terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A recente invasão das "sardinhas" com a popularização do Homebroker

As sardinhas protagonizaram momentos muito peculiares nesse ano de 2010.
Traçando um breve perfil, sardinha é aquele investidor pessoa física que movimenta valores pífios, e que se assusta com quaisquer notícias negativas ou movimentos mais bruscos, além do péssimo hábito de comprar na alta e vender na baixa com prejuízos percentuais elevadíssimos. Mas é um indivíduo que alimenta um otimismo inabalável.
A sardinha acorda pela manhã antes de ir para o estágio ou faculdade e dá uma rápida checada nos famosos índices futuros americanos. Recordo-me de determinado pregão, que o Dow Jones futuro indicava queda de 0,5% aproximadamente, mas as ações preferenciais da Petrobrás indicavam alta por notícias positivas divulgadas nos dias anteriores.
Resultado: os ativos abriram com leve queda e já havia ordens mínimas de 1 ou 2 lotes de compra a preços 10% inferiores à abertura. Adivinhe quem foram os “autores”? Rapidamente os papéis foram se recuperando e ao longo do dia buscaram máximas atrás de máximas. Com certeza as sardinhas passaram o dia inteiro suspendendo as ordens até que já no final do dia, com o preço próximo da máxima, a compra foi finalmente efetuada.
Outra situação clássica: futuros sinalizando abertura em queda forte. A sardinha com seus poucos lotes de ações fica desesperada e lança uma ordem de venda num preço muito inferior ao do fechamento do dia anterior. A abertura do pregão acontece e o papel abre com queda de 5%.  Em questões de minutos, as sardinhas vendem seus ativos a preço de banana, para logo em seguida, os players e outros investidores mais ajuizados retomarem o controle das cotações, que passam a se recuperar vertiginosamente.
O mesmo com os leilões de fechamento:  a sardinha passa o dia inteiro sofrendo com as quedas dos seus ativos, mas sem deixar de acreditar na recuperação. Qualquer investidor sabe que em dias de quedas expressivas, os players vendem os ativos em bloco, ou seja, gradualmente, com as perdas se acentuando ao longo do dia. Pois é justamente nesse momento que a sardinha, cansada de sofrer, protagoniza cenas de terror no fechamento das cotações, momento no qual vende seus papéis nas mínimas do dia.
Nas altas, a sardinha costuma se atrasar para a festa e pegar as migalhas do bolo. Entra, em geral, nas sinalizações gráficas de ruptura de resistências e tendências, e não são poucas as vezes que as luzes se apagam e a sardinha ainda está procurando o prato e os talheres. Ainda mais que, sendo um inabalável otimista, costuma suspender as ordens de venda para ganhar alguns centavos a mais que nas conversas no barzinho com os colegas da faculdade renderão muitas estórias.
A sardinha tem um defeito difícil de corrigir: culpa os Estados Unidos, a Europa, o presidente, o ministro, as notícias, as empresas, mas nunca a si mesmo. A crença em sua imensurável capacidade de operar é inabalável. Muda de estratégia 2/3 vezes por dia – de acordo com os resultados de suas operações. Se perde na sua carteira de médio prazo, resolve viver de day trade, estabelecendo como meta 100 reais diários. Enquanto estiver ganhando, nada de day trades, afinal, o imposto é maior.
A melhor corretora é a mais barata e sem taxa de custódia e a estratégia mais eficiente é aquela que dá certo e que ainda é desconhecida.  Micos,  pelos baixos custos dos papéis, são alternativas de compra e dão aquela sensação de poder por conseguirem comprar mais de 1000 unidades. As sardinhas são destemidas: se metem em empresas falidas ou quase isso sem maiores preocupações.
Muitas sardinhas seriam reprovadas em um psico teste.
Artur Salles Lisboa de Oliveira.

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