, a pesquisa, as grandes clínicas e os grandes escritórios, enfim, a reprodução do poder e da dominação.  É ou não é um sistema de cotas às avessas?
As universidades públicas, sejam estaduais, sejam   federais – por exemplo, a USP, a Unicamp, a UFRJ e outras que tais – são, a rigor, as únicas que oferecem, na área técnica,  laboratório, pesquisa e, quase sempre, bolsas de iniciação científica, custeadas, é evidente, ora pelo CNPq, ora pela Finep, ora pela Fundação de Amparo à Pesquisa do respectivo estado.  Aliás, as universidades públicas são responsáveis por algo como 80% dos cursos (respeitáveis) da área técnica, como as engenharias em geral, medicina, física etc. Por todas essas razões, seus vestibulares são os mais procurados, e, por serem os mais procurados, os mais difíceis. Ou seja, são acessíveis apenas aos vestibulandos mais bem formados, filhos da classe média, de média para alta. Com esses jovens evidentemente não podem concorrer os pobres egressos da escola pública secundária, de baixíssima qualidade, restando-lhes as inumeráveis espeluncas espalhadas pelas esquinas como os botequins, que estão, no país inteiro, há décadas, imprimindo diplomas de ensino superior  sem serventia no mercado competitivo.
Mas quais são os cursos que lhes são reservados, aos pobres, na escola privada? Os técnicos? Não. Esses são caros e o ensino privado é  um ramo da atividade comercial, que persegue o lucro (já há dessas empresas com ações em bolsa!). Aos pobres são destinados os cursos que não requerem laboratórios nem professores de tempo integral, que podem ser dados em salas com mais de 50/60 alunos, cuja didática depende exclusivamente de exposições do professor mal-remunerado correndo de uma escola para outra, de uma aula para outra, para assegurar o salário mensal. Depois de quatro anos de ‘estudos’ e muitas mensalidades e matrículas pagas pelo esforço familiar, o jovem pobre sai da ‘faculdade’ com um canudo de advogado, de jornalista, de assistente social, disso ou daquilo, e volta  para seu empreguinho de origem, no comércio, na indústria, onde puder. Doutor de canudo, anel,  foto e festa de formatura, mas sem qualificação e sem mercado. Enquanto isso, seu colega (de geração) que conclui também o curso, mas ou na universidade pública ou numa PUC, já se prepara, com bolsa, para o mestrado, já pensando no doutorado no exterior. Ou já sai empregado, quando não começa a trabalhar nos últimos semestres. Cedo, recomendado pela verdadeira grife que é o só nome de sua escola, já terá conhecido os primeiros estágios profissionais.
É o ensino na sociedade de classes.
A política de cotas visa a reduzir essa injustiça. Os reacionários de todos os quadrantes bradam que isso quebrará o ‘alto’ padrão do ensino. A realidade – como sempre ela! – os desmente. Os egressos da política de cotas e de programas como o Pró-UNI têm-se revelado, no geral, excelentes alunos.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A crise internacional e o Brasil


Por Luis Nassif
A crise internacional afeta o Brasil nas seguintes frentes:
  1. A estagnação da Europa reduz as exportações brasileiras para lá, ao mesmo tempo em que gera excedentes da produção europeia.
  1. Também impacta as exportações da zona asiática, afetando preços de commodities agrícolas e minerais, com impactos especialmente sobre Brasil e América Latina.
  1. Aumenta a guerra comercial, com europeus e asiáticos tentando desovar seus excedentes nas economias emergentes. O real desvalorizado aumenta o preço de produtos importados - dentre os quais máquinas e equipamentos. Mas a crise internacional leva os países produtores e reduzir seus preços em dólares.
Em relação à crise de 2008, o país têm as seguintes vantagens:
  1. A constituição de reservas cambiais e a solidez do sistema bancário torna o país menos exposto ao trancamento de crédito.
  1. Em 2008 a Fazenda teve que jogar quase sozinha na implementação de medidas anti-cíclicas. Agora, o Banco Central rompeu a paralisia dos últimos 20 anos e se tornou pró-ativo.
Mas não pode contar com outras vantagens da crise de 2008:
  1. Na primeira onda de crédito, havia uma enorme demanda reprimida. Em um primeiro momento, o atendimento da demanda permite saltos no mercado. Atendida a demanda, o crescimento do mercado passa a ser incremental. Só seria auto-sustentado se esse impulso inicial tivesse se transmitido para a cadeia dos fabricantes. A desatenção para o câmbio fez com que a maior parte desse aumento de consumo fosse apropriado pelas importações.
  1. Não é tarefa trivial a recomposição da cadeia produtiva da indústria. Nos últimos 20 anos, o câmbio apreciado mudou estruturalmente a cadeia de fornecedores da indústria - mais agudamente no período 2003-2010. Hoje em dia, a invasão dos importados - especialmente os chineses - já se dá em nível dos terceiro e quarto círculos de fornecedores. Ou seja, o fornecedor do fornecedor do fornecedor já enfrenta concorrência chinesa. Encarecendo os importados, há um longo e penoso processo de reconstrução da cadeia produtiva, sem a menor possibilidade de se obter resultados imediatos.
  1. Com a possível estagnação da América Latina, reduz ainda mais o potencial de exportação de manufaturados brasileiros.
Há um conjunto de elementos não-mensuráveis no momento, com implicações no médio prazo.
Na China, um redirecionamento do seu modelo de crescimento, focado mais no mercado exteno.
Algumas análises apressadas previram redução da demanda por commodities metálicos (devido à menor exportação de bens duráveis) e manutenção da demanda or commodities agrícolas (destinada à alimentação interna).
É análise enviesada que supõe que os novos consumidores chineses não adquirirão eletroeletrônicos, bens de consumo durável.  Além disso, em todo processo de fortalecimento de mercado interno, a construção civil desempenha papel central. E é o setor que mais consome produtos siderúrgicos. Portanto, embora possa haver uma redução da demanda global por commodities, certamente será passageira.
Na Europa, uma forte reação política enfraquecendo a postura prussiana do Banco Central Europeu, da Alemanha e da Inglaterra. A médio prazo significará um abrandamento do fiscalismo suicida europeu.

O necessário equilíbrio


Por Antonio Delfim Netto
Neste momento de incerteza em que parece que o país não tem rumo, que parece viver de pequenos expedientes e no qual se exige um "coerente programa nacional em que o Brasil explicite com clareza o que quer de si mesmo", é bom lembrar que ele existe. A Constituição tem, ínsita, uma linha de desenvolvimento político, social e econômico que, com as dificuldades naturais, vem sendo seguida. Afinal, que tipo de sociedade os brasileiros escolheram para viver através dos seus constituintes? Não é coisa fácil de definir porque a Constituição é extremamente analítica, mas podemos definir o seu "espírito original" em três grandes vetores:
1) uma sociedade republicana em que todo cidadão, independente de sua origem, cor, credo, gênero, educação ou patrimônio, obedecerá à mesma lei, à qual se submeterá, inclusive, o Estado; 2) uma sociedade democrática, controlada pelo sufrágio universal com voto secreto, amplo e irrestrito no qual, em princípio, quem vota pode também ser votado; 3) um Estado forte, mas constitucionalmente controlado, que garanta o funcionamento de uma sociedade aberta, onde os indivíduos têm plena liberdade para iniciativa lícita e podem apropriar-se dos seus benefícios; com poder para regular a organização econômica que sustenta o uso dos mercados na alocação de bens e serviços; e com poder para ir ampliando a construção de uma sociedade onde cada vez mais adquire significado concreto a igualdade de oportunidades. É preciso dizer que diante desse programa civilizatório não há a menor dicotomia entre Estado e mercado.
Constituição mostra qual a linha de desenvolvimento
Para entender porque os economistas podem ser úteis, não no estabelecimento desse objetivo, mas na facilitação da sua realização é preciso reconhecer que a condição preliminar para atingi-los é o aumento da produtividade do trabalho, que encolhe o tempo necessário do homem para construir sua sobrevivência física e expande o tempo disponível para que ele conquiste a sua humanidade. O desenvolvimento é apenas o instrumento que, eventualmente, tornará possível ao homem realizar-se plenamente.
O problema é que, por maior que sejam nossos desejos e por melhor que sejam as "instruções" da Constituição para a construção do nosso processo civilizatório, há realidades físicas que obstruem a sua marcha e decisões políticas que podem acelerá-la ou retardá-la. Para entender isso observe-se o gráfico abaixo, já publicado nesta coluna uma meia dúzia de vezes, ao longo dos últimos 12 anos. Numa simplificação radical ele revela a essência do processo de desenvolvimento numa economia fechada. Da população total (N) extraímos a população economicamente ativa (com seu nível de educação e saúde) e, dela, a Força de Trabalho (L), os que podem e querem trabalhar. Esses, usando o Estoque de Capital (K), que é trabalho do passado congelado na forma de infraestrutura, máquinas etc. produzem o PIB. É fato empírico bem comprovado que a "produtividade" da combinação do capital (K) com o trabalho (L) depende, dentro de certos limites da intensidade da relação entre eles (K/L), ou seja, da quantidade de capital (K) de que dispõe cada unidade da mão de obra (L).
Trata-se, obviamente, de uma metáfora não mensurável que permite entender que o tamanho do PIB depende do estoque de capital (K), da disponibilidade do trabalho (L) e da sua "produtividade" (K/L). A velocidade do processo é determinada pelo ritmo de crescimento do capital com relação ao do trabalho. Há, portanto, uma clara relação entre o ritmo possível do consumo e a velocidade desejada de crescimento.
Até aqui o processo é puramente físico e a economia tem muita coisa útil para dizer e ensinar sobre ele. Uma vez produzido, entretanto, a distribuição do PIB entre o consumo que volta para a população (N) e o investimento que retorna ao estoque de capital (K) para repor o capital consumido na produção (depreciação) e aumentá-lo, é um processo político. Nas democracias ele é resolvido nas urnas. Nos regimes autoritários pelo arbítrio, fora do alcance da economia e dos economistas. O que esses podem fazer é apontar os inevitáveis resultados práticos das escolhas políticas e o nível de sua coerência no longo prazo com os objetivos estabelecidos pela sociedade.
Não é preciso ser um físico quântico para compreender que sem um equilíbrio entre o consumo e o investimento, o sistema não tem energia para se manter funcionando adequadamente. Quando há ênfase exagerada no consumo (como no Brasil) ou no investimento (como na China) o sistema perde funcionalidade no longo prazo. Chega a hora de mudar. O Brasil precisa dar ênfase ao investimento e às exportações sem recuar na inserção social. A China precisa reduzir os investimentos e a exportação para dar ênfase ao consumo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Lucy in the Sky


