terça-feira, 23 de agosto de 2011

Zigmunt Baumant

"A nossa modernidade tomou o caminho inverso de manter o desejo não somente vivo, mas de expandi-lo e torná-lo mais intenso [...]. Um dos documentos fundadores da era moderna, a Declaração Americana da Independência, proclamou a 'perseguição da felicidade' como um direito humano universal e inalienável. [...] Na vida moderna, incitada e impulsionada por desejos, a busca da felicidade tem sido identificada com o crescimento do consumo. O resultado é o consumismo: algo mais do que apenas 'consumo', que tem sido a condição natural não apenas dos humanos, mas de toda e qualquer vida. 'Consumismo' significa o desenvolvimento de outra ideia e uma preocupação humana bastante comum com o consumo elevado à categoria de filosofia total de vida, e uma estratégia de vida abrangente, ambas moldando o mundo como um contêiner lotado de possíveis bons consumidores [...]. A necessidade normal de consumo, comum a todos os organismos vivos, se transformou no motor da sociedade moderna: agora, a sobrevivência e a perpetuação da sociedade moderna tornaram-se dependentes do aumento contínuo dos desejos de consumo e da intensidade de compras. É por isso que o atual colapso dos bancos de crédito representa um verdadeiro desastre. Ele atinge o cerne do consumidor, da sociedade consumidores e da cultura consumista. A crise atual não é apenas a questão (temporária?) queda do consumo, mas da própria sustentabilidade do consumismo."

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