sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O papel do Estado e da sociedade no combate ao crack

Por Fernando Brito
Sei que estou comprando uma briga, e o faço em nome pessoal, sem sequer conversar sobre o assunto com o titular deste blog.
Porque jornalista que só escreve o que o chefe manda, é escriba, não jornalista.
Tão escandalizante quanto as declarações do sr. Dr. Laco, sem cedilha, chefe de política anti-drogas (?) do Governo paulista, de que usará “dor e sofrimento” como forma de levar os viciados em crack a buscarem tratamento, tão escandalizante quando a polícia paulista estar, esta tarde, atirando bombas contra os zumbis drogados que tentam voltar à Cracolândia é a falta de reação da “inteligência” paulistana e brasileira a este espetáculo dantesco.
Nós, que temos 50 anos, que convivemos na juventude  com a generalização da droga, que podíamos ou podemos ter um filho ou uma filha ali, doentes e consumidos por uma situação assim, estamos assistindo silentes a este espetáculo terrível.
Segundo a Folha, diz a própria PM que “havia, na cracolândia da rua Helvétia, 60 crianças e 20 grávidas”.
É a eles, inclusive, que queremos impingir “dor e sofrimentos”, além de bombas?
Não vemos a OAB, o Sindicato dos Médicos, ninguém levantando a voz contra o fato de, segundo os próprios jornais, a dispersão dos viciados da Cracolândia estar sendo feita essencialmente com porretes – e digo que, aí, os policiais são até os menos culpados, porque eles próprios sabem que isso é uma pantomima – e não com assistência médica e social.
Os viciados da cracolândia podem agir como bichos irracionais, porque estão corroídos por uma dependência que lhes tira a razão e a ponderação. Nós é que não temos o direito de agir como bichos.
Muito menos se essa ação espalhafatosa é puro marketing, destinada a cenas no Jornal Nacional que produzam imagem de um “combate à droga”  que é, antes, promoção da imagem da “autoridade” do que um ataque real ao problema.
Uma sociedade à qual falta a compaixão, à qual o medo de dizer que aquilo que fere a dignidade humana jamais pode ser feito por ninguém, mas muito menos pelo Estado, que a todos nos representa está mais doente do que aqueles pobres drogados.
Porque nós estamos lúcidos e sabemos discernir o certo do errado.
Ou não sabemos mais? Ou não somos mais viciados em  amar o próximo?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Fernando Brito: "Pergunte ao Alckmin porque dinheiro anti-enchente não foi para São Paulo"

Por Fernando Brito

Parece que o Estadão  é de algum outro ponto do planeta, e não de São Paulo.
De outro modo não poderia acusar o Ministro da Integração Nacional de estar beneficiando Pernambuco com a liberação de R$ 25,5 milhões para a construção – Cupira e Gatos – em cidades a quase 200 km de Recife -  por supostos interesses eleitorais na capital pernambucana.  E, muito menos, por estar beneficiando Petrolina, cidade da qual já foi prefeito, que está a mais de 600 km das barragens.
Mas, sobretudo, porque o Estadão sabe que só numa obra, o Governo Federal – e o próprio Ministro Fernando Bezzera Coelho – destinaram mais recursos à prevenção de enchentes em Franco da Rocha – governada por um tucano, Marcio Cecchettini, e a apenas 40 km de São Paulo – do que aquela liberação sobre a qual lançam suspeitas. São R$ 28,5 milhões dos R$ 51,2 milhões necessários para construção de quatro piscinões em Franco da Rocha.
Mas publica que “a construção de reservatórios para conter cheias na região metropolitana de São Paulo, ação que teve R$ 31 milhões de gastos autorizados pelo Orçamento de 2011, não recebeu nenhum tostão”.
E porque não recebeu? Porque o Governo do Estado assinou o convênio só em outubro do ano passado e até agora  nem sequer abriu a licitação para fazer a obra. Como o projeto estava pronto, não se sabe a razão da demora. O Estadão, claro, nem pergunta a razão de – convenio assinado – já se terem passado dois meses sem o lançamento do edital pelo Governo do Estado. Em Pernambuco, o edital saiu muito mais rápido, dez dias depois do convênio, em maio e em agosto foi dada, pela Presidente Dilma, a ordem de serviço para o início da obra, com as desapropriações necessárias.
Por isso – apesar da nota de esclarecimento do Ministério, reproduzida no Conversa Afiada – já ter colocado os pingos nos ii – reproduzo aí em cima o discurso de Alckmin na assinatura do convênio, onde é só elogios pela ajuda federal, não reclama de atrasos e até elogia os auxiliares do ministro, que sabiam de cor o andamento do processo de liberação do convênio.

A cultura Hip Hop e a mídia. A necessidade da informação.


Por DJ Sadan
Este tema já foi por mim abordado no artigo “A importância do 5º elemento” mas, diante de alguns fatos novos, resolvi retomá-lo com um título mais chamativo, com o objetivo de reforçar o alerta já dado.
O rap de improviso é uma arte para poucos que têm este dom. Ao mesmo tempo em que fascina quem o ouve, aumenta em muito a responsabilidade de quem o faz. Tenho visto diversos MCs se prestando ao papel de amplificadores da mídia burguesa, repetindo em suas rimas exatamente o que viu estampados nas páginas do jornal, ou o que ouviu no rádio ou assistiu na TV. Repetem sem procurar saber da veracidade dos fatos, sobre o que está por trás da veiculação das notícias e sem questionar a credibilidade dos órgãos de onde elas vêm.
O MC é um porta-voz da cultura hip-hop. Suas rimas são capazes de influenciar várias pessoas, que talvez as propaguem para outros. Então, se o sujeito lê uma notícia na capa do jornal de manhã e à noite vê um MC corroborando o que estava escrito, vai pensar: “Tá vendo, até o mano da rima tá confirmando o bagulho que tá no jornal”.
As últimas que presenciei foram de um MC enaltecendo a “faxina ética” no governo, que “tem que usar a vassoura pra varrer aquele que não tem proceder”. Parece em primeiro plano até que “Porra, Saddam! O cara não está certo?”. Na boa intenção até que sim, pois todos somos contra a corrupção. Não fosse o machismo deste termo “faxina” – não fosse uma mulher na presidência, duvido que utilizariam este nome – e o fato da tal vassoura remeter aos tempos de Jânio Quadros, que acabaram por levar o país a mais de duas décadas de ditadura militar, até que eu levaria em conta a boa intenção.
A outra foi um MC repetindo a revista Veja e metendo o pau no ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, que estava sendo denunciado por um coxinha, presidente de ONG, que havia sido denunciado pelo próprio ministério por desvio de verbas. Ou seja, uma pessoa sem a menor credibilidade, sem apresentar uma única prova –  até a data de hoje o tal PM não apresentou as tais “provas irrefutáveis” que disse que tinha -, usando apenas de sua palavra, acusa e faz cair um ministro de Estado, negro, de origem humilde, que transformou um Ministério pífio em um Ministério grande, com investimentos importantes no projeto Segundo Tempo que beneficia milhares de crianças e que agora a grande mídia aproveita para jogar na vala comum todo o terceiro setor, associando patifaria ao termo ONG.
Nós do hip-hop, mais do que ninguém, sabemos da importância do trabalho das ONGs, que chegam onde o Estado não consegue chegar, levando esporte, cultura, saúde e dignidade às quebradas. Isto não interessa à elite. Por que bancar um Segundo Tempo se esta grana poderia bancar um torneio de tênis internacional e uma etapa da Fórmula Indy?? Por que bancar o Cultura Viva, se poderiam usar esta grana para trazer várias filarmônicas, bancar vários festivais como o Rock in Rio ou rodeios em Barretos??? Por isso que falo: de boa intenção o inferno está cheio.
Desta forma, fica novamente o alerta para que o quinto elemento da cultura hip-hop, o conhecimento, seja levado a sério. Hoje, com o avanço da internet, não se pode ter apenas como parâmetro a mídia impressa e a TV. Ouviu sobre um assunto, procure outras opiniões, procure discussões nas redes sociais e, aí sim, tire suas conclusões, pois caso contrário você estará sendo um agente da preservação do “status quo” e o hip-hop jamais se propôs a isso.
Finalizando este artigo, gostaria de parabenizar Emicida e Criolo pelas premiações no VMB deste ano. Prova contundente do crescimento do rap nacional, trilhando sua trilha independente e invadindo espaços antes a ele negado. Como disse Emicida com muita propriedade : “É a reforma agrária da Música Popular Brasileira”. Vamos em frente!
Um salve e paz a todos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A "herança maldita". Não do Lula. Mas de FHC

IPVA de São Paulo

Por Luis Nassif
Em 2009 o IPVA chegou salgado para paulistas e mineiros. O valor do imposto é calculado sobre os valores de mercado de setembro do ano anterior. Até janeiro a crise havia derrubado os valores, mas o IPVA manteve-os inalterado.
Com a grita, o governador de Minas, Aécio Neves, recolheu os carnês e emitiu outros, com valores de mercado. O governador de São Paulo, José Serra, manteve os carnês originais e informou que enviaria uma lei à Assembléia permitindo uma reavaliação do valor dos carros.
Agora, o IPVA que está chegando aos paulistas continua com valores inflados. O leitor Fernandes me envia email informando que seu carro vale no máximo R$ 61 mil – o valor do IPVA veio por R$ 68 mil. O da esposa é de no máximo R$ 38 mil, mas veio por R$ 44 mil.
Consultou vários colegas que perceberam a mesma gordura nos seus carnês.

Paulo Henrique Amorim, como sempre, implacável

Bomba! Bomba! FHC descobriu a China!

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

Naquele estilo de gordura saturada, o Farol de Alexandria publica no Globo, na página 10, um texto que vai revolucionar o pensamento Ocidentocêntrico.

Henry Kissinger vai rasgar tudo o que escreveu para debruçar sobre a obra do Farol.



Diz ele (que pensa que só ele tem internet rápida):

(Prepare-se, amigo navegante, para ver o Sol nascer!)

“Que modificações advirão (essa é boa “advirão”! – PHA) do quadro de poder que vai se desenhando (Oh Camões, onde estás? – PHA) no mundo… ? Uma coisa parece (sic) certa: o predomínio do Ocidente se vê (sic) contestado pela emergência de fatores econômicos, demográficos, e mesmo (a vírgula é do original – PHA) culturais, sino-cêntricos, ou melhor “asiático-cêntricos. Está reaberta a rota para o Extremo Oriente".

Um jenio!

Ninguém mais tinha percebido a China!

Em tempo: as platitudes atendem a dois objetivos. Ignorar os BRICs e fazer de conta que o Brasil não saiu daquela cinzenta pasmaceira que foi o Governo dele e do Cerra. E, segundo, omitir a ocorrência desse pequeno tsunami na biografia dele e o Cerra: a Privataria do Amaury. É um jenio!

América Latina

Um retrato da América Latina na letra da música "Latinoamerica" da dupla Porto Riquenha Calle 13 que conta com a participação da excelente Maria Rita.