por Rodrigo Vianna

A revista “Veja”, antes da curiosa parceria com o bicheiro Cachoeira, era conhecida pela criatividade. Não deixa de ser uma boa qualidade no jornalismo: textos, títulos, ilustrações criativas são sempre benvindos. Desde que se baseiem em fatos.

Fatos não são o forte de “Veja”: dólares para o PT trazidos em caixas de whisky (que ninguém nunca viu), contas no exterior de gente ligada ao lulismo (jamais  encontradas, mas noticiadas como verdadeiras), queda de Hugo Chavez em 2002 (comemorada antes da hora,  com uma capa vergonhosa), grampo sem áudio (hoje, graças a outros grampos com áudio do esquema cachoeira, sabe-se porque o grampo sem áudio virou notícia na “Veja”)…

A lista é enorme, e não se restringe à política.  A “Veja” é crédula. Acreditou no Boimate (o episódio, ridículo, foi estrelado por um rapaz chamado Eurípedes Alcântara, então editor de “Ciência” da revista), uma brincadeira de primeiro de Abril de uma agência internacional. Por conta de tanta credulidade, a revista noticiou como verdadeio o cruzamento de boi com tomate. Genial. Tão genial que o rapaz depois viraria diretor de redação da revista.

A “Veja” – é bom lembrar – acredita em recomendar remédios (milagrosos) para emagrecer, na capa. De forma irresponsável. O remédio na verdade serve para diabetes, e sumiu das prateleiras. Uma história até hoje mal explicada.

A revista mais vendida do país, com pouco apego aos fatos, tornou-se também sisuda, malcriada, irascível. O fígado dos Civita e de seus rapazes deve doer demais. Eles deveriam relaxar um pouco.  Na última edição até que tentaram. Para responder às críticas avassaladoras contra a estranha parceria Abril-Cachoeira - que levaram “Veja”, 4 semanas seguidas,  para os “TTs” no twitter – os editores decidiram atacar. Acusaram o PT (Globo e Veja são os únicos órgaõs de comunicação do país, na companhia do Professor Hariovaldo, que acreditam piamente na existência dos “radicais do PT”) de comandar uma campanha orquestrada no twitter.

O malvado Rui Falcão (presidente do PT) teria chefiado tudo. Utilizando, vejam só, perfis falsos no twitter. Ou seja: os radicais lulopetistas utilizaram “robots” para atacar a revista dos homens bons da pátria. A “Veja” faz bem em gritar. Radicais! Mosquitos stalinistas! Formigas esquerdistas! Quem sabe esses gritos diminuam o ruído da cachoeira… Um dos “robots” lulopetistas a “Veja” decidiu nomear: tem o nome sugestivo de @Lucy_in_Sky_.
Pois bem. O twitteiro @página2 decidiu fazer o que Veja não gosta de fazer: checar informações. Descobriu que @Lucy_in_Sky_ existe sim! A entrevista da twitteira – que existe, contra a vontade da revista – pode ser lida aqui, no blog do Eduardo Guimarães.

