quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mercado Cambial

BC usa compulsório para reduzir aposta em dólar baixo


Por Isabel Versiani e Ana Nicolaci da Costa
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central anunciou nesta quinta-feira a imposição de um depósito compulsório sobre as posições cambiais vendidas dos bancos, elevando o custo das apostas das instituições na queda do valor do dólar.
O novo recolhimento tende a contribuir para conter a valorização do real, que prejudica as exportações brasileiras, e seu anúncio ocorre dois dias após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter afirmado que o governo tem "infinitas medidas" para segurar o câmbio.
Ao anunciar o novo compulsório, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que o objetivo foi prudencial, uma vez que, ao longo de 2010, os bancos reverteram de uma posição comprada de 3,4 bilhões de dólares para uma posição vendida de 16,8 bilhões de dólares --a mais elevada da série, iniciada em 1994.
Uma posição vendida em dólar significa que o banco é devedor na moeda norte-americana, o que pode significar uma aposta na queda do seu valor.
Caso nenhum banco se disponha a ter de recolher ao BC o novo compulsório, que não será remunerado, a posição vendida do sistema cairá a 10 bilhões de dólares em três meses, quando começa a vigorar a medida, disse Mendes. Para a reversão das posições, os bancos precisarão comprar dólares, o que geraria uma demanda nova pela moeda norte-americana.
"Considerando apenas esse fator isoladamente, a princípio ele vai gerar alguma demanda por dólar. Ao gerar alguma demanda por dólar, tende provavelmente a fazer com que a cotação suba", afirmou Mendes a jornalistas.
O novo compulsório passará a valer em 4 de abril e os recursos serão recolhidos ao BC em espécie. O depósito será de 60 por cento sobre a posição que exceder o menor dos seguintes valores: 3 bilhões de dólares ou o patrimônio de referência dos bancos.
Para Roberto Padovani, estrategista-chefe do WestLB, a medida "não terá efeito massivo no mercado". "Medidas tendem a atenuar apreciação cambial, mas não reverter, é mais um estilingue. No final, continuamos submetidos aos agentes externos." 


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