segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

BC e suas armas contra o dólar

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira que uma eventual oferta de swap cambial reverso não incorreria em perdas para o governo porque as autoridades têm "certeza" de que não haverá valorização do real.
"É claro que qualquer operação tem algum tipo de risco, e nós temos que minimizar o risco", disse Mantega a jornalistas. "(Mas) como nós confiamos na trajetória cambial, isso minimiza o risco", acrescentou.
"Nós temos certeza de que não haverá uma valorização do real... Se não houver valorização do real e nós fizermos operação de swap reverso, não haverá perda. Pode até haver ganho, como até houve no período recente."
Os contratos de swap cambial reverso funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro pelo governo. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Mantega já havia dito nesta segunda-feira que as pessoas podem "esperar mais medidas no mercado futuro".
Resolução publicada nesta manhã no Diário Oficial autoriza o Fundo Soberano a realizar operações com derivativos cambiais. O texto foi visto por analistas como um passo prévio para a realização de possíveis leilões de swap cambial reverso.
Os leilões de swap cambial reverso eram usados pelo BC antes da crise financeira de 2008. As operações, no entanto, não conseguiram evitar que o dólar caísse a até 1,56 real em julho de 2008. O último leilão de swap reverso foi feito pelo BC em maio de 2009 e, atualmente, a autoridade monetária exibe posição neutra em swaps cambiais.
Analistas apontam que o principal efeito de um leilão de swap cambial reverso seria sobre a taxa de juro local em dólares, chamado "cupom cambial", que diminuiria após a operação. A oferta de swap reverso também deve provocar uma pressão de alta do dólar no curto prazo.
Nesta segunda-feira, o dólar teve leve alta de 0,12 por cento, a 1,688 real. Desde que a taxa de câmbio caiu na segunda-feira passada ao menor nível em mais de dois anos, a 1,651 real, a ameaça de Mantega de "infinitas medidas" no câmbio e a determinação pelo BC de um depósito compulsório para as posições cambiais dos bancos tem provocado a alta do dólar.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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