quarta-feira, 4 de abril de 2012

BB deu partida a ofensiva para a redução dos spreads

Da Reuters
Por Aluísio Alves
SÃO PAULO, 4 Abr (Reuters) - O Banco do Brasil deu partida nesta quarta-feira à esperada ofensiva do governo para tentar reduzir os spreads bancários, reduzindo fortemente os juros de diversas linhas para empresas médias e para pessoas físicas. A notícia derrubava ações de instituições financeiras na bolsa paulista.
O programa do BB, batizado de "BOMPRATODOS", inclui a oferta adicional de 43,1 bilhões de reais, sendo 26,8 bilhões de reais para micro e pequenas empresas e 16,3 bilhões de reais para pessoas físicas.
Às 16h30, a ação do BB recuava 4,32 por cento, a 24,61 reais, perto da mínima até esse horário e apresentando a maior queda do Ibovespa, que caía ao redor de 1 por cento. A do Itaú Unibanco perdia 2,62 por cento, enquanto a do Bradesco tinha baixa de 2,21 por cento.
"Pelo ângulo do investidor, a notícia é ruim, porque isso sugere um aumento da concorrência e a queda das margens dos bancos", disse o economista João Augusto Frota Salles, da consultoria Lopes Filho.
No caso do varejo, a linha de financiamento para compra de veículos do BB, com crédito pré-aprovado e sem tarifas embutidas, terá queda de pelo menos 19 por cento, informou o banco. Para as linhas voltadas à aquisição de bens e serviços de consumo, os juros médios serão reduzidos em 45 por cento.
Para beneficiários do INSS, as taxas do crédito consignado serão de 0,85 por cento a 1,8 por cento ao mês. Aos clientes que recebem salário no BB será oferecida linha de rotativo do cartão de crédito com taxa mensal de 3 por cento. Atualmente, a taxa média é de 12,25 por cento ao mês.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Indignação, nunca.

Por Mino Carta



The New York Times na segunda 5 publicou com destaque uma reportagem sobre a situação dos cidadãos brasileiros enxotados de suas moradias por se encontrarem no caminho das obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A história não envolve somente o Rio, mas também outras cidades-sede do Mundial de Futebol. CartaCapitaldenunciou as remoções forçadas na edição de 20 de abril do ano passado. Poucos dias depois, a Relatora Especial da ONU, Raquel Rolnik, denunciou as autoridades municipais envolvidas na operação, que desrespeita a legislação e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para a defesa dos direitos humanos.
Já então a relatora apontava diversas violações, “todas de grande gravidade”. Multiplicaram-se de lá para cá, inexoravelmente. Maus-tratos generalizados, “zero dias” de tempo para deixar a moradia, 400 reais de “aluguel social” enquanto o enxotado espera ser contemplado por algum demorado plano de habitação. Antes do diário nova-iorquino, nos últimos tempos levantaram o assunto outros jornais e sites estrangeiros, como The GuardianEl País, o Huffington Post.CartaCapital voltou a tratá-lo em janeiro passado, com uma larga reportagem assinada por Rodrigo Martins e Willian Vieira, intitulada “Os retirantes das favelas” para focalizar, entre outros aspectos, uma das consequências das remoções forçadas.
E a mídia nativa? Não foi além de raros e ralos registros. Para saber das coisas do Brasil, recomenda-se amiúde recorrer à imprensa estrangeira. Ou melhor, seria recomendável o recurso. No mais, vale reconhecer, a mídia tem sido eficaz na manipulação das informações quando não na omissão dos fatos, de sorte a se fortalecer na convicção de que eventos por ela não noticiados simplesmente não se deram. É o resultado inescapável do conluio automático, tácito, instintivo eu diria, que se estabelece entre barões midiáticos e fiéis sabujos quando consideram ameaçado seu desabusado apreço pelo status quo.
Encarada deste ângulo, é mídia de mão única, daí a eficácia da doutrinação. E esta, de certa forma, transcende as expectativas, pois os próprios doutrinadores se tornam doutrinados, ao acreditarem, eles mesmos, na situação definida por aquilo que relatam ou deixam de relatar. Não é necessário espremer as meninges para perceber o quanto o Brasil emburrece, não bastassem as taxas de ignorância atingidas por nosso ensino em todas as suas instâncias. Este que escreve tem a frequente oportunidade de constatar que os nossos universitários, em diversos rincões, ignoram a história recente, e nem se fale da antiga, salvo surpreendentes exceções.
A aposta, no entanto, é esta exatamente, na ignorância da plateia, e nela se afogam em perfeita concomitância os jornalistas e seus patrões, em proveito do “deixa como está para ver como fica”. Certo é que o caminho das obras da Copa e das Olimpíadas se escancara com o sacrifício de incontáveis cidadãos para a felicidade de empreiteiros, políticos e quejandos. Quanto aos enxotados, disse cidadãos, mas terão eles consciência da cidadania? Vexado por uma opção fortemente populista, haverá quem consiga abrir os olhos para assistir ao assalto aos cofres públicos, de proporções nunca dantes navegadas. A maioria, entretanto, mais uma vez ou não enxerga ou se resigna, como se o enredo estivesse escrito nas estrelas.
A indignação não é uma característica dos humores verde-amarelos, genuína manifestação da alma brasileira. Aceitamos que Ricardo Teixeira permaneça incólume à testa da CBF, ou que as denúncias formuladas no livro do repórter Amaury Jr. a incriminarem José Serra candidato à prefeitura de São Paulo sejam letra morta, ou que a Operação Satiagraha seja sumariamente enterrada a bem do onipresente orelhudo, o banqueiro Daniel Dantas, aparentemente sem o menor abalo nos precórdios, ou apenas e tão somente porque privados das condições mínimas para entender o significado disso tudo.
Neste pântano a mídia nativa chafurda, em meio a uma pretensa redemocratização em um país que jamais conheceu a democracia, vincado por desequilíbrios sociais ainda monstruosos, incapaz de apagar de vez uma dita Lei da Anistia imposta pela ditadura e entregue a uma chamada Justiça destinada a proteger os ricos.

