sábado, 13 de agosto de 2011

Assim? Até minha vó....


É fácil exaltar e endeusar um presidente de uma empresa que cresceu 10 vezes em dez anos, quando todas as condições são extremamente favoráveis.
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Por Fernando Brito
Do empresário Eike Batista há quem goste e quem não goste, mas há algo que ninguém lhe nega: é ousado.
Mas não é dele, até por falta de conhecimento, que se quer falar aqui, mas de algo que ele revelou, que é segredo trancado a sete chaves: o lucro absurdo que se tem nas atividades extrativas no Brasil, ao falar numa entrevista anteontem aoEstadão.
(…)O Brasil produz commodities a preços muito baixos.
O senhor conta com isso para reverter perdas?
Se eu produzo petróleo a US$ 18, não vou me importar muito se o petróleo cai de US$ 120 para US$ 100 (o barril), ou mesmo para US$ 80. A Vale produz o minério dela a US$ 25 a tonelada e vende por US$ 170; pode cair para US$ 150, US$ 140(…)
No caso do petróleo, ainda incidem royalties e participações especiais, ainda assim em níveis que não eixam de fazer o negócio ser espetacular em termos de lucratividade. Mas no caso do minério de ferro, o que existe de taxação é a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), de 2% apenas.
Basta fazer a conta e ver que, a US$ 150 a tonelada, exportar ferro dá um lucro de 500% sobre o gasto em sua produção. Assim é mole ser eficiente, não é, Sr. Agnelli?
Pois o senhor Agnelli, que é muito esperto, foi fazer os navios para exportar minério na China, alegando que era mais barato. Já o sr. Eike vai pagar 30% a mais para fabricar aqui quatro das sete plataformas de sua petroleira, a OGX. Vai pagar a quem? Ora, a ele mesmo, que se associou aos coreanos para montar um estaleiro onde ele será o primeiro e principal cliente. E, claro, a diferença entre o preço no exterior vai cair destes 30% rapidamente, à medida em que a escala de produção subir, como tem de subir com a exploração do pré-sal.

Operação "Voucher" e a possível insubordinação da PF


Extraído do Nassif
Por Wilson Yoshio
À primeira vista, a operação da Polícia Federal que, na terça-feira 9, colocou na cadeia parte da cúpula do Ministério do Turismo pareceu ao mundo político brasiliense um tiro contra o PMDB, partido responsável pela indicação do ministro Pedro Novais. Nos dias que se seguiram, porém, ficou claro para a base aliada que o canhonaço fora disparado em direção a outro Ministério: o da Justiça, que, ao menos no papel, comanda a Polícia Federal. Para piorar, ficou claro também para o Planalto que o disparo foi feito com o intuito de atingir o titular da pasta, o petista José Eduardo Cardozo, que nunca teve lá uma relação tranquila com a Polícia Federal. Ninguém esperava que cúpula da PF fosse capaz de investir com tanta audácia contra seu chefe-maior. O episódio ganhou contornos de enfrentamento em consequência dos supostos exageros ocorridos na Operação Voucher, nas prisões cinematográficas e no transporte dos suspeitos algemados para Macapá (AP). No fim da semana, com uma troca de notas públicas entre o gabinete do ministro e a PF, o clima azedou de vez. O Palácio do Planalto estudava, na quinta-feira, a possibilidade de demissões na cúpula da Polícia Federal. A ação policial foi interpretada pela presidente Dilma Rousseff como um ato de insubordinação ao titular da Justiça.
O uso de algemas e a exposição dos presos para fotografias com as mãos presas a um cinturão de couro provocou a reação da cúpula do PMDB na manhã da quarta-feira 10, um dia após a megaoperação que mobilizou 200 policiais federais e prendeu 38 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo. O custo político foi debitado na conta de José Eduardo Cardozo. A foto que mais irritou os peemedebistas foi a do secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, o ex-deputado Colbert Martins. “É inadmissível, inaceitável. Ele não é ladrão, não é bandido. Não havia risco de sair correndo”, protestou o líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). As reclamações foram levadas à presidente Dilma Rousseff pelo vice-presidente da República e presidente licenciado do partido, Michel Temer. Por volta das 11h, a presidente telefonou para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e cobrou esclarecimentos. “O que está acontecendo? Isso não está correto!” A posição da presidente se baseava em outro fato. A Súmula 11 do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovada em 2008, determinou que o uso de algemas “só é lícito em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia”.
Exatamente às 14h53 daquele mesmo dia, chegou ao gabinete do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, um ofício encaminhado por Cardozo. Ele determinou a prestação de informações, com urgência, sobre o uso de algemas na operação. Deixou claro que baixava a determinação considerando “o dever de respeito aos direitos individuais e aos princípios do Estado de Direito”. Exigiu ainda a abertura imediata dos procedimentos disciplinares, caso constatado qualquer abuso. 


