domingo, 13 de março de 2011

Japão e Brasil diferentes mas iguais



Por Grauninha

Não há na história nenhum caso de desastre natural tão cheio de imagens, sons e informações como o que houve no Japão. Foram 15 minutos entre os primeiros sinais do terremoto que iriam abalar Sendai,  capital da província de Miyagi, e o alerta do Tsunami com ondas de até 10... 15 metros.
Não há como não fazer paralelos, guardadas as devidas proporções geossistêmicas, econômicas e culturais ... mas aqui na região serrana, segundo relatos, as chuvas de fevereiro, geraram ondas de 10m na Região do Vale do Cuiabá em Petrópolis, RJ.
Lá a população é treinada para o caos. Vivem sob possibilidades altíssimas do encontro e subducção de placas tectônicas. O solo, referência para o equilíbrio, pode a qualquer momento desestabilizar. Aqui não temos encontros de placas, temos encontros de massas atmosféricas. Verdadeiros rios aéreos como cita o Professor Pedro Dias, diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) de Petrópolis, que nascem no nosso Oceano Atlântico. O mesmo Oceano tão de placas tectônicas adormecidas, mas de uma interação oceano-atmosfera altamente dinâmica e ativa, que  carrega um volume de água que chega a ser equivalente ao do Rio Amazonas, (...) e flutua sobre a Bolívia, o Paraguai e os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, podendo alcançar ainda Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, levando a maior parte das chuvas para todas essas regiões. E, apesar desta informação, ainda não as consideramos, as massas, como elementos de referência para a estabilidade dos nossos mundos tropicais. Porque se alguém está há espera de 2012 como o gran finale ficará desiludido. Nossos mundos estão se acabando aos pouquinhos...
Lá, país para lá de desenvolvido, há um sistema de alerta, Do sinal do sismógrafo para o alerta de Tsunami, pois não há como ter um alerta eficaz  para um abalo de um terremoto, são 15 minutos. 15 minutos. No Japão o alerta de Tsunami serve, além de outras ações, para você ir para uma região mais alta. Em Sendai eles tiveram 15 minutos. Parafraseando o  Lenine: O que você faria em 15 minutos com ondas a 1000 km/h, 16km/ min, aproximadamente 0,3km/s? .
Muito se criticou as autoridades e instituições serranas por não terem um sistema de alerta eficaz. Desde fevereiro fico pensando em como funcionaria este sistema de alerta calcada no horário em que as pessoas relataram do fato ao impacto das chuvas na região serrana. Para onde nós, da região das montanhas, iríamos? Estamos no alto!
O que quero levantar com estes questionamentos? A La Aziz Ab’Saber para termos uma tecnologia e educação ambiental eficaz para um sistema de alerta temos que ter uma práxis que leve em conta o  nosso sistema sócio-ecológico. Mais ecológico do que sócio. E enquanto não considerarmos que temos uma bacia hidro-aero-gráfica para fazer parte de nossos sistemas de tomada de decisão continuaremos a engulir que somos um país maravilhosoooo, porque não temos terremotos e tsunamis...
__________________________________________________________
Muito se criticou que aqui não tínhamos nenhuma preocupação com o nosso povo, que em países do 1º mundo não haveria as mortes que aqui ocorreram e que se fosse em outro lugar seriam mais de 1000 mortos...
Ledo engano.
Quando ocorre uma catástrofe não há como salvar toda a população como muitos assim imaginam.
Lá serão muito mais de 1000 mortos pois existem mais de 10.000 desaparecidos e não adiantou alertas para salvar-lhes as vidas.
O que ocorreu em nossa região serrana foi também devastador, é só verificarem as montanhas de pedras (de toneladas) que foram deslocadas, não se comparando, obviamente com terremoto e tsunami..
Mas como tudo neste nosso país o que vale é a espetacularização da desgraça, a apolitização da desgraça parecendo que o que interessa é puramente o debate político mesmo fora de ano eleitoral.
comentário de: Carlos C

Nenhum comentário: