quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Copom Aumenta a SELIC 0,5 ponto percentual

Por Aluísio Alves
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - Sem sinais de trégua da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) resolveu nesta quarta-feira somar às medidas prudenciais a elevação do juro básico do país em 0,5 ponto percentual.
"O Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,25 por cento ao ano, sem viés, dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas", afirmou o colegiado do Banco Central no comunicado divulgado com a decisão.
Com isso, a taxa básica brasileira alcançou o maior nível desde abril de 2009.
A medida era amplamente esperada pelo mercado, desde que o BC adotou em meados de dezembro um discurso mais ativo de combate à inflação, que há meses vem sendo pressionada pela alta das commodities, especialmente produtos alimentícios.
E para economistas, a expressão "dando início a um processo de ajuste" não deixou dúvida: vem mais aumento de juro por aí.
"É o primeiro passo de um ciclo de ajuste, dentro de um cenário de piora da inflação. Passa mensagem de que é uma mudança de ciclo", Cristiano Souza, economista do Santander Brasil.
Mas o que mais chamou a atenção foi a referência às medidas macroprudenciais, visto como sinal de mais aperto no crédito.
"Consideramos que novas medidas prudenciais poderão ser implementadas complementarmente ao aperto de juros. Isto ficou claro no comunicado", disse Otavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
Em dezembro, quando boa parte do mercado já contava com uma alta da Selic, o BC manteve a taxa, argumentando que era melhor esperar os efeitos do compulsório sobre depósitos à vista e a prazo, com o objetivo de encarecer o crédito de longo prazo às pessoas físicas .
Agora, após o IPCA ter encerrado 2010 com alta de 5,91 por cento, bem acima da meta de 4,5 por cento fixada pelo próprio BC, e com as expectativas do mercado de que isso deva se repetir este ano, as apostas de volta do aperto monetário finalmente convergiram para janeiro.
Em sua primeira reunião como presidente do BC, Alexandre Tombini, repete o caminho trilhado por seu antecessor, Henrique Meirelles, que iniciou em 2003 sua trajetória de oito anos à frente da instituição subindo a taxa básica.
Com a medida, o Brasil amplia a tendência de países emergentes em forte crescimento econômico que estão recorrendo a aumento de juros para frear a alta de preços.
Em dezembro, o banco central da China elevou sua taxa básica de juro pela segunda vez em pouco mais de dois meses. Em novembro, a Austrália havia surpreendido o mercado, também subindo sua taxa básica.

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