O resumo de tudo isso é o seguinte: “Veja” dá destaque – de forma criativa – a fatos que jamais existiram. Em contrapartida, agora acusa (!?) de não existir pessoas que de fato existem!

Engraçadíssima a “Veja”. Deixou-se embalar pelo jornalismo lisérgico.  Cachoeira já sabia: esses rapazes da marginal estão à frente de seu próprio tempo. Brigar com as redes sociais é, de fato, atitude muito inteligente!

Incitar não é desacatar

“Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio para a polícia que desocupa as famílias mais humildes, levanta o seu dedo do meio para os políticos que não respeitam a população e vem com ‘noiz’ nessa aqui, ó. Mandando todos eles se fuder, certo, BH? A rua é noiz.”


O trecho transcrito acima foi bradado pelo rapper Emicida num show em Belo Horizonte.


Ao termino do show o cantor foi conduzido ao 39º Distrito Policial sob a alegação do crime de desacato.


O art. 331 do código penal prevê ato criminoso "desacatar um funcionário público em exercício da sua função ou em razão dela".


Emicida, no caso, se dirigia ao seu público e não aos policiais ali presente o que, possivelmente, desconfigura o ato criminoso.


A liberdade de expressão é um direito constitucional.





Porém, no mesmo código penal Brasileiro, há o art. 286 que contém o seguinte texto


Incitar, publicamente, a prática de crime
Pena: de 3 a 6 meses de reclusão ou multa.


Por mais que o rapper não se referisse aos policiais específicos ali presente, incitar o público a "levantar o dedo do meio" à policia e "mandar todos eles se 'fuder'" configura a incitação a prática de crime.


Sem dúvida, como eu disse acima, a liberdade de expressão é um direito garantido pela constituição que nos rege, mas, somos responsáveis e devemos sim responder por aquilo que fazemos e dizemos. 


Emicida foi infeliz.


O respeito, a aplicação e execução da lei é fundamental para que se mantenha a ordem e seja preservado o direito cível social. Vivemos num país democrático de direito, mas também é fato que, em nosso país, infelizmente, a justiça só se faz valer seletivamente. 



A bomba relógio


A Grécia informou nesta terça-feira que vai realizar novas eleições depois que várias tentativas dos líderes políticos para entrar em acordo para formar um governo de coalizão fracassaram. Não foi informada uma data para as eleições, mas as regras eleitorais indicam que a votação será no meio de junho.
Após a notícia, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse que é importante estar tecnicamente preparado para a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, alertando que essa saída, no entanto, geraria "muita bagunça".
A chanceler alemã, Angela Merkel, ainda tentou amenizar as preocupações ao dizer nesta terça-feira, após conversar com o novo presidente francês, François Hollande, que os dois líderes querem que a Grécia permaneça na zona do euro e irão trabalhar juntos para ajudar o país.
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A saída para a Grécia é a sair do Euro.
Postergar o inevitável (moratória) é gostar de sofrer.
Sofre seu povo que não quer mais ser a mão de obra pra enriquecer Merkel e os seus.
Não há mais fios pra cortar. A contagem regressiva não cessará.
O "bummmm" está próximo.


Os milhões de minoritários da Petrobrás

BRASÍLIA, 15 Mai (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira ao chegar no Ministério da Fazenda em Brasília que não haverá aumento nos preços da gasolina.


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Com certeza não vai.


Dólar em alta.


Bom para os sócios da estatal.


Os Brasileiros.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Verdades sobre a Belo Monte

Belo Monte da GLOBO.





Alguns esclarecimentos:


“A usina de Belo Monte vai alagar, inundar, destruir 640 quilômetros quadrados da Floresta Amazônica”.


A Floresta Amazônica possui, no total, 5.500.000 Km² onde 3.300.000 Km² são território brasileiro. 640 Km² nada mais é que 0,012% da Floresta, UM NADA em termos proporcionais.


"Pra onde vão ser levados os ribeirinhos e os índios?"

Aí onde mora uma das falácias do vídeo. Nenhum índio será desalojado. Alguns Ribeirinhos sim, aproximadamente entre 20 a 40 mil pessoas serão remanejadas. Porém os impactos socioeconômicos os beneficiarão com o aumento da atividade econômica e geração de empregos na região. 

"Do que adianta construir a 3º maior hidroelétrica do mundo se ela só vai produzir, de fato, 1/3 da sua capacidade?"

