quarta-feira, 9 de março de 2011

A mania da "Desinformação "


Por Luis Nassif
Há um vício recorrente na cobertura jornalística de dar um tom de conflito a todas as matérias. Virou padrão. Um exemplo hipotético: se Alckmin diz que vai tentar agilizar obras, a manchete falará algo como "Alckmin cutuca Dilma por causa da lentidão do PAC". E vice-versa. Cada edição de jornal tem pelo menos duas matérias com esse sentido de intriga, conflito.
É o caso da matéria de hoje da Folha, de transformação do Protec em "avanço sobre vitrines tucanas em SP". Que vitrine? Na campanha eleitoral as escolas técnicas foram a principal vitrine de de Dilma Rousseff. É só fazer uma contagem e se constatará que provavelmente foi o tema mais brandido por ela, o aumento de vagas nas escolas técnicas federais. A própria matéria informa que as FATECs federais têm o dobro de vagas das de São Paulo.
Ora, está se aumentando as vagas nas escolas técnicas, tanto as federais quanto em São Paulo, por política de governo, por ser um princípio educacional dos mais legítimos, não por concorrência para uma eleição que só se dará daqui a quatro anos.


Planalto avança sobre vitrines tucanas em SP 
Programa federal previsto para estrear em abril fará concorrência às Etecs

Ideia é aliar expansão da rede a parceria com entidades do Sistema S; estimativa é de 1,5 milhão de matrículas

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO 
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
O governo federal avançará sobre uma bandeira histórica dos tucanos em São Paulo, as Etecs (escolas técnicas). Descritas como orgulho da gestão estadual do PSDB, ganharão concorrência acirrada com o lançamento do Pronatec (Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica), previsto para abril.
O governo estadual estimula a comparação da oferta de vagas para a modalidade, já que, proporcionalmente, oferece mais do que o federal. "São Paulo é hoje o maior polo de ensino técnico da América Latina", disse o governador Geraldo Alckmin.
As Etecs e Fatecs (faculdades tecnológicas) sustentaram o discurso de Alckmin sobre a qualidade do ensino paulista na campanha eleitoral, em 2010. Nos últimos seis anos, receberam investimentos pesados dos governos do PSDB em São Paulo.
O orçamento do Centro Paula Souza, responsável pela administração das escolas técnicas e faculdades tecnológicas, triplicou: passou de R$ 406,9 mil em 2006 para uma previsão de R$ 1,2 bilhão neste ano.
Hoje, as Etecs oferecem quase 150 mil vagas em cursos técnicos e mais cerca de 50 mil para o ensino médio. O governo tem uma expectativa informal de elevar em 20% essa quantidade, criando mais 40 mil vagas.
O governo federal, por sua vez, patrocina, via institutos técnicos federais, 348 mil vagas. A expectativa é que, no fim do governo Dilma, os institutos possam receber 500 mil matrículas. Com o Pronatec, há uma expectativa de triplicar esse número.
O desenho final do programa ainda não está pronto, mas a ideia é aliar a expansão da rede federal a uma parceria com as entidades do Sistema S. Com isso, a estimativa é chegar a aproximadamente 1,5 milhão de matrículas.
Ciente do impacto da medida, o ex-governador José Serra (PSDB) disse, assim que a presidente Dilma anunciou o programa, que era cópia de sua proposta.
"Parabéns ao governo pelo anúncio do Protec [sic] -o ProUni do ensino técnico-, que propus na campanha", ironizou Serra no Twitter.

DIFERENÇAS
Embora o ensino técnico esteja no centro da agenda de educação de tucanos e petistas, os modelos são distintos.
Escolas da rede federal oferecem a educação profissionalizante com as matérias tradicionais -os conteúdos são divididos entre a manhã e a tarde. Já em São Paulo, há predomínio do ensino técnico oferecido após o médio.
Especialistas veem pontos positivos e negativos nos dois sistemas. O federal possibilita uma formação ampla ao aluno, mas atende menos gente que o estadual.
O resultado é que, segundo o último censo escolar, de 2009, a rede federal responde por cerca de 10% das matrículas. Estaduais ficam com 31% e particulares, 55%.

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