quinta-feira, 10 de março de 2011

Vale? investimento futuro?


A forte alta do investimento chinês em setores ligados a commodities no Brasil preocupa o ex-ministro Antonio Delfim Netto. "Eu não tenho nada contra a China, pelo contrário, eu tenho inveja. O problema é que a China opera através de empresas estatais que são o próprio Estado soberano chinês", diz Delfim, para quem a venda de recursos naturais para um outro Estado deve ser simplesmente proibida. Em 2010, o investimento chinês em atividades produtivas por aqui somou US$ 19 bilhões, incluindo operações concluídas e anunciadas, segundo levantamento do Valor. Desse total, 84% foram ligados a commodities.
"Imagine uma estatal chinesa comprando uma mina de ferro no Brasil. Primeiro, o ferro é transferido para uma fábrica de aço na China, também estatal. Depois, o aço vai para uma fábrica de bens de capital, que também pertence ao governo. O resultado é o que o preço do bem de capital é um preço político. Não há quem possa concorrer com ele", exemplifica Delfim.
Ele lembra que os chineses têm se apropriado de minas de ferro no mundo inteiro. Em quatro ou cinco anos, isso afetará o poder de mercado da Vale e das outras duas outras grandes mineradoras – Rio Tinto e BHP Billiton, diz Delfim. "Minério de ferro existe em tudo que é canto, mas da qualidade que existe no Brasil, não. A China atua para promover uma diversificação da oferta, e o problema é que nós estamos permitindo que eles façam essa diversificação dentro do Brasil. Enquanto a China está se pensando para 2050, o Brasil continua a se pensar para 1990."

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