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A Polícia Federal respondeu divulgando nota oficial. Sustentou que o uso de algemas teria ocorrido com estrita observância da Súmula Vinculante 11, que, na sua avaliação, não proíbe “determinantemente” a sua prática.


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O enfrentamento estava oficialmente configurado, mas a movimentação da presidente e do ministro serviu, pelo menos, para acalmar o PMDB, que se sentiu prestigiado mais uma vez. O presidente nacional do partido, Valdir Raupp (RO), falava com cuidado, mas parecia aliviado na quarta-feira à noite: “O PMDB não é contra a apuração nem contra punições, mas houve realmente uma exposição das pessoas. A vida deles já está devastada. Não tem indenização que pague isso”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) também entrou na polêmica e esquentou ainda mais o debate. A Polícia Federal havia informado que as investigações tinham sido abastecidas com informações preliminares levantadas pelo tribunal. O TCU, por sua vez, informou que os indícios de irregularidades estão sendo tratados em três processos e esclareceu que ainda não se manifestou conclusivamente sobre o caso por estar observando “os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa”. Aí foi a vez de a PF se defender novamente, ao tentar mostrar que sua ação fora, sim, consistente. O laudo pericial divulgado pela Polícia Federal apontou irregularidades, como incapacidade técnica do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), direcionamento nas contratações de empresas pelo instituto, falta de cotações prévias, irregularidades na comprovação de despesas e pagamento antecipado de serviços. A PF apurou que cerca de dois terços dos recursos do convênio foram desviados. Na casa do diretor-executivo do instituto, Luiz Gustavo Machado, foram encontrados R$ 610 mil em espécie.
Desde que Cardozo assumiu, a relação entre a PF e o Ministério da Justiça foi tensa
Ainda não está claro como o Planalto vai agir, principalmente pelo fato de todos os indícios apontarem para um esquema de fraudes no Turismo. Mas uma coisa é certa: na próxima semana o clima continuará tenso entre o Ministério da Justiça e a PF.
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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Amor de perdição: Globo e Kamel


