sexta-feira, 24 de junho de 2011

Nós, os 55 milhões de ignorantes.

ELIANE CANTANHÊDE
Saindo das cordas
BRASÍLIA - Parece sina: Dilma vive enroscada com a antipática palavra "sigilo". Primeiro, o sigilo dos negócios do homem forte de seu governo, depois o sigilo eterno dos documentos oficiais, enfim o sigilo nos contratos de obras para a Copa e para a Olimpíada.
Presidentes, porém, têm caneta, recursos e "Diário Oficial". E Dilma aprendeu com o padrinho que é melhor isolar as crises políticas como assunto de minorias e ir tocando o barco, ou melhor, os governos.
Por isso, Dilma foca as faixas de baixa renda, que nem sabem quem é esse tal de Palocci, e as classes médias, que, se ouviram falar em Palocci, Código Florestal e sigilos, não deram tanta bola assim. O importante é o que bate no bolso.
No setor de telecomunicações, Dilma vai anunciar na próxima semana telefone fixo a R$ 9,50 (sem o ICMS) para a baixa, baixa, baixa renda, telefones individuais e orelhões para a área rural e banda larga a R$ 35. Só coisa boa.
No de atendimento médico, a ANS (Agência Nacional de Saúde) deu um chega pra lá nos planos de saúde, definindo prazos para consultas, que eram a perder de vista.
No de educação, a presidente anunciou 75 mil bolsas de estudo para alunos de graduação e de pós-graduação e entregou, toda sorridente, medalhas para campeões da olimpíada de matemática.
No de moradias, a União doou 200 mil m2 em terrenos para projetos de interesse público em Minas Gerais e no Paraná, a maior parte para casas populares.
Então, que Palocci que nada! Crise com a base aliada, o que é isso? Documentos sigilosos, eu, hein?!
É assim que Dilma vai deixando o episódio Palocci para trás, contando com Lula para controlar o PT, jogando as negociações políticas para Ideli Salvatti e se reservando para dar boas notícias a quem interessa de fato -e dá retorno.
Agora, é torcer para não haver outros casos Palocci voando por aí. Senão começa tudo de novo.
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Seja bem vinda a política senhorita.
A oposição, seus compadres e comadres, tentam se agarrar no que sobrou do caso Palloci.
Enquanto nós, 55 milhões de ignorantes, nos beneficiamos com subsídios em setores voltado à populares de baixa renda.
Quem é Palloci?
É parente de Erenice?
A sina cultural, brasileira, de ser esperto.
Tiremos da cesta os frutos contaminados e fiquemos com o que interessa.
Somos 55 milhões de ignorantes formados pelo monopólio midiático, mas que hoje, depois de anos, graças a internet, conhecemos suas arte manhas.
Ainda bem....

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