domingo, 29 de janeiro de 2012

"Não os perdoem, eles sabem o que fazem"

Por Gerivaldo Neiva (Juiz de Direito do estado da Bahia)




Não os perdoem: eles sabem o que fazem!

Para o governador, a culpa é da Justiça.

Para toda imprensa, a Justiça determinou, mandou, decidiu, despejou...

Para o Juiz que assinou a ordem, cumpriu-se a Lei e basta: Dura lex sede lex!

Para catedráticos cheirando a mofo, o Estado de Direito triunfou!

Para o Coronel que comandou, ordens são ordens!

Para o soldado que marchou sobre os iguais, idem!

Ei, Justiça, cadê você que não responde e aceita impassível tantos absurdos?

Não percebes o que estão fazendo com teu nome santo?

Em teu nome, atiram, ferem, tiram a casa e roubam os sonhos e nada dizes?

Tira esta venda, vai!

Veja o que estão fazendo em teu nome! Revolte-se!

E o pior dos absurdos: estão dizendo teus os atos do Juiz e do Poder que ele representa!

Vais continuar impassível?

E mais absurdos: estão te transformando em merdas de leis.

Acorda, vai!

Chama o povo, chama o Direito das ruas e todos os oprimidos do mundo e brada bem alto:

- Não blasfemem mais com meu nome! Não sou o arbítrio e nem a ganância! Não sou violenta, nem cínica e nem hipócrita! Não sou o poder, nem leis, nem sentenças e nem acórdãos de merda!

Diz mais, vai! Brada mais alto ainda:

- Eu sou o sonho, sou a utopia, sou o justo, sou a força que alimenta a vida, sou pão, sou emprego, sou moradia digna, sou educação de qualidade, sou saúde para todos, sou meio ambiente equilibrado, sou cultura, sou alegria, sou prazer, sou liberdade, sou a esperança de uma sociedade livre, justa e solidária e de uma nação fundada na cidadania e dignidade da pessoa humana.

Diz mais, vai! Conforta-nos:

- Creiam em mim. Um dia ainda estaremos juntos. Deixarei de ser o horizonte inatingível para reinar no meio de vós! Creiam em mim. Apesar da lei, do Poder Judiciário e das sentenças dos juízes, creiam em mim e não perdoem jamais os que matam e roubam os sonhos em meu nome, pois eles sabem o que fazem!

Responsabilidade social e coletiva.

Por Assis Ribeiro


Não pode haver liberdade, como muitos evocam, se a individualidade ferir o coletivo.
A sociedade moderna tem uma intensa dificuldade em entender esse conceito.
Possivemente pela influência cristã e pela influência da ciência.
Pela cristã o conceito arraigado de "pecado", pela ciência o modelo atomista, das coisas separadas, individualizadas.
Pelos dois lados, pensamos que a liberdade e responsabilidade são conceitos apenas individual.
Daí a sobreposição dos direitos individuais aos coletivos. A sociedade dita "moderna" prioriza o individual ao coletivo.
No Brasil essa situação é agravada pelo ranço da "casa grande e senzala", onde o indivíduo "senhor" mandava na sua coletividade com o pensamento claro de que escravos eram objetos. Isso ainda ocorre nos tempos atuais onde o rico acredita que tenha mais direitos do que os outros. "Você sabe com quem está falando?