Por Luis Nassif
Ainda não caiu a ficha dos Marinhos sobre o mal que o estilo Ali Kamel causou aos interesses das Organizações Globo – quando foi incumbido de definir a linha política da cobertura da TV.
O grande adversário da Globo é a Record, da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). É uma congregação agressiva, de pouco jogo de cintura, com uma objetividade dura, sem verniz, descolada de todos os grupos de opinião mais influentes – poder Judiciário, universidades, outros veículos de mídia, partidos políticos. E, no entanto, tem "torcedores" cada vez mais influentes.
Cada vitória da Rede Record, por pequena que seja, provoca regozijo, torcida ardente em muitos e muitos segmentos sem nenhuma simpatia por Edir Macedo. A maioria absoluta desses "torcedores" teria calafrios na hora se pensasse na possibilidade da Record ser a líder absoluta de audiência. E, no entanto, torcem entusiasticamente pela Record.
O inacreditável é como a Record – que avança na religião, na mídia e no Congresso – conseguiu se tornar um mal menor que a Globo.
Essa a grande obra de Ali Kamel quando destruiu até a encenação do Jornal Nacional de se apresentar como objetivo e isento, construída a duras penas por Evandro Carlos de Andrade depois do desgaste com as "diretas". Hoje em dia, nos congressos de sociologia e ciências sociais do país pululam teses sobre a parcialidade do JN, sobre a bolinha de papel, sobre o terrorismo na crise de 2008, sobre o endosso a todas as barbaridades da Veja.
Foi brutal a falta de visão dos Marinho ao conferir a Kamel o papel de Ratzinger da Globo. Jamais entenderam – nem ele nem os herdeiros – que uma organização de mídia da dimensão alcançada pela Globo tem um papel institucional que não pode ser atropelado por aventuras políticas – como a de pretender derrubar governos.
O poder excessivo exige ponderação, cuidado, precisa pairar acima de paixões partidárias.
Dia desses recebi vídeos das minhas filhas mais velhas quando crianças – início dos anos 90. Quando a Bimba (cinegrafista da família) perguntava qual programa gostavam, a resposta era imediata: a Globo. Assim, na lata! Depois, especificavam a novela do momento.
Na memória dos políticos, havia um passivo grande da Globo, na maneira como combateu inicialmente as diretas, na campanha implacável contra Brizola, na loucura do caso Proconsult.
Mas o trabalho de Evandro, a discrição do Jornal Nacional (mesmo com Alberico, excetuando a edição do debate Collor-Lula) o tornaram o referencial jornalístico máximo do país. Ajudou a mostrar regiões desconhecidas, brasileiros anônimos. Não se fechava a primeira página de nenhum jornal sem, antes, assistir o Jornal Nacional. E houve um refluxo dos críticos porque o jornal tornou-se cuidadoso, sabendo dosar o imenso alcance que tinha.
Com Kamel todo esse trabalho de reconstrução foi para o vinagre. O JN tornou-se uma força descontrolada, em alguns momentos uma Veja com alcance mil vezes maior, causando desconforto não apenas em faixas influentes de telespectadores, mas nos seus próprios jornalistas, nos seus artistas, em muitos que são a cara pública da Globo.
A politização desenfreada liquidou com a imagem institucional da Globo. Deixou de pairar acima dos governos e das paixões partidários, conforme era o projeto Evandro, e tornou-se parte ativa do jogo político, querendo açambarcar um poder que não lhe pertencia, porque se valendo de concessões públicas. Deixou de ser a emissora dos brasileiros para se tornar representante de uma parte da opinião pública.
E tudo isso no momento em que – com as mudanças tecnológicas em curso – mais carecia de um leque amplo de alianças, seja para enfrentar a Record, as empresas de telefonia, os grandes grupos internacionais de mídia.
Hoje, parte relevante da opinião pública olha para o símbolo da Globo, e enxerga um vulto ameaçador. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

EUA, Europa e o Brasil

Naquela época, 2008, à crise do sub prime no EUA, o mundo presenciou algumas instituições financeiras, super potências, irem pelo ralo. 


Os governos, como em outras crises, mais uma vez socorreram as inconsequências do sistema financeiro contraindo dívidas para gerar liquidez.


A conta chegou.........e agora? 


Quem vai pagar?


Aperto fiscal, corte de gastos sociais e............. recessão.


Os "cabeças de planilha" (como os define o Nassif) fazem a mer...............


O governo os ajudam com o dinheiro do contribuinte............que depois ganham de brinde impostos mais altos.


Bem vindo ao primeiro mundo do capitalismo..........


E o Brasil?


Os imposto por aqui já são bastante altos.....


Mas mesmo assim o mercado interno é bastante forte.


Mas ainda há aqueles, os neoliberais, que defendem os caminhos do primeiro mundo.......


Ainda bem que não são eles quem definem as regras hoje.

Um analista...


A Bolsa caiu?
Caiu!
E o que devo comprar.. ouro, chocolate em pó, terreno em Marte?
Todas boas opções.. menos o terreno em Marte, o prazo é longo demais.
Compre…. ações!
Mas ações de verdade, empresas que já estão no breu,  melhores não ficarão!
E esperar!
Ciao…..

E o Mundo despenca no abismo...


Dilma critica Standard & Poor´s


Por Bianca Pinto Lima
A presidente Dilma Rousseff considerou precipitada a avaliação feita pela agência Standard & Poor’s, que, na última sexta-feira à noite, rebaixou a nota de risco dos Estados Unidos. “Podemos deixar claro que não compartilhamos com a avaliação precipitada e um tanto rápida, eu diria, não correta da agência que diminuiu o grau de valorização de crédito dos Estados Unidos”, disse a presidente durante declaração à imprensa por ocasião da assinatura de atos com o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, no Palácio do Planalto.

A superficialidade das agências de rating...


Por Luis Nassif
A Coluna Econômica de amanhã será sobre as agências de rating.
Digo que poucas vezes na história econômica mundial, deixou-se a economia mundial à mercê de um grupos de instituições tão desaparelhadas quanto essas agências.
No início da globalização eram apresentadas como os batedores da cavalaria norte-americana, que avisavam se na frente havia índios armados ou não..
Economia e contabilidade são formas diferentes de conhecimento.
A economia estuda as correlações entre setores, a dinâmica do mercado, o impacto futuro de medidas monetárias e fiscais. Já a contabilidade até trabalha com tendências – por exemplo, índices de solvência de uma empresa – mas não com correlações nem com a dinâmica de crescimento (ou queda) da empresa.
Há momentos em que a contabilidade retrata melhor a situação do que a economia.
Suponha que o governo resolva cortar os serviços de manutenção de uma estrada para gerar superávit. Simplesmente jogou para a frente um custo. A contabilidade registra através da conta de depreciação. Já o cabeça de planilha vai levar em conta apenas os reais economizados naquele ano.
Quando entram na análise de países, no entanto, os cabeças de formulário das agências de rating são um desastre.
Tome-se o caso da Argentina sob Domingo Cavallo. O país esvaía em sangue, atividade econômica no ralo e, por consequência, a arrecadação fiscal em queda. As agências exigiam choques fiscais. A cada choque, a economia argentina piorava, a governabilidade ia para o ralo, mas as agências acenavam com a possibilidade de melhoria do rating.
É em tudo similar ao que a Standard & Poor's fez com o pacote fiscal de Obama.
A economia americana está combalida. O choque fiscal vai produzir mais recessão – e, consequentemente, menos arrecadação e emprego. Mesmo assim, a S&P considerou o pacote insuficiente e rebaixou o rating do país.
O desastre ocorrerá nos próximos anos, com a recessão norte-americana. Mas nem se pense que as agências não conseguem enxergar um ano à frente: muitas vezes não conseguem enxergar uma semana à frente.
Foi assim na crise da Argentina. Em minhas colunas sempre critiquei a superficialidade das agências, o fato de reduzir todas as análises à questão fiscal, de supor que o equilíbrio fiscal resolveria, per si, desequilíbrios externos.
Pois meus amigos brasileiros da S&P trouxeram para uma conversa o responsável geral pela América Latina – sediado em Nova York. O tema foi a Argentina. Critiquei as recomendações para choque fiscal em uma economia combalida e disse que era questão de tempo para a Argentina explodir. E ele: que nada, a Argentina vai dolarizar sua economia e tudo estará resolvido.
Não costumo me exceder em debates, mas não aguentei. Perguntei se tinha enlouquecido. Disse que a situação argentina explodiria em questão de dias – de fato, explodiu UMA SEMANA depois. Mas o sujeito na minha frente era incapaz de ver não um iceberg mas uma cordilheira de gelo flutuante vindo em direção ao navio.
É esse pessoal que comandou a economia internacional nas últimas décadas.
Torço para que a avaliação sobre a economia norte-americana marque o ocaso desse povo.

