quinta-feira, 7 de julho de 2011

A ironia da oposição que sempre aposta na falta de memória brasileira.

Sou totalmente contra a utilização de recursos públicos, através do BNDES, para salvar, isso mesmo, salvar o grupo Pão de Açúcar sob o pretexto de, com a fusão com o Carrefour, criar um grande player mundial e abrir as portas para a exportação de produtos brasileiros.


A França é um dos mercados mais fechados no mundo e não é com uma participação minoritária que o Brasil vai adquirir regalias nesse sentido.


Mas, a partir daí, a oposição montou nesse "cavalo manco" e vem usando  todos os ganchos para ludibriar a opinião pública omitindo (propositalmente?) os métodos de investimentos do BNDES na época em que o PSDB era governo.


Uma ironia e cara de pau sem igual.





Por Paulo Henrique Amorim:


Chega a ser irônico que os tucanos estejam falando em CPI sobre a possível participação do Bndespar na operação de fusão do Pão de Açúcar com o francês Carrefour. A autoridade moral do tucanato, neste assunto, está abaixo de zero.


Primeiro, seria o primeiro caso de investigação em CPI de um negócio que pode ou não acontecer.


Mas desconsideremos esta “inovação jurídica” e lembremos do que os tucanos fizeram com o BNDES.


Usaram o dinheiro do banco – dinheiro do Tesouro, não o da empresa de participações, como agora -  para financiar a compra de nossas estatais.


O grupo americano AES pegou todo – isso mesmo, todo! – o valor que pagou para comprar a Eletropaulo no BNDES em 1998, sob o governo do festejado FHC. Foram duas as operações, num total de R$ 2 bilhões. Para assumir  controle e a gestão da companhia, a AES recebeu o equivalente a US$ 900 milhões. Apenas um dia epois,  pediu e ganhou mais US$ 1,1 bilhão para comprar o restante da empresa, que era dos franceses da Light e concentrar tudo no grupo controlador AES.


Não pagou a dívida  e forçou o BNDES a converter em ações e debêntures US$ 1,3 bilhão de dívidas. E, perdoar, casso a empresa honrasse, daí em diante, os juros e multas de mais de R$ 560 milhões.


Isso foi, aliás, uma das últimas contendas entre Leonel Brizola e integrantes do recém instalado Governo Lula. Aliás, parte do governo, inclusive a então Ministra de Minas e Energia, tinha ganas de retomar a empresa e só não o fez por uma avaliação de que a estatização de uma empresa americana ia detonar um movimento “terrorista” da direita muito ruim para a estabilidade do Governo.


A AES pegou dinheiro público para comprar o que já era nosso,  chantageou ou governo e ameaçou deixar entrar em colapso o fornecimento de energia a São Paulo. Extorquiu os consumidores, obrigando-os a assinar termos de reconhecimento de dívidas atrasadas – sem validade, segundo a lei – sob ameaça de corte de luz, demitiu metade dos empregados, enviou centenas de milhares de dolares para a matriz – que andava mal das pernas – e investiu muito pouco na qualidade dos serviços.


O PSDB topa colocar os dois negócios na balança, mesmo que um deles ainda não esteja concretizado? Vamos ver onde é que tem cheiro de maracutaia. Vai ser muito bom. Vai ser muito esclarecedor para a população ver como eram os negócios de Estado na gestão Fernando Henrique.

Nenhum comentário: