quinta-feira, 7 de abril de 2011

Aécio Neves, um personagem a procura de um autor.

Por Rudá Ricci
Durante vinte minutos ele tentou. Tentou entabular uma agenda, um discurso oposicionista. Tateou um estilo civilizado, ponderado, equilibrado. Ficou com um roteiro tortuoso. Não de todo ruim. Mas pouco para um líder nacional. O que ainda nem amarrota o tapete vermelho por onde passeia Dilma Rousseff. Esta que tem a sorte de Lula e o estilo racional de FHC. Porque poucas vezes vimos alguém adotar medidas impopulares (salário mínimo, taxa Selic, corte de emendas populares, corte de obras para municípios) e aumentar sua popularidade, como ocorreu com ela.

É verdade que a grande imprensa a adotou. Mas o fato é que a oposição sumiu, consumida em seu próprio fogo. Vide Kátia Abreu, que de oposicionista viceral do DEM, virou meio-situacionista no PSD.
Mas, Aécio até que tentou. Seu maior golpe foi acusar o Palácio do Planalto de interferir em empresas privadas, como a mineradora Vale. Um tema, digamos, que não reverbera muito nos botequins e bodegas do país afora. Não sei nem se vale como canto de sereia para o alto empresariado. Desconfio que o canto de sereia continua sendo o PAC.

Tentou uma ou duas frases de efeito, como "o Brasil precisa de um choque de realidade que nos permita compreender a situação do país hoje", seja lá o que isto signifique. Outra frase de efeito foi que entre os interesses do país e os próprios, "o PT escolheu o PT". Será que aumentou a carga de adrenalina dos seus pares?

Apresentou duas propostas concretas: transferir rodovias federais para os Estados, com a contrapartida de ampliar a participação estadual nos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, cobrada sobre os combustíveis); e destinar mensalmente 70% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e do fundo penitenciário aos Estados. Não chega a ser um projeto de desenvolvimento, chega?

Enfim, ele tentou. Melhor que os outros, que ficam quietos.

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