domingo, 7 de agosto de 2011

Os princípios da Rede Globo


Do Blog do Nassif

Autor: 
 

Lugar de texto ficcional é na novela.
Ao tratar com o jornalismo, o ideal é se ater à realidade. Isso evitaria a elaboração pelas Organizações Globo de uma "carta de princípios" que a todo momento é desmentida pela prática. O assunto foi trazido aqui para a comunidade pelo blog de Adriano S. Ribeiro, de onde retirei as citações do texto.
O que se pede a um órgão de imprensa é que seja transparente nas intenções, nas práticas e na conduta. Isenção, objetividade são mitos que, mantidos pelos veículos, apenas servem para tentar enganar o leitor.
A Globo deve se assumir como empresa de jornalismo partidário, ideológico, e que, muitas vezes, pratica uma imprensa de opinião disfarçada de informação. Quando assim o fizer, passará a ter mais respeito até dos seus maiores críticos.
Com isso, perdeu a grande chance de contribuir para uma melhor relação entre a grande imprensa nacional e o público. 
Ora, muitos grandes jornais europeus explicitam suas posições, e nem por isso perdem sua credibilidade. Ao contrário, sua credibilidade e sua confiabilidade vêm justamente da transparência com que lidam com seus posicionamentos.
A afirmação de um diretor da empresa (ver texto no blog do Adriano) de que "o sucesso do grupo" está ligado ao atendimento a estes "princípios" não encontra base racional. Murdoch, aliás, um ex-parceiro das Organizações, faz sucesso sem qualquer princípio.
Negar que há posicionamentos (políticos, ideológicos, religiosos etc) é tentativa de engodo. E enganar consumidor é incorrer em falta de ética. Não fica bem para uma carta de princípios ferir o que deveria ser o seu maior compromisso.
Eis alguns "princípios" sobre a "informação de qualidade", segundo as Organizações. Numerei para melhor demonstrar as contradições com a prática.

Os atributos da informação de quaIidade
1. ISENÇÃO
1.1. "O contraditório deve ser sempre acolhido".
Recentemente, numa reportagem sobre a falta de "indignação" dos brasileiros, a opinião do MST, embora ouvida, foi censurada na redação. Isso foi grave e afeta diretamente este "princípio".
1.2. "Não pode haver assuntos tabus".
È bem conhecida a dificuldade da Globo em lidar com temas como o racismo. Principalmente, depois da chegada ao poder do editor chefe Ali Kamel. A Globo evita ao máximo noticiar casos de racismo no Brasil que, sabe-se, são muitos. Com isso presta um desserviço á sociedade e ao debate público.
1.3. "O trabalho jornalístico é essencialmente coletivo, e errarão menos aqueles que ouvirem mais".
O caso do livro didático acusado de conter erros desmente este princípio. Os jornalistas da Globo mantiveram a "tese" sobre "os erros de português", e evitaram ouvir linguistas e educadores que realmente leram o livro e sabiam que a afirmação era falsa.
1.4. "Os jornalistas das Organizações Globo devem evitar situações que possam provocar dúvidas sobre o seu compromisso com a isenção".
Esse é o quesito mais questionado na Globo. Os jornalistas, principalmente, os de política e economia carregam a tinta do posicionamento do grupo sobre questões de suas áreas (jornalistas que talvez sejam obrigados, talvez compactuem).
A Globo não contraria em nenhum momento algumas de suas posições, como, por exemplo, no engajamento ao discurso neoliberal, cujas teses sempre foram tratadas como "postulados".
1.5. "Todo esforço deve ser feito para que o público possa diferenciar o que é publicado como comentário, como opinião, do que é publicado como notícia, como informação".
Outro erro. O Globo, por exemplo, é mister em elaborar manchetes com suas opiniões. O exemplo mais gritante foi a do dia da posse da presidenta Dilma: "“No adeus, Lula deixa para Dilma crise diplomática com a Itália”.
Em nenhum momento esta seria a informação mais importante. E a crise, fora alguns protestos isolados, nunca aconteceu realmente. Era pura aposta.
2. CORREÇÃO
2.1. "Erros devem ser corrigidos, sem subterfúgios e com destaque. Não há erro maior do que deixar os que ocorrem sem a devida correção" e que "os veículos das Organizações Globo têm obrigação de se fazer entender".
A insistência nos "erros de português" do livro didático mostram que este princípio não é seguido. A dificuldade de dar o direito de resposta na mesma seção, e nas mesmas dimensões da informação falsa também é outro exemplo. Se não for por decisão judicial, Globo mantém o princípio, inverso, de minimizar a divulgação do erro.

