sábado, 23 de abril de 2011

Custo de energia + (US$1=R$1,56) = Fuga de empresas

Por Luis Nassif
O câmbio apreciado começou com FHC e continuou com Lula. Em pelo menos dois momentos - 2003 e 2008 - o Sr. Crise veio em seu socorro, permitindo a desvalorização. Mas Lula se incumbiu de trazer o câmbio de volta ao patamar da não competitividade.
Agora, o custo da energia - somado ao do câmbio - é obra seminal de FHC, talvez a pior parte de sua herança. O modelo de privatização do setor elétrico foi um desastre percebido de imediato - na crise eo apagão -, mas mortal a médio prazo, ao tirar a competitividade do setor eletrointensivo no país. A reforma conduzida por Dilma corrigiu parte dos problemas, mas apenas parte. Não havia como reverter totalmente oe estragos produzidos.

Energia cara tira indústrias do Brasil

Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e preferem investir em outros países, como o Uruguai

22 de abril de 2011 | 22h 30
Karla Mendes, da Agência Estado
BRASÍLIA - O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.
Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.
Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.
A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada" pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.
A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.
Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu (BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e Tobago.
Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça. A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.
Outro agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio em 2012.
"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.
Por alexis
ENERGIA / PROCESSAMENTO MINERAL
A utilização de energia nas indústrias de mineração apresenta o seguinte quadro:
1. Evolução do preço: USc$1 a 2/kWh (um centavo de dólar o quilowatt hora, nos anos 70)
                                  USc$2 a 4/kWh (na década de 80);
                                  USc$5 a 7/kWh (na década de 90);
                                  USc$10 a 12/kWh (em recentes projetos de mineração)
Ou seja, as usinas deveriam procurar gastar cada vez menos energia nas suas operações
2. O custo da moagem equivale a quase 40% do custo total de energia nas usinas de mineração (agravado pelo uso de moinhos SAG e pelos circuitos fechados de moagem);
3. O custo de bombemento de polpa equivale a quase 25% do custo total de energia nas usinas de mineração (agravado pelo excesso de cargas circulante dentro das usinas)
4. Com minérios cada vez mais pobres, mais tonelagem deve ser moida, nas usinas de mineração, para gerar a mesma quantidade de concentrado. Erradamente, ao meu ver, são utilizados sistema de moagem SAG (moinhos semi-autógenos, de enorme diâmetro), que consomem muito mais do que os sistemas convencionais de moagem. Outro erro, é de moer tudo muito finamente, e gastando muita energia, esperando separar a ganga na última hora, já nas operações caras de concentração (ex. flotação). Ainda, é clássica a utilização de circuitos fechados, onde  a massa reciclada é muito maior que a massa nova alimentada à usina
5. Projeto recente premiado pela Revista Minérios & Minerales (projeto Pedra de Ferro, da BAMIN), demonstrou que era possivel moer mais grosso (consumindo 1/3 da energia utilizada em sistemas convencionais), levando o consumo de energia de 10 kWh/t para menos de 3 kWh/t. A drástica redução das cargas circulantes levou o custo de bombeamento de polpa para menos de 1/3 em relação ao projeto original (quando eram usados circuitos fechados)
Em resumo: Não adinata chorar pelo preço da energia, mas as usinas deverão começar a racionalizar melhor o seu consumo.

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