terça-feira, 27 de março de 2012

Eduardo e Mano Brown. Os principais personagens do RAP nacional.

Eduardo é a mente mais inteligente do RAP nacional.

Brown, apesar da habilidade com as palavras e de ser, ao meu ver, um poeta, não tem um terço do conhecimento intelectual que o Eduardo tem.

Brown conhece as conseqüências, mas tem a visão clichê da causa. Um discurso chavão.

Eduardo possui um rico vocabulário (o que só se adquire com muita leitura) e o principal para ser um MC: a visão do lado de dentro da periferia. Sabe na prática e no cunho teórico as conseqüências e a causa do descaso e da exclusão social e educacional.

Eduardo e seu parceiro Dum-Dum, assumiram, artisticamente, uma postura que resulta em aversão à sua arte. Sim, porque, acima de tudo, o RAP, seja ele como for cantado ou interpretado, é uma expressão artística.

Essa postura rotulada “violenta” causa um pré-conceito sobre o conteúdo das suas letras, e – arrisco dizer – um distúrbio sobre a conclusão e os objetivos das mensagens em cada música.

Quando se diz:

“Vejo o crucifixo tornando o oprimido pacífico. A fé em dose cavalar anula o espírito de guerra (...) só essa tese explica a ausência de um grupo guerrilheiro com bomba incendiaria pra libertação de presos. È um milagre o Carrefour não ser saqueado; as arvores do Ibirapuera não ter rico enforcado”.

Chegar à conclusão que usa-se metáforas e analogias, na letra acima, pra explicar a letargia de uma  população humilde e religiosa  para com essa exclusão e descaso social,  é preciso de um discernimento despido de qualquer agressividade irracional e possuir um senso critico racional para que não se confunda a agressividade expostas nas letras (que tem relação direta com a realidade urbana) com incitação ou apologia a tal.

De fato o que chama a atenção ao grupo Facção Central, a principio, é a postura violenta e agressiva com letras carregadas de “sangue” e “cadáveres”, mas o conteúdo intelectual que compõe essas letras – exclusivamente as do Eduardo – é algo que os diferem dos outros grupos de RAP do cenário nacional. 



sábado, 17 de março de 2012

A derrocada do Grupo Abril

Por Gustavo Gindre:
Na década de 90, dois grupos empresarias brasileiros despontavam entre os principais grupos de mídia da América Latina. Depois da Globo, o outro grupo brasileiro era a Abril.

Desde então, a Abril Midia é uma coleção de fechamentos e venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.

Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis, elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de convergência que vivemos.
/>
Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.

Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.

Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.

E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja, inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire milhares de assinaturas.

Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com certeza já se esvaiu quase todo.

PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se  estreita, os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação privada que eles irão viver. 




**************************************************************



Robert(o) Civita herdou do pai, Vitor Civita, a maior editora da América Latina.

Robert(o) Civita tentou fazer televisão e perdeu.

A TV Abril não deixou vestígio.

Robert(o) Civita tentou fazer tevê a cabo e perdeu.

(Como ele vendeu a TVA à Telefonica, beneficiada na Privataria Tucana, é um capítulo que se esclarecerá na História do PiG (*) e, talvez, do PSDB.)

Robert(o) Civita tentou fazer internet e foi engolido pelo Luizinho Frias, do UOL.

Tudo o que ele tentou fazer além do que recebeu do pai foi um retumbante fracasso.

Como diria ele, que pensa que só ele sabe falar inglês, Robert(o) Civita é o que nos Estados Unidos se diz, de forma devastadora, um “loser”. 

Um perdedor.

A editora que herdou do pai é outro retumbante fracasso.

Metade da receita publicitária da Abril se origina na Veja, que, como se sabe – clique aqui para ler ”Tiragem da Veja é um grampo sem áudio“  – caminha para o buraco.

Esta informação se obtém do perfil publicado neste fim de semana pelo Valor.

Em que se sabe que Robert(o) se considera um gênio.

Que foi ele, por exemplo, quem fez a Veja.

Como é conhecimento do mundo mineral, quem fez a Veja, quando podia ser lida, foi o Mino Carta.

O Robert(o) lia a Veja na segunda feira, depois de impressa, porque o Mino não deixava ele dar palpite ANTES de a revista rodar.
Ele também diz ao Valor que salvou a Veja, logo no inicio, de um sócio que queria fechá-la, tal o prejuízo.

Quem salvou a Veja, conta o Mino, exaustivamente, foi o pai, Vitor.

Que ele ia ser um físico.

Depois, tornou-se um expoente da redação da Time, em Nova York.

(Do que não se tem notícia …)

Ia fazer carreira no Hemisfério Norte e no Japão, mas o pai o dissuadiu a tocar os negócios com ele.

Foi uma tragédia, ele diz:

“Voltar ao Brasil em 1958 era voltar no tempo … mesmo … mesmo”, lembra-se. “Comparando o Brasil com Hemisfério Norte, com Estados Unidos, Japão, Europa, era como pegar uma espaçonave e viajar no tempo. Aqui era muito mais atrasado. Estou na vanguarda e vou voltar 30 anos !”, teria dito ao pai.

Ele e a Veja continuam a achar isso até hoje.

Mas, os donos do PiG (*) pensam  a mesma coisa.

Os herdeiros como ele: os filhos do Roberto Marinho, que não tem nome próprio, os do “seu” Frias, os Mesquita, que terceirizaram o Estadão.

Para eles, isso aqui é uma mixórdia.

A diferença entre Robert(o) e os outros herdeiros é que os Mesquita, os Frias e os Marinho fazem parte da elite.

Ficam lá em cima, no topo.

Da elite política.

O Robert(o) Civita achou que ia chegar aqui se tornar o rei da cocada preta.

E perdeu.

Ela não entrou na turma.

É um outsider.

Por isso, além de militar no Golpe do PiG (*), ele contém um ressentimento adicional: ele perdeu.

Nos bons tempos antes da internet, o Padim Pade Cerra e o Fernando Henrique davam tres telefonemas e se blindavam: ao “seu” Frias, ao Dr. Roberto (Marinho) e ao Ruy Mesquita.

Não precisava ligar para o Robert(o).

O Robert(o) vinha no bolo.

Tudo o que o Robert(o) queria ser na vida era se transformar no Henry Luce do Brasil.

Henry Luce, o dono do Time e da Fortune.

Luce mandava.

Luce fazia a politica externa americana para a China.

Luce era o pai do Chiang Kai-shek

A mulher do Luce foi ser embaixadora dos Estados Unidos na Itália, para administrar o Plano Marshall e não deixar os comunistas tomarem o poder.

O Murdoch, convenhamos, o Robert(o) jamais imaginou que pudesse ser.

O Robert(o) aos poucos tira o time da família da Editora Abril.

E se encaminha para as ilhas gregas e o negocio da Educação.

Conseguirá, finalmente, vencer ?

A Veja, que se transformou num detrito de maré baixa, não tem conserto.


Paulo Henrique Amorim

O nariz de palhaço...

Por Pimon:

O brasileiro dedica 08 horas por dia ao Facebook e lá faz amizades tão virtuais quanto um filme na TV. Amizades .. de verdade…. virtuais.
A verdadeira, ela é complicada demais.
Política, 05 minutos para ler as “notícias” da Globo.
E, quando zangado no bolso, sai às ruas e coloca um narizinho de palhaço.
Pensa que resolve algo, mas, ao contrário, dá esteio a quem os levou a tal situação.
O RS é exemplar.
O Rio Grande do Sul vem registrando, nas últimas décadas, uma diminuição nos índices de investimentos com recursos próprios, devido às dificuldades financeiras que afetam as contas públicas do Estado. Em 2009, por exemplo, investiu 3,83% da receita líquida real, enquanto a média dos demais estados foi 15,1%
O RS faliu (FALIU) com os governos tais e quais.. e o gaúcho, ou na RBS ou no Facebook.
Hoje ele pode reclamar, será ouvido, claro!
O inimigo dos 1/2 de comunicação foi eleito e deverá ser responsabilizado…. a RBS, hoje de oposição, quer te ouvir, gaúcho!
HOJE!
Depois de eleger dos “teus” novamente, tua voz será dispensável. Voz e imagem.
O gaúcho porá tudo a perder, mais uma vez.
Bota o narizinho de palhaço….. bota.
O brasileiro já foi mais esperto… hoje só restou o narizinho de palhaço.
Que SÓ aparece quando é útil…. a eles, eternos donos do poder na AL.

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Cães de Guerra"

Por Fernando Brito
O presidente Barack Obama disse que a morte de 15 afegãos – entre eles, nove crianças e três mulheres -assassinados por um soldado americano no Afeganistão, é um incidente “trágico e chocante”.
Não é chocante, embora seja trágico.
Porque ninguém mais pode se chocar depois do enésimo episódio de abuso violento de tropas americanas.
Não é um louco isolado, como pode surgir em Realengo, na Noruega ou lá no Oriente.
São episódios que se repetem, com uma brutalidade em série, e em crescendo.
Porque Afeganistão e Iraque não são guerras entre exércitos regulares, mas massacres.
É inútil o presidente Barack Obama dizer que esta chacina “não representa a qualidade excepcional de nossa força militar e o respeito que os Estados Unidos têm para com o povo do Afeganistão”.
Se respeitassem os afegãos, já teriam saído de lá, ainda mais agora que a “desculpa” Bin Laden já não existe, faz tempo.
Não teriam bombardeado o país durante anos, sem que nem mesmo houvesse uma força de resistência organizada, mas apenas pequenos grupos dispersos e mal-armados.
Não teriam cometido humilhações e violações, das quais a incineração de exemplares do Corão, há poucos dias, foi o corolário de um processo de desprezo pela cultura, pelas tradições e pela fé dos afegãos.
Não teriam, sobretudo, reservado a mais rápida e severa punição para o soldado Bradley Manning, cujo “crime hediondo” foi revelar algumas destas barbaridades.
Dizer que o soldado assassino sofreu “uma crise nervosa” é patético. Quem está em crise, profunda, são os valores universais da autodeterminação dos povos.
A “loucura” é da guerra, os “cães de guerra” são apenas sua expressão mais crua.

domingo, 11 de março de 2012

Reino Universal da Mercadoria

O primeiro desvio civilizacional que salta aos olhos é a mercantilização generalizada do humano.
 
O capitalismo instaurou o reino universal da mercadoria. Ao transformar a própria força de trabalho humano em mercadoria, esse sistema coisifica as pessoas e personifica as coisas. Mas o fato novo cada vez mais devastador é que nada de humano escapa à ditadura das finanças: tudo deve ser feito em função do lucro.

Nesse frenesi mercantil também figura outra tendência mortífera: a desvalorização tendencial de todos os valores. Kant formulou-a em termos morais: reconhecer dignidade ao ser humano é admitir que ele “não tem preço”; que tudo seja submetido a uma avaliação em termos de dinheiro institui uma falta de dignidade geral.

O preceito é verdadeiro não apenas no âmbito moral, mas também cognitivo, estético, jurídico: sem valores legítimos que atuem “por si mesmos e sem restrição”, não há mais humanidade civilizada. Esse drama é vivido cotidianamente: a verdade, o justo, o digno são alvos de depreciação e zombaria. 

A ditadura do rentável conspira para a morte do inestimável, do desinteressado, do gratuito. Estamos no limiar trágico de um mundo onde o ser humano não vale mais nada. 

Sobre essa involução, observa-se um terceiro elemento de gravidade capital: o incontrolável esvaziamento de sentido.

Involução nova, pois por muito tempo o capitalismo teve sentido: apesar de explorador, fez a humanidade progredir. Porém, com a irrupção da economia financeira, forma desumanizada e extrema da riqueza, entramos na era do nonsense universal: a acumulação de capital é cada vez mais sem fim nos dois sentidos da palavra fim.

A morte do sentido – propagada por todas as partes pelo curto prazo selvagem do retorno sobre o investimento – impede qualquer projeto humano de respirar. Essa é a razão pela qual a economia financeira é o fenômeno convulsivo de um “não mundo”, em que o absurdo tende a invadir tudo com seu comparsa, o fanatismo religioso.

E essa miopia estrutural se agudiza justamente quando as enormes potencialidades que o gênero humano começa a alcançar exigem a reflexão sobre o futuro.

Escapando de qualquer domínio coletivo, na carência colossal provocada pela substituição da democracia pela ordem do privado, nossas criações materiais e espirituais tornam-se forças cegas que subjugam e oprimem – alienação sem limites perante a qual qualquer G8 é insignificante. 

Daí esse sentimento compartilhado de uma humanidade sem piloto que se aproxima inexoravelmente do muro – muro ecológico, tanto quanto antropológico. Se o gênero humano começar a se degenerar, o Homo sapiens terá a mesma sorte. Estamos caminhando ladeira abaixo, prontos para acelerar.

(Não consegui identificar o autor)