3. AGILIDADE
3.1. "a rapidez necessária ao trabalho jornalístico não se confunde com precipitação: nenhuma reportagem será publicada sem que esteja apurada dentro de parâmetros seguros de qualidade".
O apontamento das causas do maior acidente aéreo de 2007, com um avião da TAM no aeroporto de Congonhas foi um caso típico: em menos de 24 horas, a falta de ranhura na pista foi apontada como a causa maior do acidente.  Questionado depois sobre a precipitação, o editor Ali Kamel saiu-se com uma pérola: "Estávamos testando hipóteses".
4. Lealdade com a notícia e sem sensacionalismo
4.1. "Fazer e manter boas fontes é um dever de todo jornalista. Como a isenção deve ser um objetivo permanente, é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia", diz o texto.
Ora. Fontes viciadas parecem ser uma regra na empresa. No caso, por exemplo, das cotas raciais em Universidades, a Globo se restringe às opiniões de "especialistas" como Demétrio Magnoli e a antropóloga Yvonne Maggie, os dois absolutamente contrários a qualquer iniciativa de ação afirmativa. Ou seja: são aqueles que a empresa espera que concordem e reafirmem a sua própria posição.
4.2. "Nenhum veículo das Organizações Globo fará uso de sensacionalismo, a deformação da realidade de modo a causar escândalo e explorar sentimentos e emoções com o objetivo de atrair uma audiência maior. O bom jornalismo é incompatível com tal prática. Algo distinto, e legítimo, é um jornalismo popular, mais coloquial, às vezes com um toque de humor, mas sem abrir mão de informar corretamente".
A capa do Extra na tragédia da Região Serrana que repetia a frase de uma criança vítima das enchentes (Papai, Papai, não me deixa morrer!) foi um exemplo de mau gosto e exploração da tragédia humana para manter vendagem. Nisso o jornal não foi diferente dos aproveitadores que subiram seus preços na região para faturar com o despero.
"A regra de ouro é divulgar tudo, na suposição de que a sociedade é adulta e tem o direito de ser informada. A crença de que os veículos jornalísticos, ao não fazerem restrições a temas, estimulam comportamentos desviantes é apenas isso: uma crença", diz.
O exemplo, já citado acima, dos "casos de racismo" ocultados pelos veículos das Organizações são uma prova de que este princípio é ignorado sistematicamente pelas duas maiores redações do grupo: a do Globo e a da TV, embora encontremos ótimos exemplos de cobertura desta questão no Extra.

5. Independente, apartidária e laica
É bem conhecida a tentativa dos veículos das Org. Globo em interferir em eleições, com uma cobertura partidária e engajada. Esse talvez seja o pior dos "princípios". A empresa se tornaria mais confiável, se assumisse suas posições políticas. Infelizmente, perdeu a chance de ser mais transparente com o público. O que seria uma demonstração de maturidade.
Da mesma forma, o preconceito em relação aos evangélicos já foi evidente. Ao perder audiência neste setor para a Record, a Globo tem sido menos enfática no modo negativo como lidava com, por exemplo, as manifestações dos evangélicos, seja em eventos, seja no tratamento das práticas litúrgicas.