Belo monte usará o sistema fio d'agua  e não terá reservatório (adequação do projeto inicial para reduzir os impactos ambientais) o que fará com que a usina produza, depois de pronta, 11.233 MW (potência máxima) no período chuvoso e 690 MW na época de seca o que corresponde a 4.571 MW média/ano, ou 40% de sua capacidade máxima.

E a melhor do vídeo:

“De onde tiraram essa idéia de que hidrelétrica é energia limpa?” 

“Seria energia limpa se fosse no deserto, mas na floresta?”

(Essa vou deixar a resposta por Reinaldo Azevedo - "jornalista" que abomino por seu jeito chulo e esdruxulo e divergências políticas, mas, que nesse caso cabe seu comentário:)

Heeeinnn??? Quer dizer que energia hidrelétrica só seria limpa se fosse produzida no deserto? Fico aqui a imaginar um rio Xingu ou o Amazonas cortando o Saara.


Belo Monte SEM a GLOBO.











terça-feira, 8 de maio de 2012

PHA: Globo sai da caverna





Por Paulo Henrique Amorim


A Globo mantém a liderança na batalha para tirar Robert(o) Civita da forca.

Primeiro foi o Merval Imortal.

Depois, a Urubóloga.

Agora, é o patrão.

Na pág. 6 da edição impressa, o Globo desta terça-feira publica furibundo editorial com o título“Roberto Civita não é Rupert Murdoch”.

(É pior !)

É claro que os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – denunciam uma “tentativa de atemorizar a imprensa”.

É o mesmo argumento contra a Ley de Medios: é uma “tentativa de amordaçar” o direito de Robert(o) Civita e o Globo derrubarem governos trabalhistas.

É o que eles chamam de “liberdade de imprensa”.

Servir invariavelmente à Casa Grande, como diz o Mino Carta.

A certa altura, os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – acusam “blogs, veículos de imprensa de chapa branca” e “reportagens de tv”.

Isso deve ser com a TV Record, que melou o mensalão e mostrou os áudios das edificantes conversas do Carlinhos Cachoeira com a Veja, munida de sua liberdade de imprimir.

Deve ser também com a turma dos blogs sujos do Barão de Itararé.

Eles se reunem em Salvador, agora, no dia 25, para celebrar seu III Vitorioso Encontro, inflamados por duas frases sugeridas pelo Ministro Ayres Britto (aquele que abriu a janela do STF para entrar o sol, depois de seis anos de sombras), fixadas em banners iluminados:

“A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade”, de Ayres Britto.

E “o excesso de liberdade se cura com mais liberdade”, de Tocqueville.

(Clique aqui para ler “Barão de Itararé convida Ayres Britto para encontro de blogs sujíssimos”.)

Sobre o veículo “de imprensa chapa-branca” … isso deve ser com o Mino. 

Compreende-se o desespero dos filhos do Roberto Marinho.

A Globo e a Veja são a corda e a caçamba.

Sem a Globo, a Veja não ia mais a lugar nenhum.

Não passaria de uma revisteca provinciana à beira da extinção e que, mal e mal, sustenta uma editora mais combalida, ainda.  

A Globo é o balão de oxigênio do Robert(o) Civita.

Por que ?

Porque a Globo pega o detrito sólido de maré baixa da Veja, extraído de duzentos telefonemas ao Carlinhos Cachoeira, e transforma em Chanel #5.

É crime, sim.

O Robert(o) Civita é pior que o Rupert.

Porque a televisão do Rupert (na Inglaterra) não tem o alcance que a Globo tem no Brasil.

E na Inglaterra uma TV não ousaria fazer o que a Globo faz aqui: sistematicamente tentar derrubar os presidentes e governadores trabalhistas.

O jornal nacional criou agora uma seção fixa que se chama “o Brasil é uma m…”.

Nesta segunda-feira, descobriu uma cidade de mil habitantes no interior do Maranhão que tem uma estação rodoviária, mas não tem ônibus.

Culpa do Lula e da Dilma !

A Globo é a próxima na fila.

E essa fila anda.

O Brasil tem um encontro marcado com os filhos do Roberto Marinho, aquele que simulou um atentado para fingir que era vítima e, não, cúmplice do regime militar.

O regime militar acabou.

E os filhos do Roberto Marinho, mesmo com a ajuda do Miro, não são o Roberto Marinho.

Como o Robert(o) Murdoch não é o “seu” Vitor Civita.

Que não ia entregar o patrimônio nas mãos de um Policarpo.

A batata da Globo também assa.

A Ley de Medios vem aí assim como o fim da Lei da Anistia.

Porque, hoje, no Brasil, ficou mais fácil identificar bandido.

Por causa dos blogs sujos.

E do Mino.

E jornalista bandido bandido é.

Não era.