domingo, 4 de março de 2012

Serra e São Paulo: Uma pagina em branco

Entre a campanha presidencial de 2010 e a decisão de candidatar-se à Prefeitura de São Paulo, José Serra foi colunista de jornal. Escreveu 21 artigos em "O Estado de S.Paulo" e dez em "O Globo". A íntegra desses artigos está no seu site (www.joseserra.com.br), onde também se encontram discursos feitos em encontros partidários de que participou nesse período, comentários sobre a conjuntura e um artigo sobre goleiros publicado pelo jornal "Lance!".
Os artigos revelam o ex-candidato à Presidência da República, o ex-senador e, eventualmente, o ex-governador do Estado de São Paulo. Em nenhum momento, porém, avoca sua experiência de um ano e três meses frente à prefeitura da capital.
São textos fluidos e ácidos com raras concessões ao lirismo, como no texto em que revela sua simpatia pelos goleiros: "Vê seu time sempre pelas costas e o adversário pela frente. Trabalha com as mãos no esporte dos pés".
Faz revelações de sua infância ao rememorar os 50 anos da renúncia de Jânio. Sua mãe entusiasmou-se pela campanha do tostão contra o milhão. As mulheres consideravam Jânio um político diferente dos outros. O jovem Serra também. Achava que havia feito um bom governo em São Paulo, "operoso e sem escândalos" e, por isso, tinha lhe dado o primeiro voto de sua vida. O pai era contra por sua gestão na prefeitura, quando os fiscais cobravam caixinha dos feirantes do Mercado Municipal.
Serra fez duas estreias. Na imprensa começou com um "Oposição para quê?", em que faz referências não tão veladas à proeminência que o senador Aécio Neves havia adquirido no partido. Diz que o PSDB não sabe fazer oposição e considera razoável o eleitor imaginar que "não sabe governar quem não sabe se opor". Sugere os 10 Mandamentos como cartilha para a oposição e sugere o 11º: "Não ajudarás o adversário atacando teu colega de partido".
Faltou São Paulo nos artigos de José Serra
Ao abrir o site, em um pequeno artigo com o título "Minha primeira vez", cita um conto de Machado de Assis: "As palavras têm sexo, unem-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas chama-se estilo".
Na internet e nos jornais o que predomina são os textos de crítica ao governo federal. Desindustrialização, câmbio e infraestrutura são os temas econômicos mais frequentes. Recorre à terceira colocação do Brasil no índice do Big Mac mais caro para fazer suas críticas ao câmbio sobrevalorizado. Reclama de uma política mais agressiva para o turismo, capaz de competir pelos R$ 16 bilhões que os brasileiros gastaram em 2010 no exterior.
Considera o trem-bala "o pior projeto da história" e diz que as concessões petistas das rodovias federais "não foram "a preço de banana", foram de graça mesmo" para concluir que "a pior ideologia é a incompetência".
Faz um único elogio à política econômica, reservado ao site. Quando o Copom baixa meio ponto da Selic defende a credibilidade do Banco Central e o direito de a presidente conversar com seus diretores e ministros da área econômica sobre os rumos da política monetária.
Volta e meia analisa a economia internacional. Diz que o Euro foi o "maior erro de política econômica em escala internacional na segunda metade do século XX".
Faz críticas recorrentes a corrupção e a loteamento de cargos, queixa-se dos rumos da reforma política e do que avalia como abandono do tema dos direitos humanos na política externa. Faz um artigo sobre saúde, relembrando sua atuação no ministério e defendendo a vinculação de recursos. Já este ano escreveu um artigo sobre o Enem em que critica a iniciativa petista de tentar mudar a forma de ingresso nas universidades transformando-o num vestibular gigantesco e mal administrado.
Nos 12 meses em que escreveu Serra não falou do transporte público, das creches, das AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais) ou da limpeza urbana da cidade de São Paulo.
Ele avisara, ao estrear como articulista, que estaria ocupado com o "futuro do Brasil e dos brasileiros". Na carta que entregou ao diretório municipal do PSDB reconheceu que os 44 milhões de votos que recebera em 2010 lhe estimularam a voltar sua atenção a questões nacionais.
Em sua primeira entrevista como pré-candidato, Serra disse que apresentava sua postulação por "necessidade política e por gosto de ser prefeito".
Se nem ele nem seu partido acreditavam ter alternativa, foi efetivamente por necessidade que resolveu se apresentar. Mas que a prefeitura mobiliza seus gostos não havia como adivinhar.
Esta é, no PSDB, uma das principais preocupações de sua campanha. Serra terá, provavelmente, a vantagem de liderar a mais robusta aliança partidária da sucessão paulistana. Além disso, conta com o histórico eleitoral de uma cidade que favorece candidaturas de centro-direita. Apesar disso tudo, porém, esta deve ser uma campanha mais difícil do que aquela em que venceu Marta Suplicy em 2004.
Naquele ano Serra ainda tinha fresco na memória do eleitor a passagem, havia dois anos, pelo Ministério da Saúde, quando fez uma gestão inovadora.
Agora já se passaram dez anos desde que deixou a Saúde. A avaliação é que lhe faltam marcas e sobram desgastes acumulados numa polêmica campanha presidencial. Aquilo que fez na rápida passagem pela prefeitura acabaria sendo creditado na conta de Gilberto Kassab, que ruma para concluir seu segundo mandato no posto. Também é difícil evitar que o que restou de sua administração como governador de Estado durante dois anos e três meses não se diluísse nos mais de sete anos que Geraldo Alckmin já acumula no cargo.
Até pode ser verdade, como diz Serra, que na eleição paulistana disputam-se os rumos da política nacional, dado o peso que os dois principais partidos do país jogam na parada. Mas não parece tão claro que a mão inversa funcione com a mesma fluidez. A blindagem do regime sírio, o futuro do euro, o nó cambial, o loteamento da Funasa ou a reforma política talvez tenham pouca influência sobre o voto paulistano.
Não que se deva esquecer o que escreveu. Há muitos momentos de lucidez nos artigos de Serra. A questão agora é preencher a página de São Paulo que ficou em branco.
Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras no Valor Econômico.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A riqueza abstrata

O consumismo é apresentado como um vício moral originário da tentação que expulsou Adão e Eva do Paraíso. Mas essa patranha moralista e inconsequente esconde a deformação do desejo promovida por um sistema social e econômico que se encarrega de “criar” necessidades e de ajustá-las ao impulso incontrolável de ampliar o espaço em que se realiza o desejo maior, a acumulação de riqueza abstrata.


(Luix Gonzaga Belluzzo)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Petrobrás?

Açúcar ou Etanol?
Açúcar.
Menos OFERTA de Etanol. Aumento de preço.
Etanol ou Gasolina?
Gasolina.
Aumento de DEMANDA. Petrobrás importa barris pra suprir esse aumento.
Cotação la fora maior que o preço praticado internamente pela Petrobrás.
Governo não deixa aumentar a Gasolina NA REFINARIA.
A Petrobrás fica ainda mais vulnerável ao câmbio e as instabilidades no mundo Árabe (que afeta diretamente a cotação do petroleo).
Absorve esses custos e prejuizos.
O que afeta seus resultados.
Os especuladores abandonam o barco (ações) e…………
FONTE: PIMON